quinta-feira, 24 de abril de 2014

CRER, MESMO SEM PODER VER, SENTIR OU TOCAR

Missa do 2º. dom. da Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 2,42-47; 1Pedro 1,3-9; João 20,19-31.

“Se eu não vir..., não acreditarei” (Jo 20,25). Essas palavras de Tomé estão cada vez mais presentes no coração das pessoas. Enquanto elas não enxergarem com seus próprios olhos alguma evidência sobre a existência de Deus, não acreditarão que Ele de fato existe. Muitos outros até acreditam na existência de Deus, mas não acreditam que Ele as ama, que Ele se importa com elas. Neste caso, as palavras de Tomé: “Se eu não vir..., não acreditarei” (Jo 20,25), podem ser traduzidas por: “Se eu não experimentar em minha própria vida que Deus me ama, que Ele se importa comigo, não acreditarei no Seu amor, na Sua misericórdia”.
Sem dúvida nenhuma, a fé tem um componente pessoal, e não só comunitário. Só pode crer, só pode ter fé aquele que teve um encontro pessoal e profundo com Deus. Todos nós precisamos fazer uma experiência de Deus em nossa história de vida. Mas a questão é como entendemos essa experiência de Deus. Uma vez que vivemos numa época que supervaloriza o emocional e o imediato, se não nos emocionamos e não sentimos Deus de maneira imediata, quando O buscamos, acabamos por abandonar a nossa fé. Porque não O encontramos aqui e agora, deixamos de buscá-Lo.  
Como era a experiência de Deus e de ressurreição que os primeiros cristãos faziam? Eles “eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). O que sustentava a fé dos primeiros cristãos era a perseverança, não as emoções, nem o imediatismo. Sentindo ou não Deus, eles perseveravam na escuta da Palavra de Deus, na ajuda fraterna, na celebração da Eucaristia e na vida de oração. Além disso, “todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum” (At 2,44). A fé desses primeiros cristãos não era individualista, mas preocupada com as necessidades do próximo. Ajudando-se mutuamente, eles sentiam a presença do Ressuscitado no meio deles.
O apóstolo Pedro acabou de nos afirmar que, por meio da ressurreição de Seu Filho, o Pai fez nascer em nós uma esperança viva: nós fomos guardados para a salvação! Isso é – ou deveria ser – motivo de alegria para nós! Mas essa alegria não é uma alegria alienada, fora da realidade. Pelo contrário, é uma alegria que precisa subsistir mesmo quando nos sentimos aflitos, “por causa de várias provações” (1Pd 1,6) que temos que enfrentar, provações que estão aí não para destruir a nossa fé, mas para comprovar que ela é verdadeira!  
Talvez muitos de nós não tenham entendido isso ainda: o fato de Jesus ter ressuscitado não fez com que o mundo se tornasse um paraíso. O fato de nós crermos na ressurreição de Jesus não nos livra de determinadas aflições. Nós devemos enfrentar momentos difíceis e passar por determinados sofrimentos para que a nossa fé demonstre se é verdadeira ou se é somente uma emoção passageira. O perigo aqui é o de nos comportarmos como Tomé, colocando a seguinte condição para crer: “Se essa aflição que eu passo, se essa provação que eu estou tendo que enfrentar não for removida, eu deixarei de acreditar na misericórdia de Deus e na ressurreição de Jesus Cristo”.    
         Jesus disse a Tomé: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). E o evangelista João complementa que tudo aquilo que ele escreveu no Evangelho foi escrito “para que acrediteis que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). Hoje pedimos ao Senhor nos conceda a graça da perseverança, que sustentava a fé dos primeiros cristãos, a graça de suportar as aflições e as provações, para que a nossa fé seja comprovada como verdadeira. Um cristão verdadeiro não vive por aquilo que vê; ele vive por aquilo que crê. Não são os nossos olhos que precisam se abrir, mas é o nosso coração que precisa ser tocado pela graça da fé, para que possamos dizer: “Mesmo se eu não vir, mesmo se eu não sentir, mesmo se eu não puder tocar, continuarei a acreditar que o meu Senhor e o meu Deus está vivo, ressuscitado, e que, pela minha fé n’Ele, eu estou guardado(a) para a salvação!”


