quinta-feira, 30 de abril de 2015

SER CAPAZ DE PERMANECER E DE TER RAIZ EM SI MESMO(A)

Missa do 5º. dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 9,26-31; 1João 3,18-24; João 15,1-8.

            Nos caminhões, nas floriculturas ou nos viveiros que vendem mudas de árvores frutíferas, normalmente encontramos propagandas do tipo: “Jabuticabeira já produzindo!” Essa é a questão: “Já produzindo!” Para uma geração como a nossa, que vive sob a dinâmica da pressa e do imediato, não tem sentido plantar uma árvore que demore 25 anos para crescer e começar a produzir frutos. Queremos os frutos já, agora, para nós e não para os outros que vierem depois de nós! Estamos tão adoecidos pelo individualismo que nos tornamos incapazes de cultivar algo que não será desfrutado por nós, mas para os que vierem depois de nós.
            Sabemos que nas últimas décadas, a produção de alimentos foi acelerada. Os hormônios embutidos na ração dada aos animais fazem com que eles estejam prontos para o abate em 45 dias, coisa que antes demorava de dois a três meses. Os defensores do “já produzindo!” alegam que a humanidade cresceu muito e é preciso acelerar a produção de alimentos. Desse modo, a maioria dos alimentos chegam à nossa mesa “incrementados” com hormônios, agrotóxicos ou modificados geneticamente. Isto certamente tem um custo para a nossa saúde...
            No Evangelho que acabamos de ouvir, Jesus também fala da importância de produzirmos frutos. No entanto, o nosso fruto não pode ser forçado, não pode ter um gosto artificial, nem muito menos ser um fruto que transmite doenças para quem dele se alimenta. Para Jesus, o nosso fruto só pode nascer da atitude de permanecer: permanecer nas mãos do Pai, sobretudo quando Ele, o agricultor, precisa nos podar para que o nosso fruto se torne melhor; permanecer em Jesus nas diversas estações existenciais – quando é outono e nossas folhas caem; quando é inverno e parece que morremos por completo; quando é primavera e a vida escondida em nós começa a dar sinais de ressurreição; quando é verão e nossas flores dão lugar a frutos que transmitem vida aos outros.
            “Permanecer” é uma palavra carregada de ambiguidade para a nossa geração. Muitos de nós permanecemos horas numa academia, ou diante da TV, do celular ou do computador, mas não conseguimos permanecer quinze minutos em oração diante do Senhor. Muitos de nós nunca fomos educados a permanecer, porque no primeiro choro que emitimos ou na primeira birra que fizemos, vieram imediatamente nos dar algum tipo de consolo, ainda que errado. Os frutos só são abundantes quando as raízes são profundas. No entanto, muitos de nós não aceitamos nos enraizar em nada: assim que somos frustrados em nossos desejos, sacudimos a terra das nossas raízes e vamos em busca de um outro lugar onde nossos caprichos possam ser plenamente satisfeitos – como se esse lugar existisse...      
            Na parábola do semeador, Jesus deixa claro que algumas pessoas não têm raiz em si mesmas; são volúveis, inconstantes: sempre que surge uma dificuldade, abandonam o barco (cf. Mt 13,21). São pessoas que estão com Deus enquanto Ele lhes fornece água e adubo, mas que se revoltam contra Ele quando chega o momento de serem podadas em alguma coisa. São pessoas que cada hora estão numa igreja, numa religião, num emprego, num relacionamento, numa modalidade esportiva etc. São pessoas que se cansam facilmente do mundo exterior porque não cuidam da sua raiz interior.
               O que é essa raiz interior? É a convicção acerca do que Jesus acabou de nos afirmar: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). É a convicção de que quando você se coloca em oração, deve permanecer ali, independente se está experimentando consolação ou desolação. É a convicção de que há galhos em você que se tornaram estéreis, inúteis, e precisam ser cortados e jogados fora, assim como há galhos em você que, embora estejam produzindo alguns frutos, precisam ser podados, para que os frutos se tornam melhores. Muitas pessoas se desenraizaram de Deus porque não entenderam ou não aceitaram o momento da poda. No entanto, sem poda não há fecundidade, e toda poda fere nosso narcisismo, humilha nosso orgulho, desmascara nossa ilusão... Quem não aceita passar pela tristeza da poda não experimenta a alegria de ver-se produzindo frutos.
            Algumas perguntas: Que frutos nossa comunidade/Igreja produz para a sociedade humana? Que frutos eu posso produzir em casa, no local de trabalho, na escola/faculdade, na minha comunidade de fé? O que precisa ser podado em minha vida, em meu relacionamento, em minha casa, em meu local de trabalho, em nossa comunidade de fé? Que frutos eu tenho colhido em minha permanência na internet? Eu tenho raiz em mim mesmo(a)? Onde, em quê ou em quem as minhas raízes estão agarradas neste momento? 

