quinta-feira, 25 de junho de 2015

SER UMA PRESENÇA ATIVA NA IGREJA DE JESUS CRISTO

Missa de São Pedro e São Paulo. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 12,1-11; 2Timóteo 4,6-8.17-18; Mateus 16,13-19.

            Em fevereiro de 2013 o Papa Bento XVI anunciou a sua renúncia como condutor humano da Igreja que Jesus fundou sobre os apóstolos. Essa renúncia chocou o mundo, abalou a fé de alguns e foi vista por outros como sinal nítido de uma Igreja falida. Como você, católico(a), sentiu essa renúncia? Foi preciso que o Papa Francisco entrasse em cena para que muitos pudessem entender a grandeza e a importância do gesto de Bento XVI em renunciar. Por amor à Igreja de Jesus Cristo, ele assumiu sobre si a incompreensão de muitos e feriu sua própria imagem.
            A sombra escura que momentaneamente a renúncia de Bento XVI jogou sobre a Igreja foi rapidamente substituída pela luz radiante de Francisco. Sua alegria, sua firmeza, sua simplicidade e coerência de vida têm contagiado a muitos, despertado a fé adormecida em tantas pessoas e feito a Igreja, que até então se sentia envolvida por um rígido e prolongado inverno, experimentar o florescer da primavera em si mesma.
            Contudo, precisamos ter os pés no chão. Assim como acontece com todo verdadeiro profeta, as palavras e as atitudes do Papa Francisco têm incomodado alguns dentro e fora da Igreja. As mesmas mãos que ontem o aplaudiam hoje lhe jogam pedras; os mesmos corações que hoje se encantam com ele amanhã o rejeitarão, porque Francisco, como verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, escolheu pautar sua vida e conduzir a Igreja segundo o Evangelho, enquanto a maioria das pessoas hoje, dentro ou fora das igrejas, pauta sua vida segundo a própria conveniência.   
            Os Atos dos Apóstolos narram um momento muito difícil para a Igreja: alguns de seus membros estavam sendo presos, torturados e mortos. Isso nos remete aos cristãos perseguidos e mortos em alguns países. Mas entre nós é muito comum “prender”, “torturar” e “matar” pessoas da Igreja por meio de críticas, sobretudo onde trabalhamos. Não é verdade que, muitas vezes, nós somos os primeiros a criticar a nossa Igreja? Quem de nós se preocupa em defendê-la diante das críticas dos outros? Nós vibramos quando o Papa Francisco diz que os que representam a Igreja não devem ter “psicologia de príncipe”, mas quantos de nós, católicos, criamos os filhos segundo essa psicologia? Quem de nós está disposto a assumir a simplicidade de vida de Francisco, de Jesus, do Evangelho?
            Jesus perguntou aos discípulos o quê as pessoas diziam sobre ele. Hoje essa pergunta pode ser traduzida de outra forma: como as pessoas vivem sua fé? Hoje a fé é vivida a partir do individualismo: Deus, sim; Igreja, não. Fé, sim; religião, não. Nada de vínculo com uma igreja; nada de compromisso com as necessidades pastorais da Igreja. No entanto, a Igreja existe para criar, alimentar e fortalecer o vínculo das pessoas com Jesus Cristo: o que ligar/desligar na terra será ligado/desligado nos céus (cf. Mt 16,19).  
            Enquanto Pedro foi escolhido por Jesus para ser a pedra sobre a qual Ele edificaria a sua Igreja (cf. Mt 16,18), Paulo foi escolhido para anunciar Jesus Cristo e o seu Evangelho a todos os povos (cf. At 9,15), uma missão que foi desempenhada em meio a muito sofrimento (cf. At 9,16). Apesar disso, Paulo, apoiando-se na graça de Deus, sempre se manteve fiel, a ponto de poder concluir: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7). “(...) o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente...” (2Tm 4,17).
            Na época em que vivemos há um combate a ser travado, não só em termos de sobrevivência, mas, sobretudo, em termos de fé, de espiritualidade, de defesa de valores e princípios que nos mantenham no caminho da justiça e da santidade. Há também uma corrida a ser completada, e, se por acaso tenhamos parado no acostamento do caminho da fé, precisamos retornar ao mesmo e continuar a caminhar. Por fim, há uma fé a ser guardada, defendida, atualizada, recuperada, a fé que nos faz vencer o mundo e perseverar na missão que nos foi confiada na Igreja, até que Cristo venha nos dar a coroa da justiça.    
            “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). Rezemos uns pelos outros, por nosso Papa Francisco, por nosso bispo Eduardo, pelos cristãos espalhados pelo mundo inteiro, sobretudo pelos que correm risco de morte... Que o Senhor se faça sentir ao nosso lado e que, apesar da nossa fragilidade humana, possamos fazer da nossa vida um anúncio integral do Evangelho para aqueles que convivem conosco. 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 18 de junho de 2015

