sexta-feira, 29 de março de 2013

LANÇAR NO CORAÇÃO HUMANO A SEMENTE DA RESSURREIÇÃO


Missa do domingo de Páscoa. Palavra de Deus: Atos do Apóstolos 10,34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.

Enquanto existe vida, existe esperança. Enquanto existe vida, é possível lutar: lutar para vencer uma doença, para superar uma dificuldade; lutar para que se faça justiça, para que nos defender de algo que nos ameaça. Enquanto nos sentimos vivos, nós lutamos; enquanto nos sentimos vivos, não perdemos a esperança. Mas quando chega a morte, não há mais esperança. Quando chega a morte, nos sentimos definitivamente vencidos. Não há mais porque lutar. Não há mais pelo quê esperar.  
Aos olhos humanos, também aos olhos dos discípulos, Jesus havia sido definitivamente vencido pela morte. Mas dois acontecimentos devolveram vida e esperança aos discípulos: o túmulo vazio e o encontro com Jesus Ressuscitado. Por isso, Pedro proclamou: “Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas... a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,39-41). Se a morte colocava fim a todas as nossas esperanças e a todas as nossas lutas, a Ressurreição de Cristo nos diz que é de Deus que nos vem a última palavra: n’Ele nenhuma esperança e nenhuma luta nossa em favor da vida ficarão sem resposta.  
Porque Jesus foi um “amém” vivo ao Pai, isto é, porque a vida dele sempre foi vivida em conformidade com a vontade do Pai, a Ressurreição de Jesus é o “amém” do Pai à vida de seu Filho. E a boa notícia é esta: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram... Em Cristo todos receberão a vida” (1Cor 15,20.22). “Primícias” significam “os primeiros frutos de uma colheita”. Na Ressurreição de seu Filho, o Pai iniciou a grande colheita, que nos dá a certeza de que um dia seremos recolhidos por Ele, isto é, que seremos ressuscitados. Por isso, dizemos com o salmista: “Não morrerei, mas, ao contrário, viverei, para contar as grandes obras do Senhor!” (Sl 118,17).  
Segundo o apóstolo Paulo, a ressurreição não é um prêmio de consolação para depois da morte, e sim uma atitude de vida no hoje da nossa história. Uma vez que cremos na ressurreição de Cristo, devemos nos esforçar “por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus” (Cl 3,1-2). Devemos viver com o coração voltado para o alto, como pessoas que, embora tenham que lidar diariamente com a cruz, são pessoas portadoras da semente da ressurreição. Toda semente guarda uma vida escondida dentro de si. Da mesma forma como o apóstolo Paulo usou a imagem da semente para falar da nossa ressurreição em Cristo (cf. 1Cor 15,42-44), ele nos lembra que a nossa vida, a nossa verdadeira vida, “está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo aparecer em seu triunfo, vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” Cl 3,3-4).
No campo do coração de cada pessoa que encontrarmos neste Tempo Pascal, lancemos a semente da ressurreição! Diariamente encontramos pessoas que desistiram de buscar as coisas do alto e passaram a viver arrastadas pelas coisas da terra, pessoas que desistiram de crer na força da Páscoa, desistiram de se esforçar em fazer a passagem da morte para a vida porque esta passagem se apresenta, à primeira vista, humanamente impossível. Mas a Ressurreição de Cristo nos ensina que a Páscoa não é obra nossa, e sim obra de Deus em nós! É Ele quem nos faz passar! A fé na Ressurreição nunca é a fé naquilo que você pode fazer, mas sempre é a fé naquilo que Deus pode fazer em você.
O túmulo está vazio porque o Deus em quem nós cremos é o Deus vivo! O túmulo está vazio porque Jesus é o Filho do Deus vivo (cf. Mt 16,16), e hoje ele nos diz: “Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e da região dos mortos” (Ap 1,18). Se Jesus tem consigo as chaves da região dos mortos é porque ele tem poder para fazer sair da morte aqueles que nela entraram, seja os que morreram de fato, seja os que se deixaram morrer em tantos sentidos. É o Senhor Ressuscitado quem nos declara neste dia de Páscoa: “Eis que eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). ‘É vida que brota da vida. É fruto que cresce do amor. É vida que vence a morte. É vida que vem do Senhor. Deixei o sepulcro vazio. A morte não me segurou. A pedra que então me prendia no terceiro dia rolou. Eu hoje te dou vida nova! Renovo em ti o amor. Te dou uma nova esperança. Tudo o que era velho passou! Eis que faço novas todas as coisas!’ (Mensagem Brasil, Faço novas todas as coisas). 
Deus te abençoe na força de Páscoa de seu Filho Jesus! Feliz Páscoa! 
Pe. Paulo Cezar Mazzi 

quarta-feira, 27 de março de 2013

EU TE FAREI PASSAR


Vigília Pascal. Palavra de Deus: Gênesis 1,1–2,2; Gênesis 22,1-18; Êxodo 14,15–15,1; Romanos 6,3-11; Lucas 24,1-12