                                                                    Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O BOM PASTOR, O MERCENÁRIO E O LOBO: COM QUEM VOCÊ SE IDENTIFICA?

Missa do 4º. dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos dos apóstolos 4,8-12; 1João 3,1-2; João 10,11-18.

            No trecho que ouvimos hoje da conhecida parábola do Bom Pastor encontramos quatro personagens: o bom pastor, o mercenário, o lobo e as ovelhas. Em relação a Jesus, que se define claramente como “o bom pastor” (cf. Jo 10,11.14), nós deveríamos nos sentir e viver como ovelhas, mas, em relação às outras pessoas, nós corremos o risco de nos comportar também ou como pastores, ou como mercenários, ou ainda como lobos! Somos pastores quando cuidamos; somos mercenários quando usufruímos; somos lobos quando destruímos.  
            Já na Idade Moderna, o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) afirmou que “o homem é lobo do homem”, ou seja, todo ser humano tem o instinto natural de sobreviver, de se preservar, e se para isso for preciso atacar, ferir ou mesmo matar seu semelhante, ele o faz. O problema é que hoje nós vemos o ser humano agindo como lobo em relação ao seu semelhante não simplesmente por uma questão de sobrevivência ou de auto-preservação, mas sobretudo por dinheiro – a “mão invisível” do Mercado é, na verdade, a “pata” do grande lobo invisível que condena à morte inúmeros seres humanos todos os dias –, pelo fanatismo religioso ou por “nada”, simplesmente porque hoje a vida humana não vale nada e matar não significa nada.
            Para sobreviver a esse mundo desumanizado e a essa cultura de morte, nós estamos cada vez mais adotando posturas de lobos e nos afastando da nossa identidade de ovelhas. Não podemos nos esquecer de que, dentro de cada um de nós habita um lobo e um cordeiro. É verdade que às vezes precisamos dar vazão ao nosso lobo interior, no sentido de lutar com todas as forças para defender a família, os filhos, o casamento, os valores, a fé, a justiça, a vida... Contudo, é preciso que o nosso lobo e o nosso cordeiro aprendam a dialogar e a conviver, pois ambos fazem parte da nossa verdade como seres humanos.
            Se o lobo é um perigo evidente, o mercenário é um perigo sutil. Em nome da democracia, da civilização, da liberdade de expressão, da liberdade religiosa etc., nós estamos rodeados de mercenários, isto é, de pessoas que ocupam cargos de autoridade aparentemente para cuidar de nós, quando, na verdade, não são pastores, mas mercenários: a única preocupação deles é obter lucro, enriquecer-se, mesmo que, para isso, tenham que fechar os olhos para situações que provocam sofrimento, injustiça e morte às ovelhas que lhes foram confiadas. Todo mercenário é um fantoche nas mãos de um lobo chamado dinheiro: ele nunca se importa com a vida das ovelhas, mas apenas com o seu enriquecimento pessoal. Sua alma deixou de pertencer ao Bom Pastor e passou às mãos do grande Lobo há muito tempo...
            Nós também podemos agir como mercenários. Eis alguns exemplos: “O que eu posso lucrar com essa pessoa?”; “De que maneira ela pode me ajudar a chegar aonde eu almejo?”; “Quando a doença chegou para a minha esposa / para o meu marido, meu compromisso matrimonial acabou”; “Para não ter trabalho com meus filhos, eu terceirizo a criação/educação deles”. Numa palavra, se o mercenário sacrifica seu tempo, renuncia ao descanso ou ao lazer e suporta algum sofrimento, é unicamente para ganhar mais dinheiro e nunca para cuidar das ovelhas que lhe foram confiadas.
            Pedro deixou claro que somente na pessoa de Jesus Cristo, nosso Bom Pastor, é que podemos encontrar cura e salvação: “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). No entanto, é importante lembrar o que afirma o salmo do bom pastor: “Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo” (Sl 23,4). O pastor tem em suas mãos dois instrumentos para cuidar das suas ovelhas: o bastão e o cajado. Enquanto o bastão é utilizado para defender as ovelhas dos ataques dos lobos e de outras feras, o cajado é utilizado para recuperar a ovelha que corre risco de cair no precipício. Isso significa que o verdadeiro pastor não é somente aquele que protege e cuida, mas que também educa e corrige.
            Se hoje nós temos crianças que precocemente agem como pequenos lobos em relação aos seus colegas de escola, e também em relação aos professores, é porque seus pais (quando os têm) usam demais o cajado (proteção e cuidado), mas quase nunca ou nunca o bastão (educação e correção). Além do mais, é importante lembrar que quando uma ovelha teima em ficar longe do seu pastor, se expondo de maneira irresponsável e desnecessária a certos perigos, o pastor precisa de certa forma “agir contra” o seu coração e quebrar a perna da ovelha, para que ela aprenda a ficar perto dele e não mais expor-se irresponsavelmente a riscos de morte. Isso suscita uma pergunta: eu aceito as correções que preciso receber do meu Bom Pastor, para me deixar educar no caminho da justiça e da santidade, ou quero apenas o Seu cuidado e a Sua proteção?
            P.S. Para nós, padres e bispos que, às vezes, devido à nossa insegurança interior ou à nossa duplicidade de vida, precisamos ficar o tempo todo afirmando a nossa autoridade perante o nosso rebanho por meio de ameaças, vale lembrar que a nossa autoridade de pastores só é reconhecida pelo rebanho na medida em que vivemos sob a autoridade do Bom Pastor e procuramos nos configurar ao Seu coração, nos submetendo diariamente ao bastão da Sua palavra, como Ele sempre se submeteu à palavra do Pai...