É PRECISO SAIR DA MARGEM DE SI MESMO(A)

Missa do 12º. dom. comum. Palavra de Deus: Jó 38,1.8-11; 2Coríntios 5,14-17; Marcos 4,35-41.

“Vamos para a outra margem!” (Mc 4,35). Eis o convite que Jesus nos faz hoje. Eis o desafio que Ele nos lança: ‘Vamos fazer a travessia! Está na hora de você sair da margem de si mesmo(a). Está na hora de enfrentar uma mudança que é necessária para a sua vida. Vamos! Eu vou com você! Eu estou com você nessa travessia!’, nos diz o Senhor Jesus.  
De qual travessia Jesus está falando? Daquela travessia que nos tira da nossa acomodação e da nossa adaptação a uma situação de vida pessoal e social injusta, doentia, indigna, desumana... “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos” (Tempo de Travessia – Fernando Pessoa).
O que significa ficar à margem de nós mesmos? Significa desconhecer a nossa própria força, a nossa própria verdade; significa desconhecer o rosto do verdadeiro Deus e o Seu desígnio de amor e salvação para conosco e para com a humanidade; significa continuar a nos deixar oprimir, adoecer e manipular por pessoas e situações injustas que ferem a nossa dignidade de pessoas e de filhos de Deus.
A travessia é boa e necessária! A travessia tem um sabor pascal, um passar de uma situação de morte para uma situação de vida. Porém, toda travessia tem um risco, e esse risco se chama “tempestade”. Às vezes, a tempestade vem antes da travessia. Na verdade, muitas vezes nós só nos dispomos a fazer a travessia para a outra margem porque fomos atingidos por uma tempestade. Neste caso, a tempestade foi necessária para nos acordar, para nos despertar de uma vida construída na mentira e não na verdade. Quantas pessoas “acordaram para a vida” depois de um acidente, de uma doença, de um desemprego, de um fim de um relacionamento, e se redescobriram, e redefiniram suas prioridades, e voltaram a se sentir vivas de verdade?
Contudo, muitas vezes a tempestade se apresenta como um obstáculo à travessia. É quando a voz do medo fala conosco e tenta nos convencer de que é melhor não atravessar; é melhor continuar a tentar sobreviver na margem onde nos encontramos; é melhor não arriscar a buscar uma vida mais digna, mais plena. Sem dúvida, a voz do medo fala conosco do meio das nossas tempestades. Mas ela não é a única! “O Senhor respondeu a Jó do meio da tempestade...” (Jó 38,1). E o Senhor Deus disse ao mar agitado: “Até aqui chegarás, e não além” (Jó 38,11). Sim! Deus fala conosco do meio das nossas tempestades: ‘Vamos! Eu estou com você nessa travessia!’ Ao mesmo tempo, Ele declara que colocou um limite para a tempestade, para o mar que parece querer nos afogar: ‘Até aqui, e não além!’.
Quantas pessoas, no passado, sobreviveram às suas tempestades cantando em seus corações: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai!”? Assim, hoje devemos segurar na mão de Deus enquanto fazemos a nossa travessia, gritando ao Senhor em nossa aflição e sendo libertos por Ele da nossa angústia, pois Ele tem o poder de transformar a tempestade em bonança e fazer as ondas do oceano se calarem (cf. Sl 107,28-29). Na medida em que resistimos às tempestades por meio da graça de Deus e fazemos a travessia que nos é proposta, vamos experimentando a verdade dessas palavras: “Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17).
Enquanto os discípulos eram consumidos pelo medo diante da tempestade, Jesus dormia na parte de trás da barca (cf. Mc 4,38). Não são poucas as pessoas hoje que só conseguem dormir com a ajuda de algum medicamento. O sono de Jesus é um sono de confiança, uma confiança que precisamos recuperar em nosso coração, na medida em que recordamos que o nosso Deus tem o poder de acabar com as guerras, de silenciar os tumultos e acalmar as tempestades criadas pelos próprios homens, pois Ele diz: “Tranquilizai-vos e reconhecei: Eu sou Deus, mais alto que os povos, mais alto que a terra!” (Sl 46,11).
Queremos aprender a ouvir o Senhor que nos fala do meio das nossas tempestades. Assim como os discípulos, nós também Lhe perguntamos: “(...) estamos perecendo e tu não te importas?” (Mc 4,39). ‘Minha família está perecendo, meu filho está perecendo, meu trabalho está perecendo, minha fé está perecendo, e tu não te importas?’ Sim, Senhor! Reconheço que ainda não tenho fé. Ainda vacilo diante da tempestade. Ainda não sei quem Tu és. Preciso silenciar e tranquilizar o meu coração para reconhecer-Te junto a mim, na constante travessia da vida. Preciso dizer à voz do medo em mim: “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39). Preciso e quero sair da margem de mim mesmo, e me encontrar no centro do Teu coração, onde eu aprenda a Te louvar também na tempestade...
      