Esta é a noite de todas as noites, a grande noite da Páscoa. Nesta noite, o Senhor se dirige a nós como se dirigiu a Israel na noite da saída do Egito: “Diga aos filhos de Israel que se ponham em marcha” (Ex 14,15). Por que Deus quer que nos coloquemos em marcha? Porque somos um povo pascal, porque somos pessoas pascais, porque a cada dia devemos fazer uma passagem: a passagem da escravidão para a liberdade, do pecado para a graça, da morte para a vida. Mas como colocar-se em marcha? Como fazer a passagem, se o caminho está obstruído, se diante de nós há um imenso mar, uma imensa dificuldade que nos parece impossível de atravessar, de vencer?
É a Palavra do Senhor que nos abre o caminho, para que possamos passar. Quando Israel estava no exílio da Babilônia (séc. VI a.C.), e não via mais como passar, como sair da desolação em que se encontrava, Deus dirigiu a sua Palavra àquele povo para lembrá-lo de que Ele é o Criador, Aquele que fez todas as coisas e as mantém com o poder da sua Palavra (cf. Gn 1,1–2,2), Aquele que iniciou sua obra em cada um de nós, e a quem nos dirigimos pedindo: “Senhor, eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos” (Sl 138,8). Por isso, a imagem do paraíso, descrita na primeira leitura, não é saudade de um passado que não voltará mais, mas esperança de um futuro que será criado por Deus, que tem por desígnio restaurar todas as coisas em seu Filho Jesus (cf. Ef 1, 9-10; Cl 1,19-20).
       Nesta noite de Páscoa, a Palavra do Senhor também nos lembra que sempre que tentamos fazer a passagem, nossa fé é provada: é o momento de oferecermos a Deus o sacrifício do filho (cf. Gn 22,2), o sacrifício das nossas seguranças humanas, e confiar unicamente em Deus, confiar que, aconteça o que acontecer, Deus providenciará aquilo que precisamos para fazer a passagem (cf. Gn 22,8), providenciará o socorro, a ajuda, a proteção. E ainda que venhamos a sofrer perdas nessa passagem, Ele providenciará a sua consolação para nós (cf. Gn 22,13-14). Desse modo, a Palavra do Senhor nos diz que quando não recusamos nada a Deus, quando Lhe obedecemos em tudo, principalmente naquilo que é mais difícil para nós, ali experimentamos a abundância da Sua bênção em nossa vida (cf. Gn 22,16-18).  
Mas é no Êxodo que a Palavra do Senhor nos oferece a imagem por excelência da nossa Páscoa cotidiana. Ali fica claro que o Senhor não apenas caminha à nossa frente, mas também se coloca atrás de nós, para impedir que os inimigos nos alcancem (cf. Ex 14,19-20), como reza o salmista: “Tu me envolves por detrás e pela frente, e sobre mim colocas a Tua mão” (Sl 139,5). Confiando na força do seu Espírito, simbolizada no vento que abre as águas, nós podemos caminhar na direção daquilo que antes parecia intransponível, porque é o Senhor quem nos abre o caminho (cf. Ex 14,21-22), é Ele quem nos faz passar!
São Paulo apóstolo nos lembra, nesta noite pascal, que a força da Páscoa de Cristo nos foi concedida no momento do nosso Batismo. Graças ao Batismo, nós pudemos nos tornar semelhantes a Jesus Cristo na sua morte, para que um dia nos tornemos semelhantes a ele na sua ressurreição. Viver como batizados significa viver como pessoas ressuscitadas, isto é, como pessoas que a cada dia decidem morrer para o pecado e viver para Deus, a exemplo de seu Filho Jesus.   
Por fim, a Palavra do Senhor se pronuncia sobre a passagem mais difícil de todas – muito mais difícil que atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto –, aquela que nenhuma pessoa pode fazer por si mesma: a passagem da morte para a vida. Quando nossas esperanças são sepultadas e uma pedra é colocada sobre elas, para dizer que ali se encerra a nossa busca, a nossa luta, a nossa tentativa de passar; quando precisamos admitir que chegou o fim e é o momento de aceitá-lo, a Palavra do Senhor se pronuncia sobre a nossa morte, também sobre a morte da nossa fé, para remover a pedra e dizer que não devemos procurar entre os mortos aquele que está vivo (cf. Lc 24,5-6), da mesma forma como nunca podemos dar por morta a nossa fé, porque para Deus nenhuma passagem é impossível. Portanto, diante do túmulo vazio de Jesus, você pode proclamar com sua fé que o mesmo Deus, que abre os mares, pode abri-lo a você também; o mesmo Deus, que dissipa a morte, pode dissipá-la em você também; o mesmo Deus, que ressuscita os mortos, pode ressuscitar você também!     