Para sua oração pessoal: CURA INTERIOR (Pe. Fábio de Melo)

                                                                      Pe. Paulo Cezar Mazzi



sexta-feira, 17 de abril de 2015

LIBERTOS DA IGNORÂNCIA QUE NOS ADOECE E QUE TAMBÉM PODE NOS DESTRUIR

Missa do 3º. dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 3,13-15.17-19; 1Jo 2,1-5a; Lucas 24,35-48.

            O que leva uma pessoa a passar pela vida fazendo mal a si mesma e/ou aos outros? O que leva alguém a passar a vida inteira acorrentado a um vício? O que faz com que um relacionamento que tem tudo para dar certo dê errado? O que explica a atitude fanática de matar pessoas em nome de Deus ou em nome do dinheiro? O que está por trás dessa inversão de valores em que vivemos e que faz com que rejeitemos o bem e escolhamos o mal? A resposta para todas essas perguntas é uma só: a IGNORÂNCIA.
            Esta foi a denúncia do apóstolo Pedro ao povo judeu, após a ressurreição de Jesus: “Vós rejeitastes o santo e o justo e pedistes a libertação para um assassino... Vós agistes por ignorância... Arrependei-vos e convertei-vos...” (At 3,14.17.19). Quantas coisas erradas já fizemos na vida, ou ainda estamos fazendo, por ignorância, porque ignoramos o nosso valor, a nossa capacidade, a nossa verdade, ou porque ignoramos o valor e a capacidade das pessoas que convivem conosco? Quantas coisas ignoramos a respeito de nós mesmos, das outras pessoas e do próprio Deus?
Uma conhecida parábola descreve as consequências da ignorância em nossa vida: um jovem passa por um circo, vê um elefante enorme amarrado por uma das patas a uma pequena estaca e se pergunta por que o elefante, com toda a sua força física, não rompe a corda e não se liberta daquela vida aprisionada... É quando alguém lhe explica que, desde filhote, o elefante cresceu amarrado àquela estaca: ele só permanece preso ali porque desconhece, ou seja, IGNORA a força que tem. Assim como esse elefante, muitas pessoas passam sua vida amarradas a uma estaca chamada droga, relacionamento doentio, situação injusta, condição indigna etc., porque IGNORAM/desconhecem a força que têm...
Mais uma vez, o Senhor Jesus ressuscitado vai ao encontro dos discípulos e vê o coração deles tomado por preocupações e dúvidas. Por que as preocupações e as dúvidas encontram mais espaço em nosso coração do que a confiança, a fé, a alegria e a esperança? Porque ignoramos/desconhecemos não só a presença do Ressuscitado junto a nós, como ignoramos/desconhecemos que somos portadores da verdade e da força da ressurreição em nosso coração. Por que muitas vezes nosso coração está cheio de culpa e vivemos nos condenando e nos punindo – muitas vezes de maneira inconsciente –, devido a pecados que cometemos? Porque ou ignoramos/desconhecemos, ou nos esquecemos de que “temos junto do Pai um defensor, Jesus Cristo, o justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados...” (1Jo 2,1-2).   
No livro do profeta Oséias encontramos o retrato de um país destruído pela ignorância, retrato que se encaixa perfeitamente não só no Brasil, mas em tantos outros países da atualidade: “Não há sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Juram falso, assassinam, roubam, cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio... Meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento” (Os 4,1-2.6), ou seja, por ignorância.
No âmbito pessoal, o nosso maior problema não é a ignorância em si, mas o fato de que aprendemos a usar a ignorância como forma de sobrevivência, isto é, como desculpa para não nos trabalhar, para não enfrentar os verdadeiros conflitos que estão levando à ruína nosso relacionamento, para não nos desinstalar da sala da nossa casa e da frente da TV ou do computador, onde recebemos “atualizações” diárias de uma ignorância inteligentemente programada pelos meios de comunicação para nos manter “domesticados”, como aquele elefante preso a uma estaca por uma corda.
            Jesus ressuscitado “abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras...” (Lc 24,45). Até que ponto você deseja conhecer a verdade que é capaz de te libertar (cf. Jo 8,32)? Até que ponto você deseja que seja retirado dos seus olhos o véu que impede você de ver a vida como realmente ela é (cf. 2Cor 3,12-16)? Até que ponto você está disposto(a) a jogar fora a muleta da sua ignorância e ter a coragem de parar em pé sobre suas próprias pernas, ao invés de continuar a responsabilizar os outros pela sua infelicidade? 
            Senhor Jesus, hoje venho a ti com a minha ignorância. Embora ela tenha se tornado uma boa desculpa para eu não fazer as mudanças que preciso fazer, eu reconheço que preciso ser liberto(a) dela, Senhor. Preciso ter a coragem de tirar o véu, de jogar fora a muleta, de assumir atitudes concretas para não continuar mais a destruir a minha vida e a vida dos outros por causa da minha ignorância. Abre a minha inteligência, Senhor. Torna-me consciente do meu valor, da minha dignidade e da força da Tua ressurreição em mim. Torna-me também consciente do valor e da dignidade das outras pessoas. Que eu possa ajudá-las a reconheceram a força que carregam dentro de si, para se libertarem das amarras pessoais e sociais que as mantém prisioneiras de sofrimentos que, aos Teus olhos, são totalmente injustos e desnecessários. Retira-nos a todos da ignorância, Senhor, para que nenhum povo caminhe mais na direção da sua própria destruição. Amém.