LOUVAREI NA TEMPESTADE (PG)
https://www.youtube.com/watch?v=3a7txTYuh9k 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 11 de junho de 2015

APESAR DE TUDO, O DOM DE NÓS MESMOS É NECESSÁRIO!

Missa do 11º. dom. comum. Palavra de Deus: Ezequiel 17,22-24; 2Coríntios 5,6-10; Marcos 4,26-34.

“Não julgue o dia pelo que você colheu, mas pelo que semeou” (Robert Loius Stevenson). Como você avalia a sua vida profissional? E a sua vida afetiva? E a sua espiritualidade? Como você avalia o seu trabalho voluntário na Igreja ou na sociedade? Como você avalia o seu esforço em formar seu filho ou em tornar o seu ambiente de trabalho mais justo e humano? Ao escrever “A alegria do Evangelho”, o Papa Francisco fez um alerta: “A ânsia moderna de chegar a resultados imediatos faz com que os agentes pastorais não tolerem facilmente tudo o que signifique alguma contradição, um aparente fracasso, uma crítica, uma cruz” (n.82). Quanto mais reduzimos a avaliação da nossa vida à obtenção de resultados imediatos, mais infelizes e frustrados no sentimos.
Muitos terrenos estão vazios, ociosos, sem nenhuma plantação, ou estão tomados pelo mato por um simples motivo: quem cuidava do terreno desistiu de semear. E por que desistiu? Porque se cansou de esperar; porque se deixou contaminar pela praga do imediatismo, da pressa, da ansiedade, da busca constante de resultados imediatos. Muitos abandonaram o terreno da sua espiritualidade por não suportar as demoras de Deus; por esquecer que a oração vale por si mesma e não pelo fruto que ela porventura possa produzir naquele que reza.
O coração do Evangelho de hoje se encontra nessas palavras: “O reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto...” (Mc 4,26-28). O que Jesus está nos dizendo é: confie! Confie na fecundidade da graça de Deus! Confie na ação do Espírito Santo! Confie na força do Evangelho! Tenha esperança em Deus: Ele agirá e fará a semente da Sua palavra germinar e frutificar em você, apesar da sua fragilidade humana!
Nesta comparação que Jesus faz, fica claro que há algo que depende absolutamente de nós, assim como há algo que depende absolutamente de Deus. A você cabe acolher a semente da Palavra em si e também lançá-la no coração das outras pessoas. A Deus cabe fazer germinar e crescer a semente lançada. Depois que a semente foi lançada, a você cabe confiar, esperar e permitir que Deus faça em você, e no coração de quem você lançou a semente da Palavra, a obra de frutificar, confiando que é Ele, e somente Ele, quem dá o crescimento (cf. 1Cor 3,7).
Entre um dia e outro dia existe sempre uma noite. Durante a noite dormimos, nos desarmamos, nos entregamos. Deus nos convida a dormir e a confiar que, enquanto dormimos, Ele faz a obra: “Na conversão e na calma estava a vossa salvação, na tranquilidade e na confiança estava a vossa força” (Is 30,15). Quem desiste de confiar em Deus e se deixa consumir pela ansiedade, não experimenta a paz: “Os ímpios são como um mar agitado que não pode acalmar-se, cujas águas revolvem sargaço e lodo. ‘Para os ímpios não há paz’, diz o meu Deus” (Is 57,20).
Cada um de nós precisa cuidar da semente que é. Cada um de nós precisa ser fiel à sua fecundidade enquanto semente de Deus lançada no terreno da humanidade. Assim como o “grão de mostarda” (cf. Mc 4,31-32), podemos ser a menor de todas as sementes. Mesmo assim, devemos nos lançar à terra, devemos fazer de nós um dom para os outros, um dom para a humanidade: “O dom de nós mesmos é necessário” (Papa Francisco, A alegria do Evangelho n.279). É dos nossos pequenos gestos, das nossas pequenas atitudes que podemos fazer brotar o amor, a justiça, o respeito e a paz onde fomos semeados. Além disso, como cristãos, ‘somos chamados a acompanhar as pessoas em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam, suportando as longas esperas, cuidando do trigo e não perdendo a paz por causa do joio’ (citação livre de A alegria do Evangelho n.24).
Que a luz do Espírito Santo nos faça enxergar e nos alegrar pelas sementes que lançamos a cada dia no terreno da nossa vida pessoal, comunitária e social, livrando-nos de cair na armadilha do desânimo e do pessimismo só porque ainda não estamos vendo os frutos das sementes lançadas.

Para a sua oração pessoal: EU SOU UM JARDIM (Adriana)
https://www.youtube.com/watch?v=EXQxu0zIRxk  

                                        Pe. Paulo Cezar Mazzi

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O ESPÍRITO SANTO, O MAU ESPÍRITO E A NOSSA LIBERDADE DE ESCOLHA

Missa do 10º. dom. comum. Palavra de Deus: Gênesis 3,9-15; 2Coríntios 4,13–5,1; Marcos 3,20-35.