Pe. Paulo Cezar Mazzi

Abrindo mares (Pe. Fábio de Melo)

Quando o Mar Vermelho em minha vida impedir a travessia, quando a morte ameaçar invadir a Terra Prometida, por Teu Nome eu irei clamar! Quando as portas se fecharem para mim, quando a tranca eu não puder quebrar, gritarei por Teu auxílio, meu Senhor. Tuas mãos irão me sustentar, me sustentar!

Tu que abres as portas. Tu que abres os caminhos. Tu que abres os mares, abre também pra mim! Tu que amas os fracos. Tu que encontras os perdidos. Tu que dissipas a morte, vem dissipá-la em mim! Vem dissipá-la em mim, Senhor! Vem dissipá-la em mim! Vem dissipá-la em mim, Senhor! Vem dissipá-la em mim!

Ressuscita-me Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor, pelo poder do Teu amor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me!... Tu que abres as portas... 
Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me, Senhor!

O CUSTO DE UMA DIFÍCIL PASSAGEM


Sexta-feira da paixão do Senhor. Palavra de Deus: Isaías 52,13–53,12; Hebreus 4,14-16; João 18,1–19,42.
  
Nós estamos revivendo o mistério pascal de Jesus, mistério que nos recorda que também nós somos pessoas pascais. Páscoa significa “passagem” e, como vimos ontem, existem passagens que nos desafiam, como por exemplo: passar da doença para a saúde, da solidão para a comunhão, da mágoa para o perdão, da tristeza para a alegria, da morte para a vida... As leituras da Palavra de Deus que acabamos de ouvir nos dizem que a porta que nos possibilita fazer a passagem da qual necessitamos não é a porta larga do bem estar, mas a porta estreita do sofrimento. Como está escrito nos Atos dos Apóstolos: “É preciso passar por muitas tribulações, para entrar no Reino de Deus” (At 14,22).
Se não queremos desistir de entrar pela porta estreita, se não queremos desistir de fazer a nossa páscoa, precisamos olhar para Jesus, olhar para aquele que “não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse”, precisamos olhar para Jesus, o “homem coberto de dores, cheio de sofrimentos” (Is 53,2-3), e aprender com ele a permanecer firmes na fé que professamos (cf. Hb 4,14), a fé pascal, a fé que nos faz passar, que nos faz alcançar o que buscamos. Com Jesus, precisamos aprender a obedecer a Deus por aquilo que sofremos, precisamos aprender a obedecer a Deus também quando sofremos e não somente quando está tudo bem.  
         Se as leituras que ouvimos nos colocam diante da verdade nua e crua do sofrimento de Jesus é para que tomemos consciência do nosso valor para Deus, do preço que Ele pagou para nos resgatar do pecado e da morte eterna. E o preço foi este: o Pai permitiu que seu Filho Jesus fosse “ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo o seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós” (Is 53,5-6). Como, de fato, está escrito no Evangelho segundo São João, a morte de Jesus serviu para reunir todos os filhos de Deus dispersos (cf. Jo 11,52).
       A celebração de hoje nos coloca aos pés da cruz de nosso Senhor Jesus, cruz que se tornou para nós o trono da graça de Deus, como está escrito: “Aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno” (Hb 4,16). Seja qual for a sua necessidade de páscoa, seja qual for a passagem difícil que você precisa fazer na sua vida, é no trono da graça da cruz de Cristo que você deve colocá-la, para receber de Deus o auxílio que você necessita.  
        Assim como Jesus teve que enfrentar a sua cruz, nós temos que enfrentar a nossa. A maneira como Jesus lidou com a sua cruz nos ensina que não devemos buscar o sofrimento por si mesmo, mas também não devemos fugir dele quando se apresenta a nós como consequência da nossa fidelidade ao Pai. Assim como Jesus, nós podemos enfrentar a realidade da nossa cruz proclamando com o salmista: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor! Fortalecei os corações, tende coragem, todos vós que ao Senhor vos confiais!” (Sl 31,6.15-16.25).
         Na cruz de nosso Senhor Jesus depositamos a vida de todos os jovens, dos jovens crucificados pelas drogas, pelo desemprego, pelas doenças, pela violência, pela falta de sentido para a vida. Na cruz de nosso Senhor Jesus depositamos a vida de todas as famílias, de todos os casais, de todas as pessoas que estão doentes, desempregadas, presas, angustiadas, deprimidas, injustiçadas... Clamemos o poderoso sangue do Senhor sobre elas. A elas proclamemos, como o salmista: “Fortaleçam os corações, tenham coragem, todos vocês que ao Senhor se confiam!” (Sl 31,25). 