Pe. Paulo Cezar Mazzi  

quinta-feira, 9 de abril de 2015

DOS FERIMENTOS EM FAVOR DA VIDA NASCE A RESSURREIÇÃO

Missa do 2º. dom. da Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 4,32-35; 1João 5,1-6; João 20,19-31.

            Um dos ditados populares mais conhecidos é este: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. Na época atual, as pessoas que procuram por Deus querem senti-Lo. Se elas escolhem esta ou aquela igreja, esta ou aquela religião, é porque ali elas “sentem” a presença de Deus. Mas, como sentir um Deus que não podemos ver? Como nossa fé pode – e na verdade, deve – ir além do “ver” e do “sentir”, já que o apóstolo Paulo afirma que nós, cristãos, “caminhamos pela fé e não pela visão” (2Cor 5,7)?  
            No mesmo dia em que ressuscitou, Jesus encontrou seus discípulos “ao anoitecer” e com as “portas fechadas”. Esse “anoitecer” representa a sombra escura que tomou conta do coração dos discípulos por causa da morte de Jesus na cruz. Esse “anoitecer” também fala das noites escuras da nossa fé, quando não sentimos mais a presença de Deus, justamente porque não enxergamos os sinais dessa presença junto a nós. Isso faz com que fechemos as nossas portas, porque nos sentimos intimidados diante de um mundo que cada vez mais duvida da existência de Deus.
            Neste tempo pascal o Cristo ressuscitado entra em nossas noites escuras e atravessa nossas portas fechadas para nos dizer: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Os conflitos e as tribulações continuarão a se fazer presentes em nosso caminho de fé. Continuaremos a ser provados severamente (cf. Sl 118,18), mas nosso coração pode estar em paz porque Jesus venceu o mundo, o mal e a morte. Para provar isso, ele “mostrou-lhes as mãos e o lado” (Jo 20,20). Por que as marcas dos ferimentos na cruz ainda estão presentes num corpo já glorificado, transformado pela ressurreição? Para nos lembrar de que, da mesma forma como o nosso corpo carrega agora as marcas da morte de Cristo, esse mesmo corpo carregará também as marcas da sua ressurreição (cf. 2Cor 4,10). Além disso, são as nossas feridas, nascidas da nossa luta por um mundo melhor, que podem fazer com que esse mesmo mundo ressuscite.     
           Ao ouvir o testemunho dos discípulos a respeito do encontro que eles tiveram com Jesus ressuscitado, Tomé não acreditou: “Se eu não vir a marca dos pregos..., se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25). Assim como Tomé, cada ser humano precisa ter o seu encontro pessoal com Jesus. Mas aqui existem dois perigos: o primeiro consiste em cairmos no erro de exigir de Jesus revelações particulares, tratamento VIP, reduzindo a nossa fé à satisfação de algum capricho ou à exigência de um “tratamento diferenciado”, porque nos julgamos pessoas “importantes / especiais”. O segundo perigo é nos esquecermos de que a fé vem da pregação da palavra de Cristo (cf. Rm 10,17), isto é, a fé nasce em nós a partir dos ouvidos e não dos olhos. Neste sentido, o próprio João termina seu Evangelho afirmando que tudo aquilo que ele escreveu “foi escrito para que vocês acreditem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome” (Jo 20,31).
            Para a nossa geração, bombardeada por tantas imagens, vale o alerta de Jesus a Tomé: “Acreditaste porque me viste? Felizes os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). O que mantém a minha fé viva não é a imagem que eu vejo, mas a Palavra que eu leio/ouço e medito. Além disso, é a Palavra de Deus, lida ou ouvida e meditada, que me ajuda a interpretar aquilo que eu vejo, percebendo a presença escondida de Deus nos acontecimentos do dia a dia.      
            Jesus fez questão que Tomé tocasse nas suas feridas, ao mesmo tempo que o repreendeu: “Não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20,27). Nossas mãos vivem tocando a tela de um celular, mas não tocam na pele de quem convive conosco. Nossos olhos se voltam constantemente para a tela de um celular, mas não se dirigem para olhar o rosto de quem convive conosco. Parece que nos esquecemos de que nós precisamos ser tocados para saber que existimos. Por outro lado, é preciso também nos questionar sobre a maneira como tocamos no outro – se é com respeito ou como quem se apossa de um objeto a ser utilizado, de um bem qualquer a ser consumido. 
            Não tenhamos medo de enxergar as nossas feridas e também as feridas de quem convive conosco ou cruza o nosso caminho. As mãos e o lado de Jesus crucificado e ressuscitado nos ensinam que ninguém ama e serve sem se ferir, mas é justamente desses ferimentos que nasce a ressurreição para o mundo. Assim como os primeiros cristãos, contagiados pela alegria da ressurreição de Jesus, não consideravam como próprias as coisas que possuíam, “mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32) – até mesmo “o dinheiro... era distribuído conforme a necessidade de cada um” (At 4,34-35) –, que possamos nos sensibilizar com as necessidades materiais, humanas, afetivas ou espirituais das pessoas que convivem conosco na família, no trabalho, na escola/faculdade, na própria igreja...

Pe. Paulo Cezar Mazzi

sábado, 4 de abril de 2015

O PAI TAMBÉM RESSUSCITARÁ A NÓS!

Missa do domingo de Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 10,34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.