        Existem duas vozes em nossa consciência: a voz do Espírito de Deus e a voz do espírito do mal. A qual delas você dá ouvidos? Existem dois impulsos em nosso coração: o impulso que vem do Espírito Santo e o impulso que vem do mau espírito. Qual deles você segue? Deus criou você livre, e na sua liberdade você pode escolher por quem quer se deixar conduzir: se pelo Espírito de Deus ou se pelo espírito do mal. Essa escolha, além de dever ser feita todos os dias, deve ser feita também em vários momentos do dia.
Eva escolheu obedecer à voz do mal e, depois de pecar, teve que admitir: “A serpente me enganou...” (Gn 3,13). Como diz a sabedoria popular, “O pecado promete, mas não entrega a felicidade”. Adão aceitou a sugestão do mau espírito e, depois de ter desobedecido a Deus, teve que admitir: “Ouvi tua voz... e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi” (Gn 3,10). Porque Adão se deixou conduzir pelo mau espírito, seu amor por Deus se transformou em medo, a acolhida que ele tinha para com sua própria nudez se transformou em vergonha, e ao invés de se deixar encontrar por Deus, passou a se esconder d’Ele.  
       A pergunta que Deus fez à consciência de Adão hoje é dirigida a cada um de nós: “Onde você está?” (Gn 3,9) O que você está fazendo da sua vida? Como está usando a sua liberdade? Em que situação você se encontra? Quem você está permitindo que habite a sua casa interior? Você ainda se pertence, ou já pertence a um “estranho”? As coisas mais importantes da sua vida estão seguras em suas mãos ou estão sendo saqueadas pelo maligno (cf. Mc 3,27)? A casa (a vida) de muitas pessoas hoje está sendo saqueada pelo maligno, porque deixaram de obedecer à voz de Deus e decidiram correr atrás de uma falsa promessa de felicidade. Desse modo, elas se tornaram pessoas “assaltadas por dentro”. Julgam-se livres porque se livraram das “amarras” de Deus, da Igreja, da religião, da moral, mas não se dão conta de que estão amarradas ao mal e sendo saqueadas por ele a todo instante.
         Jesus sempre escolheu viver segundo o Espírito de Deus: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Lc 4,18). Toda a sua vida foi vivida na obediência ao Espírito Santo. Assim, todas as curas e libertações que Ele operou em favor das pessoas se deram graças à unção do Espírito Santo n’Ele: “Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28). No entanto, o Evangelho de hoje nos revela que, além de seus familiares não entenderem a sua maneira de agir, os mestres da lei o acusavam de expulsar os demônios usando o poder do próprio príncipe dos demônios (cf. Mc 3,22), ao que Jesus respondeu: “Como é que satanás pode expulsar a satanás?” (Mc 3,23).
