Missa da Assunção de Maria. Palavra de Deus: Apocalipse 11,19a; 12,1-6a.10ab. 1Coríntios 15,20-26.28; Lucas 1,39-56
Qual será o ponto final da história
terrena de cada um de nós? O ponto final da história terrena de Jesus foi a sua
ascensão ao céu, a sua subida, a sua elevação até junto de Deus Pai. Pelo fato
de Maria estar unida ao seu Filho desde o momento da concepção, passando por
sua vida pública e terminando na cruz, nossa Igreja acredita que, no momento da
sua morte, Maria foi assunta, isto é, foi elevada em corpo e alma ao céu. Por
que “em corpo e alma” e não somente “em alma”? Porque o corpo de Maria foi um
corpo sem a mancha do pecado, preparado por Deus desde toda a eternidade para
gerar seu Filho Jesus. “Sendo Maria a ‘cheia de graça’, sem sombra alguma de
pecado, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus” (Missal dominical).
Mas o que o dogma (afirmação de fé)
da Assunção de Nossa Senhora tem a nos dizer? Esse dogma aponta para a “meta
final da redenção: a glorificação da humanidade em Cristo. Maria chama hoje os
cristãos a se considerarem inseridos na história da salvação e destinados a
conformar-se a Cristo na glória... É a mãe que nos espera e convida a caminhar
para o reino de Deus” (Missal dominical). Desse modo, podemos entender que o
ponto final da nossa história terrena é a nossa glorificação em Cristo. Embora
já tenhamos sido salvos por Jesus, nós somos, enquanto Igreja, aquela Mulher
grávida que grita em dores de parto. Somos homens e mulheres grávidos de sonhos
e de esperanças. Trabalhamos e lutamos diariamente para gerar justiça,
reconciliação e libertação para a humanidade, mesmo sabendo que no mundo em que
vivemos age o dragão do mal, tentando devorar aquilo que com tanto esforço
geramos.
Maria nos convida a confiar na
intervenção de Deus na história humana. Justamente porque “sua misericórdia se
estende de geração em geração, sobre aqueles que o temem” (Lc 1,50), Deus volta
seus olhos para os pequenos e humilhados, como “olhou para a humilhação de sua
serva” (Lc 1,47). Agindo com a força do seu braço, Ele salva o Filho que nasceu
em meio a grandes dores de parto, impedindo que o dragão do mal o devore. Isso
significa que, se o maligno nos persegue e nos ataca por sermos cristãos,
devemos saber que pertencemos a Deus e, justamente no momento mais crítico,
onde o mal parece estar muito próximo da vitória, ali Deus intervém e nos salva
como seu povo (cf. Ap 12,5). Portanto, essa imagem do Apocalipse quer nos
tornar conscientes de que o mundo sempre será para nós, cristãos, o lugar do
combate, da ameaça, de uma fidelidade custosa, o tempo em que o mal parece
prevalecer nos seus ataques, mas, sobretudo, o tempo em que a poderosa mão de
Deus nos socorre, nos protege e nos impede de sermos alcançados pelo mal.
Assim
como o Pai recolheu o corpo de seu Filho morto na cruz e o transformou num
corpo glorificado na ressurreição, assim como Ele recolheu Maria em corpo e
alma ao céu, assim Deus recolherá as nossas lutas, os nossos sonhos, as nossas
lágrimas, e os transformará numa vida nova, como diz a Escritura: “Cristo ressuscitou
dos mortos como primícias (primeiros frutos de uma colheita) dos que
morreram... Em Cristo todos reviverão” (1Cor 15,20.22). É por isso que o
salmista proclama: “Já contaste os meus passos errantes, recolhe minhas
lágrimas em teu odre!” (Sl 56,9), o que significa que cada lágrima do justo
terá sua recompensa no céu (cf. Is 25,8; Ap 7,17).
Não há dúvida de que a luta contra o
Dragão do mal é sentida de forma mais intensa na vida de pessoas que procuram
andar no caminho de Deus e manter a fé em Jesus Cristo. Contudo, devemos
confiar na vitória final de Cristo: todos os inimigos da vida e da esperança serão
postos debaixo dos pés de Jesus, sendo que “o último inimigo a ser destruído é
a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés” (1Cor 15,26-27). Que à
semelhança de Nossa Senhora cada um de nós, no seio da sociedade humana, possa
proclamar a força do braço do nosso Deus, que recolhe o suor da nossa luta, do nosso
esforço, e as lágrimas da nossa dor para tornar o mundo melhor, e transforma tudo
isso segundo o Seu desígnio de vida e de salvação para a humanidade.
Neste
terceiro domingo de agosto, mês vocacional, celebramos o dia do(a)s
Religioso(a)s, das pessoas que não se casaram por causa do Reino dos céus (cf.
Mt 19,12), homens e mulheres cuja afetividade não foi direcionada para alguém
em particular, mas para amar a todos, especialmente os que não se sentem ou de
fato não são amados em nosso mundo. Assim como Maria, elevada em corpo e alma
aos céus, o(a)s religioso(a)s são um sinal a nos lembrar que o desejo último de
cada um de nós é nos unir definitivamente a Deus na sua Glória, como Maria
está.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
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