            Por ocasião da morte de Lázaro, Jesus disse aos discípulos: “Lázaro morreu. Por causa de vocês, alegro-me de não ter estado lá, para que vocês creiam” (Jo 11,14-15). Ao dizer “alegro-me por não ter estado lá”, Jesus afirma que permitiu a morte de Lázaro, para que a fé dos discípulos e a nossa não fosse cancelada diante da morte. Assim como Jesus permitiu a morte de Lázaro, Deus Pai permitiu a morte de seu Filho Jesus, assim como permitiu a morte de tantos que amamos, assim como um dia permitirá a nossa morte. Esta é uma verdade difícil de aceitarmos: crer em Deus não nos impede de morrer, nem de ficarmos doentes, ou de perdermos o emprego, de sofrermos um acidente, de perdermos alguém que amamos, de experimentarmos quedas, fraquezas ou fracassos em nossa trajetória de vida.
            Toda a nossa fé só se baseia numa única verdade: Cristo ressuscitou. Justamente por isso, o apóstolo Paulo afirma que, se Cristo não houvesse ressuscitado, nós não teríamos no quê acreditar; nossa fé seria vazia, desprovida de razão; nós não teríamos onde nos agarrar. Porém, Paulo faz um alerta sobre o que significa crer que Jesus ressuscitou: “Se temos esperança em Cristo (ressuscitado) somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,19). Se a nossa fé no Cristo ressuscitado serve de esperança somente para as coisas presentes – a superação de uma dificuldade, a solução de um problema, a cura de uma enfermidade, a melhora na vida profissional etc. – nós não entendemos nada a respeito da ressurreição, uma vez que ela diz respeito à verdadeira Vida, à vida eterna.     
            Sim. A fé no Cristo ressuscitado tem repercussões para esta vida presente também. “Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há”, diz a música. Porque Cristo vive, depois de ter enfrentado a morte de cruz, eu posso lidar a minha cruz de uma maneira diferente. Porque Cristo vive, eu posso seguir pela vida sabendo que nada poderá me separar do amor de Deus, manifestado na pessoa de seu Filho Jesus (cf. Rm 8,37-39). Porque Cristo vive, eu posso suportar minhas provações crendo que Deus tem o poder de ressuscitar os mortos, e nessa minha fé Deus me devolve, de maneira transformada, tudo aquilo que eu entreguei em Suas mãos (cf. Hb 11,17-18). Porém, se eu não creio que Cristo ressuscitou, me torno como aquelas pessoas que cedem à injustiça e à maldade do mundo, por não acreditarem que exista um prêmio para a santidade, uma recompensa para quem vive segundo a justiça (cf. Sb 2,22).    