              Pe. Paulo Cezar Mazzi

Eu entregarei (Dagö)


Eu clamarei o poderoso sangue do Senhor sobre mim, e as cadeias que me cercam irão cair, e meu louvor cantarei! Eu lutarei, com a unção que o Senhor deu para mim. Nem as remotas situações vão resistir, não vão resistir.

Eu entregarei as dores que guardei aos pés da Tua cruz, e confiarei. Já não há o que temer! Por tuas chagas posso crer na vitória!

Eu clamarei...

Uma mesa farta o Senhor preparou, diante dos meus inimigos. Minha taça o Senhor transbordou, eu posso crer, eu posso ver!

PASSAGENS NECESSÁRIAS


Missa da 5a. feira santa. Palavra de Deus: Êxodo 12,1-8..11-14; 1Coríntios 11,23-26; João 13,1-15.

     A nossa vida é feita de passagens. Passamos da infância para a adolescência, da adolescência para a juventude, da juventude para a idade adulta, da idade adulta para a velhice, e um dia, como aconteceu com Jesus, chegará o momento de passarmos deste mundo para o Pai. Algumas passagens são difíceis: passar numa prova, num exame, num concurso, num vestibular. Algumas passagens são ainda mais difíceis: passar da doença para a saúde, do desemprego para o emprego, da solidão para a comunhão, da mágoa para o perdão, da tristeza para a alegria, da morte para a vida – não só no sentido físico, mas também no sentido psicológico e espiritual.
     A noite de hoje nos coloca dentro do mistério pascal de Jesus. Antes de mais nada, ela nos recorda a primeira páscoa, a páscoa dos hebreus, quando o Senhor passou pela terra do Egito, fazendo justiça e libertando seu povo do sofrimento e da escravidão. Nós não estávamos lá, mas esta primeira páscoa também diz respeito a nós. Assim como o povo de Israel, nós também necessitamos ser libertos, necessitamos passar da escravidão, seja do nosso pecado, seja de algo que nos prende à injustiça e ao sofrimento, para a liberdade de sermos filhos de Deus.
        Há um símbolo da primeira páscoa que nos fala da importância de Jesus em nossa vida e em nossa casa: o cordeiro. Assim como o sangue do cordeiro assinalava as casas dos hebreus, poupando-as de serem atingidas pela praga exterminadora, assim invocamos nesta noite o sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus, para que nossa família não seja atingida pelo espírito do mal, que age no mundo. “Quem poderá resistir, se Jesus derramando está seu sangue precioso aqui, neste lugar?!” (Vida Reluz, Quem poderá?).
        As famílias dos hebreus precisavam fazer a difícil passagem da escravidão para a liberdade. Qual passagem precisa acontecer na sua família? Deus quis que a festa da Páscoa fosse celebrada todos os anos, de geração em geração, para nos lembrar de que somos um povo pascal: por mais que tenhamos de enfrentar passagens difíceis, Deus nos ajuda a enfrentá-las, nos ajuda a fazer a passagem necessária. Para isso, ele nos alimenta com o Corpo e o Sangue do Cordeiro, seu Filho Jesus.
Nesta noite, em que recordamos a páscoa dos hebreus e o início da passagem de Jesus deste mundo para o Pai, onde ele celebrou a última ceia com seus discípulos, a Eucaristia que estamos celebrando nos recorda que somos um povo pascal. Como São Paulo apóstolo acabou de dizer, todas as vezes que comemos do Corpo e bebemos do Sangue do Cordeiro, estamos proclamando que Jesus morreu por nós, que venceu a morte em nosso lugar: nele nós podemos fazer a mais difícil de todas as passagens, que é passar da morte para a vida, em todos os sentidos. Ao mesmo tempo, fazemos isso até que ele venha, ou seja, vivemos a nossa fé na certeza de que Jesus virá para salvar definitivamente aqueles que nele esperam.                     
Ao nos dar o seu Corpo e o seu Sangue na Eucaristia, Jesus nos convida a fazer a difícil passagem de quem desistiu de amar para quem decidiu amar até o fim: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus nos diz que precisamos ter uma atitude pascal para com as pessoas, e essa atitude pascal significa amar até o fim aqueles que Deus confiou aos nossos cuidados. Ao nos fazer assentar à mesa da Eucaristia, Jesus nos convida a fazer também a difícil passagem de quem espera ser servido pelos outros para quem decide servir aos outros: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,14-15).  
O que significa, no mundo de hoje, lavar os pés uns dos outros? Significa estar sempre atento e perceber que, onde quer que estejamos, existe alguém que precisa de nós. “Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem sentir-se melhor e mais feliz” (Madre Teresa de Calcutá). Lavar os pés uns dos outros significa ainda ajudar e fazer o bem também às pessoas que não nos são simpáticas, também àquelas que nos traem ou nos prejudicam, a exemplo de Jesus, que lavou também os pés de Judas, que o traiu, e de Pedro, que o negou três vezes...
Como diz Pe. Adroaldo, “há sempre um lar que nos espera, um ambiente carente, um serviço urgente. Há pessoas que aguardam nossa presença compassiva e servidora, nosso coração aberto, nossa acolhida e cuidado amoroso... Sempre teremos “pés” para lavar, mãos estendidas para acolher, irmãos que nos esperam, situações delicadas a serem enfrentadas com coragem... Isso é viver a Eucaristia no cotidiano da vida”. 