      Existe hoje uma grande propaganda em favor de satanás, patrocinada – o que é muito contraditório – por alguns supostos pregadores do Evangelho. De cada dez palavras que falam (ou gritam?) em suas igrejas, sete se referem ao demônio. Ora, não há dúvida de que o demônio existe. Mas o perigo aqui é atribuir tudo a ele, como se o ser humano fosse um mero fantoche que o maligno toma em suas mãos e manipula como quer. Se tudo o que existe de errado e de injusto na sociedade é obra do maligno, onde está a nossa responsabilidade como construtores da sociedade humana?
         Quando Jesus prometeu enviar o Espírito Santo, disse: “... quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado...” (Jo 16,8). É a partir dessas palavras que podemos entender por que Jesus disse que “quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado” (Mc 3,29). O Espírito Santo é o “Espírito da Verdade” (cf. Jo 14,17; 15,26; 16,13). Quando Ele me convence a respeito da mentira do meu pecado e me oferece a graça da conversão e da salvação pelo sacrifício de Cristo na cruz, mas eu rejeito tal oferta, seja porque não me considero necessitado de conversão e de salvação, seja porque não quero romper com a mentira do meu pecado, eu estou rejeitando o perdão de Deus. Consequentemente, estou me condenando a um pecado eterno (leia Hebreus 10,26-31).
Ao final dessa reflexão, precisamos voltar a nos fazer algumas perguntas: Em Deus “se encontra o perdão, (...) toda graça e copiosa redenção. Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa” (Sl 130,4.7-8). Eu continuo a me esconder de Deus, ou tenho deixado me encontrar pelo Seu perdão? Sou um cristão que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus (cf. Rm 8,14), ou um cristão que cada vez mais tem resistido ao Espírito Santo (cf. At 7,51)? Vem, Espírito de Deus, fazer a grande conversão. Vem, Espírito de Deus, pela poderosa intercessão do nosso Senhor. Liberta e restaura os corações, derrama a efusão em todos nós, envolva-nos em tuas grandes asas, aquece-nos e queima com teu fogo! Vem, Espírito Santo, vem (Espírito Santo, vem), desfaz toda a impureza. Vem, Espírito Santo, vem (Espírito Santo, vem), derrama teus santos dons! (Agnus Dei, Vem, Espírito de Deus).

https://www.youtube.com/watch?v=syfCoXIQ8xw 

Pe. Paulo Cezar Mazzi