            Justamente porque Cristo ressuscitou o apóstolo Paulo nos convida a nos esforçar por “alcançar as coisas do alto, onde Cristo está” (Cl 3,1-2). Viver como ressuscitados, ou como filhos destinados à ressurreição, exige de nós um esforço para não nos corromper, para não nos desviar do caminho da salvação aberto por Jesus, um esforço diário para não reduzir nossas esperanças às promessas mundanas de felicidade. Esse esforço se torna maior ainda quando tomamos consciência de que a nossa vida de ressuscitados “está escondida com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). “Vida escondida” significa que a nossa fé na ressurreição de Cristo e na nossa própria ressurreição não vai retirar do caminho da nossa vida todas as dificuldades, mas vai nos dar a certeza de que nós seremos unidos ao triunfo de Cristo sobre todo tipo de dor, de fracasso e de morte.
             Neste domingo de Páscoa, nós temos duas palavras que testemunham que Jesus ressuscitou: a primeira é a “palavra” do túmulo vazio (cf. Jo 20,1-9); a segunda é a palavra daqueles que Deus escolheu para serem testemunhas de seu Filho ressuscitado: os que comeram e beberam com ele depois que ressuscitou dos mortos (cf. At 10,40-41). Diante do túmulo vazio cabem algumas perguntas: nosso túmulo está vazio ou nele ainda está sepultada a nossa esperança? Você já desenterrou a sua fé, diante da proclamação de que Jesus Cristo ressuscitou? Você diariamente retira a pedra da entrada do seu túmulo, para que Deus possa fazer vir para fora, ressuscitar, aquilo que morreu em você?
            Deus é sempre muito discreto. Foi discreto ao enviar Jesus ao mundo e foi discreto ao ressuscitá-lo dos mortos. Por estarmos contaminados pelo barulho e por manifestações espalhafatosas, extravagantes, acabamos por desprezar os sinais da ressurreição de Cristo em nossa vida e na vida da humanidade; acabamos por não crer nem na ressurreição de Jesus, nem na nossa futura ressurreição, nos esquecendo da Escritura que diz: Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Cor 6,14). Ressuscitando Jesus, Deus nos deu a esperança da vida eterna, e Deus não mente (cf. Tt 1,1-2).      
            Ainda que em muitos de nós forças como a fé e a esperança estejam morrendo ou tenham morrido, lembremos das palavras do apóstolo Paulo: “Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Permitamos que Ele seja Senhor e Redentor não somente daquilo que ainda vive em nós, mas também daquilo que porventura tenha morrido ou esteja morrendo. Nosso Redentor vive! Por isso, podemos crer no amanhã. Nosso Redentor vive! Peçamos que ele nos erga do pó e nos coloque em pé, como homens e mulheres ressuscitados!
           
Para sua oração pessoal: MEU REDENTOR VIVE! (Aline Brasil)
https://www.youtube.com/watch?v=lRh0PFbwmwM

Pe. Paulo Cezar Mazzi

A MÃO DE DEUS E A NOSSA TRABALHANDO JUNTAS, NO SENTIDO DA RESSURREIÇÃO

Missa da Vigília Pascal. Palavra de Deus: Gênesis 1,1.26-31; Êxodo 14,15–15,1; Isaías 55,1-11; Romanos 6,3-11; Marcos 16,1-7.