Pe. Paulo Cezar Mazzi 

quinta-feira, 21 de março de 2013

FRANCISCO: A BÊNÇÃO DE UM NOVO PAPA PARA A NOSSA IGREJA



            “Não te impressione a sua aparência nem a sua elevada estatura: eu o rejeitei. Não se trata daquilo que veem os homens, pois eles veem apenas com os olhos, mas o Senhor olha o coração” (1Sm 16,7). Essas palavras foram dirigidas por Deus à consciência do profeta Samuel, no momento em que ele estava diante dos filhos de Jessé, para escolher aquele que seria o novo rei de Israel.
            Foi também assim, com uma incrível surpresa, que o mundo testemunhou, na tarde de 13 de março pp., a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para ser o novo Papa da nossa Igreja, um sinal claro de que Deus rejeita os nossos critérios de escolha, para estabelecer o Seu: enquanto nós olhamos a aparência, a idade, a influência, o lugar de origem, a capacidade intelectual, o poder, Deus olha o coração. Assim, acolhemos com imensa alegria e gratidão o Papa Francisco, na esperança de que ele seja um Papa segundo o coração de Deus!
            Ficará para sempre registrado em nossa mente e em nosso coração seu gesto de inclinar-se perante aquela multidão que estava na Praça de São Pedro, para pedir que rezasse por ele, um gesto que não nasceu de uma jogada de marketing, mas daquilo que é próprio dele: a humildade, uma humildade que tem devolvido a inúmeros católicos a simpatia pela Igreja e a credibilidade nela como esposa daquele que disse: “Aprendam que mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
            A escolha do nome Francisco se deve à forte sensibilidade que o nosso novo Papa sempre teve para com os pobres. Numa época em que a Igreja havia se afastado dos pobres e se identificado com os poderosos, corrompendo-se como eles, o Espírito de Deus suscitou a figura de Francisco de Assis, a quem Jesus disse: “Reconstrói a minha Igreja”. Hoje, como católicos, sentimos essa mesma necessidade de ter a nossa Igreja reconstruída, reconstruída não enquanto Instituição, mas enquanto sinal do Reino de Deus, sinal vivo do Evangelho de nosso Senhor Jesus para o mundo. Por isso, a escolha do nome Francisco pelo novo Papa se reveste de um significado muito profundo para nós. 
            Temos esperança em Francisco não por causa dele, mas por causa de Deus, que o escolheu e o colocou em nossa Igreja como Papa. Mas, o que esperar do novo Papa? O que esperar de Francisco? A lista de expectativas e de cobranças é enorme, e esperar que ele corresponda a todas elas, resolvendo todos os problemas da Igreja e do mundo, é humanamente injusto e impossível. Nem Jesus aceitou corresponder a todas as expectativas ou se mover segundo as cobranças das pessoas. O que esperamos de Francisco é que ele seja um instrumento de Deus para reconduzir à fé os que dela se extraviaram e para confirmar na fé os que nela têm procurado se manter até agora.
            Francisco precisará muito da nossa oração. Ele tem sinalizado mudanças, e toda mudança incomoda e encontra resistência, tanto dentro como fora da Igreja. Sem dúvida nenhuma, Francisco precisará de cada um de nós, católicos, para reconstruir a Igreja de Jesus Cristo, uma reconstrução que passa não só por mudanças na forma da Igreja se estruturar e dialogar com o mundo moderno, mas também pela revisão da nossa postura enquanto católicos no seio da sociedade em que vivemos.  

Pe. Paulo Cezar Mazzi

POSICIONAR-SE DIANTE DO SOFRIMENTO


Missa do Domingo de Ramos – Palavra de Deus: Isaías 50,4-7; Filipenses 2,6-11; Lucas 23,1-49.

        Assim como as multidões, “que tinham acorrido para assistir” (Lc 23,48), nós acabamos de “assistir” ao julgamento e à morte de Jesus; acabamos de ver como terminou a vida de Jesus. Como você acha que vai terminar a sua vida? Como você espera concluir a sua vida? Será o momento em que o mundo reconhecerá seus esforços, ou será o momento em que o mundo vai ignorar tudo o que você tentou fazer de bom? Como você acha que será lembrado: como um santo, um herói ou como um bandido, um malfeitor?
Jesus andou pelo mundo fazendo o bem, curando os doentes e libertando os que estavam dominados pelo mal (cf. At 10,38). Diante desse fato, talvez você se pergunte: ‘Como ele pôde ter um fim tão humilhante, sofrido e injusto?’ Mas Jesus te faz uma outra pergunta: “Se fizeram assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?” (Lc 23,31). Se, diante da proposta de Pilatos em castigar Jesus e depois soltá-lo, por não ter encontrado nada nele que merecesse a morte, as pessoas simplesmente ignoraram tudo o que Jesus fez de bom e gritaram a Pilatos: “Fora com ele!” (cf. Lc 23,14-18), o que não farão com você, uma pessoa tão menos santa, tão menos justa, tão menos coerente, em comparação com Jesus?
O Evangelho nos coloca hoje diante da paixão e morte de Jesus não para nos encher de indignação, nem para nos compadecer piedosamente de Jesus, mas para nos tornar conscientes de que, ao longo da vida, teremos que lidar com a cruz: cruz que pode chegar a nós na forma de uma perseguição ou de um julgamento injusto; cruz que pode nos atingir na forma da indiferença em relação ao nosso sofrimento, por parte de todos aqueles que nos cercam; cruz que pode ser simplesmente o ódio do mundo, a violência cega da sociedade ou a atitude de tantas pessoas que descarregam em nós as suas próprias feridas.
O que podemos aprender com Jesus, na forma como ele lidou com a sua cruz? Antes de mais nada, Jesus nos ensina a não fechar os ouvidos ao que Deus quer nos ensinar com a nossa experiência de cruz ou com a experiência de cruz daqueles que nos cercam: “O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás... não desviei o rosto das agressões... Precisei aprender a ouvir como um discípulo, para poder levar uma palavra de conforto à pessoa abatida” (citação livre de Is 50,4-6). Somente quem já se confrontou com sua própria cruz tem algo de significativo e de redentor a dizer a quem sofre.
No momento em que estava sendo crucificado, Jesus orou: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). Esta atitude de Jesus nos ensina que nós não podemos escolher o tipo de sofrimento que nos atingirá, mas sempre podemos escolher a maneira como lidar com ele. Diante das injustiças sofridas por parte de determinadas pessoas, podemos nos tornar amargos e revoltados, ou podemos compreender que essas pessoas não tinham plena consciência do mal que estavam nos fazendo. Elas nos feriram porque já haviam sido feridas antes por alguém.  
Por fim, no momento de sua morte, Jesus expressa uma outra oração: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Assim como Jesus, você também pode suportar um julgamento injusto; pode suportar ver todo o bem que fez durante sua vida ser ignorado pelos outros; pode, inclusive, suportar morrer como um bandido, um malfeitor, se souber a cada dia colocar sua vida nas mãos do Pai, e esperar dele a palavra final sobre sua vida, como dizia o profeta: “o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo,... porque sei que não sairei humilhado” (Is 50,7). Esta Semana Santa quer nos associar pela graça à cruz de nosso Senhor Jesus, para que participemos também de sua ressurreição e de sua vida. 
                Durante esta Semana, não dobramos os joelhos diante de um deus morto; dobramos os joelhos diante d’Aquele que, tendo esvaziado-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz, para depois ser exaltado pelo Pai acima de tudo e tornar-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem (cf. Fl 2,7-9; Hb 5,9).

Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 14 de março de 2013

NÃO HÁ PECADORES SEM FUTURO


Missa do 5º. dom. da quaresma. Palavra de Deus: Isaías 43,16-21; Filipenses 3,8-14; João 8,1-11.

            Uma frase do cardeal Van Thuan nos ajuda a compreender a mensagem do Evangelho que acabamos de ouvir: “Não há santos sem passado, nem pecadores sem futuro”. Todos nós temos um passado, e pode ser que neste passado tenhamos dito ou feito algo do qual nos arrependemos hoje. Mas todos nós também temos um futuro, e o nosso futuro depende da forma como lidamos com o nosso passado e também das atitudes que estamos tendo no presente.
            Chegamos à última semana da quaresma. Iniciamos este tempo vendo que Jesus foi tentado durante os quarenta dias em que ficou no deserto (cf. Lc 4,2), uma indicação de que cada um de nós foi e continua sendo tentado a abandonar os seus propósitos quaresmais. Como você chega a esta última semana da quaresma? Sofreu quedas ao longo do caminho? Abandonou seu propósito de conversão? Há, na sua consciência, vozes acusando você de ter pecado neste período, vozes convencendo você de que esta quaresma foi mais uma tentativa inútil de mudança de vida? Ainda que você se acuse e se condene por algum erro cometido, Jesus lhe diz: “Eu não te condeno. Vai, e de agora em diante não peque mais”.
            A mulher que foi surpreendida em flagrante adultério estava condenada pela Lei a morrer apedrejada (cf. Dt 22,23-24). Quantas pessoas não frequentam mais uma igreja, uma religião, porque se sentem condenadas por Deus? Quantas pessoas se sentem interiormente condenadas pela culpa? Quantos jovens se sentem condenados pelo próprio vício ou já foram sentenciados de morte pelos traficantes? Quantas das nossas palavras são duras como pedras, pedras que atiramos nas outras pessoas ao julgá-las, ao criticá-las, ao comentar sobre elas?
            A atitude de Jesus para com a mulher condenada nos diz que a religião deve funcionar como um espaço onde a pessoa reconheça o seu erro, a sua culpa, mas tome consciência de que não precisa mais viver em função disso, em função do seu passado, como testemunha o apóstolo: “Esquecendo-me do que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus” (Fl 3,13-14).
Em Jesus Cristo, o Pai abriu para todo ser humano um caminho novo (cf. Is 43,18-19). Por meio desse caminho podemos fazer a nossa páscoa, a passagem de uma vida vivida em função de um passado que nos condena para uma vida aberta a um futuro novo, porque “não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm 8,1).
“Não peques mais”. Jesus não veio ao mundo para dizer que não existe pecado ou que ‘pecado’ é uma invenção de algumas religiões para manter as pessoas aprisionadas no sentimento de culpa. Ele veio revelar que o pecado é uma forma errada de administrarmos a nossa vida, de lidarmos com os nossos sentimentos, de buscarmos a nossa felicidade. Ao dizer a cada um de nós “Não peques mais” Jesus está dizendo: ‘Você pode lidar de uma outra forma consigo mesmo, com as pessoas, com a vida e com o mundo à sua volta’.  
“Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”... Ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8,7.9). Quando permitimos que o nosso encontro com Jesus seja profundo, verdadeiro, nós nos desarmamos, nos convencemos de que não precisamos mais caminhar pela vida munidos de pedras, pedras com as quais ferimos os outros e nos ferimos a nós mesmos. Podemos caminhar na vida com o coração mais humanizado, olhando para nós mesmos e para os outros com um olhar de misericórdia e de esperança, porque aprendemos com Jesus que na vida “não há santos sem passado, nem pecadores sem futuro” (Cardeal Van Thuan).  

Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 7 de março de 2013

ABRAÇO PASCAL


Missa do 4º. dom. da quaresma. Palavra de Deus: Josué 5,9a.10-12; 2Coríntios 5,17-21; Lucas 15,1-3.11-32.

         A vida tem inúmeros caminhos, e muitos deles nos levam para longe de Deus, para longe da nossa verdade. Não há alguém que já não tenha se enganado e seguido por um caminho errado. Todos nós podemos nos reconhecer nessa atitude do filho mais novo: “juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada” (Lc 15,13). Às vezes queremos dar um tempo, nos distanciar de Deus, da oração, da Igreja, daquilo que aprendemos como certo; queremos viver a nossa vida do nosso jeito, a partir da nossa cabeça, uma vida “desenfreada”, isto é, sem o “freio” da religião, da moral, da ética etc.
        A fome e a humilhação na qual o filho mais novo se encontra, consequências do mau uso da sua liberdade, é o retrato da solidão, uma solidão que você certamente conhece. As mesmas pessoas que incentivam e aplaudem você quando decide jogar tudo pro alto e abandonar valores como família, religião, honestidade, fé, responsabilidade etc., sempre deixam você sozinho com a sua dor, o seu fracasso e o seu arrependimento. Nessas horas, quando os falsos amigos saem de cena, é preciso reconhecer na sua consciência a presença daquele que sempre esperou pelo momento em que caísse em si e reconhecesse: ‘estou longe da minha verdade. Preciso voltar para o meu Pai’.
      Conhecemos inúmeros jovens que estão nessa experiência do filho mais novo. Mas é preciso reconhecer também que inúmeros jovens não têm para onde voltar; não têm – e alguns nunca tiveram – um pai esperando por eles. Nas famílias, é cada vez maior a ausência do pai. Além disso, são muitas as pessoas que nunca tiveram em sua vida a experiência de Deus como Pai. Neste sentido, o Evangelho nos convida a ser uma presença de Deus, uma presença do Pai numa sociedade onde muitos se sentem órfãos, também porque rejeitaram o Pai, rejeitaram Deus.    
Estamos próximos da festa da Páscoa, e o Evangelho nos antecipa a imagem dessa festa: alguém estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado! (cf. Lc 15,24.32). Jesus contou esta parábola justamente porque foi criticado pelos fariseus e pelos mestres da Lei: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles” (Lc 15,2). Jesus nos convida a fazer como ele: a nos colocar junto de cada pessoa que, por diversos motivos, decidiu morrer, decidiu se perder, para dizer-lhe que aquele que está agora morto pode voltar a viver, aquele que está agora perdido pode deixar-se encontrar!
Em um mundo onde ninguém se importa com ninguém, onde com muita facilidade deixamos de crer na possibilidade da volta, da mudança, da conversão, Jesus nos diz que a fé é sempre uma fé pascal: para quem crê, sempre existe uma páscoa, uma passagem, um caminho de volta. Para quem tem fé, sempre existe uma passagem da morte para a vida, da perda para o reencontro. Além disso, Jesus também nos lembra que a páscoa, a passagem da morte para a vida, acontece sempre que decidimos nos levantar e voltar ao Pai, assim como também acontece sempre que decidimos perdoar o irmão.
O coração do Evangelho está aqui: “Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos... ‘Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’” (Lc 15,20.23-24). O retrato mais verdadeiro de Deus está aqui. Somos provocados por esta cena a nos deixar abraçar pelo Pai. É possível que também estejamos longe dele, longe da sua compaixão para com quem erra. Precisamos do seu abraço, para que o nosso coração deixe de se referir ao que erra como “esse teu filho” e passe a reconhecê-lo como “este meu irmão”.  
Enfim, o abraço do Pai precisa chegar, por meio de você, a muitos que ainda estão longe. Erga os seus olhos e você os verá, cruzando o seu caminho todos os dias. Não perca a oportunidade de correr ao encontro deles e, de alguma forma, lhes comunicar o abraço do Pai, devolvendo-lhes a fé pascal de que eles podem voltar a viver, podem deixar-se encontrar novamente pelo Pai. 
Pe. Paulo Cezar Mazzi