            Numa época em que Nabucodonosor, rei da Babilônia, havia destruído praticamente tudo em Jerusalém, levando prisioneiros para a Babilônia os hebreus que sobreviveram à guerra; numa época em que esses sobreviventes diziam: “Os nossos ossos estão secos, a nossa esperança está desfeita. Para nós tudo está acabado” (Ez 37,11), Deus revelou a um homem, por meio do seu Espírito, qual era o seu projeto original para a humanidade. Assim nasceu o livro das origens, o Gênesis, livro que se abre com a criação do ser humano, descrevendo-o como imagem e semelhança de Deus, diferenciado na sua sexualidade como homem e mulher, dotado da capacidade de submeter a terra e dominá-la – no sentido de cuidar dela –, um ser humano cujas mãos carregam em si a benção da fecundidade. Mas, algo deu errado. Como disse muito bem o Legião Urbana na música “Índios”, “nos deram espelhos, e vimos um mundo doente”. O ser humano fabricou “espelhos”, através dos quais passou a ver a si mesmo, a Deus, ao próximo e à natureza de maneira distorcida. Ele se deixou submeter e dominar por seus instintos, por suas paixões, por sua ganância, pela tecnologia e pelo consumismo. Consequentemente, tornou-se uma pessoa estéril, vazia, superficial, colorida por fora e cinza por dentro. E ainda que esse cinza possa ter cinquenta tons, é sempre cinza.
            Pareceria que a leitura do Gênesis só serviria para nos deixar com saudade de uma realidade que nunca vivemos e nunca iremos viver... Mas “o desígnio do Senhor permanece para sempre” (Sl 33,11). O próprio Jesus afirmou que todas as coisas que existem serão renovadas, no sentido de recuperarem a sua verdade original (cf. Mt 19,28). Além disso, o próprio Deus declara, no livro do Apocalipse: “Eis que eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Seja no sentido particular, seja no sentido social ou mesmo global, nós podemos estar na mesma situação de desolação em que o autor do Gênesis se encontrava, na Babilônia. O fato é que Deus quer abrir nossos olhos, nossos ouvidos e nosso coração, para recobrarmos a consciência do seu desígnio para a humanidade: “Sim, eu conheço os desígnios que formei a vosso respeito..., desígnios de paz e não de desgraça, para vos dar um futuro e uma esperança” (Jr 29,11).
            Mas como enxergar um futuro e uma esperança, quando nos encontramos como os hebreus na noite da páscoa, tendo atrás de nós um exército inimigo que avança cada vez mais e à nossa frente um mar impossível de ser atravessado? De fato, segundo o Apocalipse, o mar representa o mal que ameaça engolir a todos no mundo em que vivemos. Quando Moisés se viu sem saída, Deus lhe ordenou: “Estende o braço sobre o mar e divide-o”... ‘Moisés estendeu a mão sobre o mar, e durante toda a noite o Senhor fez soprar um vento leste muito forte; e as águas se dividiram’ (Ex 14,21). O que deve ficar claro para nós nesta noite é o que sempre foi claro para os hebreus: quem faz é Deus. A obra da salvação é d’Ele e não nossa. É Ele quem faz sair, faz entrar, faz caminhar, faz passar. Só existe Páscoa (passagem) porque o Senhor abre uma passagem onde ela não existe, e nos faz passar ali. Mas também é preciso que se diga que só existe passagem porque nós decidimos confiar no Senhor e passar. De que adiantaria Deus abrir o mar em dois, se nós insistíssemos em ficar na margem de cá, sem fazer a travessia tão necessária para a vida nova que o Senhor quer para nós?
De fato, ao narrar a passagem pelo Mar Vermelho, o autor do Êxodo insiste na palavra “mão”. Durante toda aquela noite, a mão de Moisés e a mão do Senhor trabalharam juntas (cf. Ex 14,21.26.27.28). E este foi o resultado, ao amanhecer: “Naquele dia, o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar e a mão poderosa do Senhor agir contra eles” (Ex 14,30-31). Somente quando nossas mãos se unem às mãos do Senhor e trabalham juntas na mesma direção dos seus desígnios é que conseguimos nos livrar das mãos do mal que hoje nos persegue e nos ameaça de inúmeras formas.
 Contudo, ao ouvir a narrativa do Êxodo, podemos questionar Deus como o salmista questionou: “O Senhor não nos dará mais o seu favor?... Deus esqueceu-se de ter piedade?... Eu confesso que é esta a minha dor: a mão de Deus não é a mesma; está mudada!” (Sl 77,8.10.11). Por que não vemos hoje a mão de Deus agindo com tanta “eficácia” em nossa história e na história da humanidade? O profeta Isaías nos oferece uma resposta para essa pergunta: “Não, a mão do Senhor não é muito curta para salvar... Antes, foram os vossos pecados que criaram um abismo entre vós e Deus... As vossas mãos estão manchadas de sangue... vossos lábios falam mentiras e vossa língua profere maldade” (Is 59,1-3). É Deus que pouco se importa com a humanidade hoje em dia, ou é a humanidade que teima em se manter distante do alcance da mão de Deus?
Ainda que muitos insistam em tentar viver não orientados nem protegidos pela mão do Senhor, Ele faz esse convite indistintamente a todo ser humano: “Todos vós que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro” (Is 55,1). A graça é de graça: para recebê-la, basta ter sede, basta ter fome; não é preciso dinheiro, não é preciso mérito, não é preciso ter uma vida irrepreensível. No entanto, é preciso se dispor a buscar o Senhor todos os dias: “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto” (Is 55,6). Além disso, é preciso compreender que a forma de a mão de Deus agir sobre nós muitas vezes nada tem a ver com as nossas expectativas: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos” (Is 55,8). Mesmo não compreendendo a maneira de Deus agir em nosso favor ou em favor da humanidade, é importante confiar na sua palavra, pois Ele garante: “... a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la” (Is 55,11).
Que efeito a palavra de Deus quer produzir em nós, sobretudo nesta noite? Justamente o efeito da passagem da morte para a vida, pois esta é a verdadeira Páscoa, a Páscoa do Novo Testamento, a Páscoa de nosso Senhor Jesus, da qual participamos por meio do nosso batismo, o sacramento que nos identificou com Jesus Cristo na sua morte para que possamos ser identificados com ele na sua ressurreição (cf. Rm 6,5). Viver segundo o batismo que recebemos, cujas promessas renovaremos também nesta noite, significa “crucificar o nosso velho homem”, no sentido de nos esforçar a cada dia para morrer para o nosso pecado e procurar viver para Deus (cf. Rm 6,6.11), nos deixando conduzir pelo seu Espírito (cf. Rm 8,14), o qual é a garantia da nossa própria ressurreição (cf. Rm 8,11; Ef 1,13-14; 4,30).
Diante da paixão, morte e sepultamento de nosso Senhor, que celebramos ontem, nossas mãos, impotentes para mudar tantas situações, só se sentem capazes de trazer para Jesus perfumes para ungir o seu corpo, como Maria Madalena, Maria, a mãe de Tiago, e Salomé fizeram no primeiro dia da semana, antes de nascer o sol (cf. Mc 16,1-2). Assim como elas, nos sentimos incapazes de rolar a pedra da entrada do túmulo (cf. Mc 16,3-4), pedra que simboliza a incapacidade das nossas mãos em abrir, no meio da morte, uma passagem para a vida. Mas essa pedra já foi retirada pela mão de Deus. A mesma mão, que ajudou Moisés a dividir o mar em dois, é a mão que move Jesus para fora do túmulo, para fora da morte. É essa mão que hoje nos acompanha e nos conduz para a Galileia, para o encontro com o Cristo ressuscitado, que vai à nossa frente, nos ajudando a abrir novas passagens, até que tenhamos acesso à plena vida que Deus quer para todo ser humano.
É verdade que ‘ainda é noite’; a luz da ressurreição ainda não chegou a todos os corações. Justamente por isso, o Evangelho nos confia a missão de sermos ‘sentinelas da Manhã’, proclamando que Jesus ressuscitou, irradiando por meio de nossas atitudes a alegria do Evangelho. Se o mal cheiro da morte ainda se faz sentir em tantos ambientes, precisamos levar em nossas mãos o perfume da ressurreição, o bom odor de Cristo, a certeza de que tudo está destinado à ressurreição; tudo está destinado a ser restaurado em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado (cf. Ef 1,10; Cl 1,19-20). Enfim, seguindo o conselho da primeira carta de São Pedro, que possamos nos humilhar debaixo da poderosa mão de Deus, para que no momento oportuno Ele nos exalte, nos levante, nos ressuscite. Coloquemos n’Ele toda a nossa preocupação, sabendo que é Ele que cuida de nós! (cf. 1Pd 5,6-7).  

Para a sua oração pessoal: 
A MÃO DE DEUS (Pe. Fábio de Melo)

Pe. Paulo Cezar Mazzi