                                            Pe. Paulo Cezar Mazzi 

domingo, 20 de abril de 2014

A MORTE NOS IGUALA; A FÉ NA RESSURREIÇÃO NOS DIFERENCIA

Missa do domingo de Páscoa. Palavra de Deus: Atos 10,34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.

A morte pode nos atingir de várias maneiras, a partir de fora. Mas o problema é quando nós nos deixamos morrer a partir de dentro. Algumas pessoas, depois de serem atingidas por algum tipo de morte, reagiram e decidiram ressuscitar, enquanto outras se entregaram e se deixaram morrer. Nós conhecemos países ou cidades que, depois de serem destruídos por uma catástrofe ambiental, conseguiram se levantar e se reconstruir. Nós também conhecemos pessoas que, depois de um acidente, depois de uma doença, de uma grande perda, aos poucos foram reagindo, retomando o desejo de viver e hoje estão “ressuscitadas” no meio de nós. Mas também conhecemos pessoas que, por muito ou por pouco, entregaram-se ao desânimo, ao fatalismo, e estão como que mortas no meio de nós.
    Ainda estava escuro, quando Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus e viu que a pedra tinha sido retirada. Quando estava escuro, quando todas as esperanças humanas haviam se apagado, quando se pensava que a única coisa a ser feita era chorar a morte de Jesus, o Pai interveio e ressuscitou o Seu Filho, concedendo-lhe manifestar-se aos discípulos, que comeram e beberam com Jesus depois que ressuscitou dos mortos (cf. Atos 10,40-41). A ressurreição de Jesus se deu no meio da noite, quando todos dormiam: primeiro, para ficar claro que ela foi obra de Deus, e não de um ser humano; segundo, para nos dar a certeza de que “Nunca houve noite que pudesse impedir o nascer do sol e a esperança. E não há problema que possa impedir as mãos de Jesus pra me ajudar. Haverá um milagre dentro de mim! Vem descendo o rio pra me dar a vida. Este rio que emana lá da cruz, do lado de Jesus. Aquilo que parecia impossível. Aquilo que parecia não ter saída. Aquilo que parecia ser minha morte, mas Jesus mudou minha sorte. Sou um milagre: estou aqui!” (Banda Louvor e Glória, Sou um milagre).
Da mesma forma como não há noite que possa impedir o nascer do sol e a esperança, não há situação que Deus não possa mudar, assim como não há morte que possa nos impedir de ressuscitar. Deus constituiu Jesus juiz dos vivos e dos mortos (cf. Atos 10,42). Por isso, São Paulo afirma que “se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14,8). Diante dessa verdae bíblica, cada um de nós pode dizer: ‘Eu pertenço a ti, Senhor. Em tuas mãos está o meu viver e também o meu morrer. Quer eu me sinta vivo, quer eu me sinta morto, que eu nunca perca a consciência de que pertenço a ti e estou em tuas mãos, mãos que cuidam de mim, mãos que me amparam e me conduzem, mãos que podem me retirar da morte e me conduzir para a Vida’. “Cuidas de mim. Sei que tu cuidas de mim, Senhor. Cuidas de mim. Sei que tu cuidas de mim, Senhor. Ainda que eu ande pelo vale e o atravesse à sombra da morte, cuidas de mim, cuidas de mim. Mesmo que eu não queira a tua presença, mesmo que eu me afaste de ti, cuidas de mim, cuidas de mim!” (Pe. Fábio de Melo, Cuidas de mim).
A morte nos iguala a todos, independente da raça, do nível social, da crença. Todo ser humano morre. A única coisa que nos diferencia é a nossa fé na ressurreição. Quem crê na ressurreição não apenas enxerga a morte de uma outra forma, como também vive sua vida de uma outra forma. Quem crê na ressurreição, se esforça por alcançar as coisas do alto, onde Cristo ressuscitado está, sentado à direita de Deus (cf. Cl 3,1-2). Para que possamos experimentar a força da ressurreição em nós, precisamos nos esforçar por alcançar as coisas do alto, e não nos perder em meio às coisas terrestres. Isso supõe o cuidado com a espiritualidade, com a leitura/meditação da Palavra de Deus, com o reconhecer Jesus na pessoa dos necessitados, com o viver a nossa vida segundo os valores do Reino de Deus e não segundo as leis do mercado ou segundo uma conduta corrupta...
Assim como Jesus, após a ressurreição, mandou seus discípulos testemunharem que Ele ressuscitou e se tornou Senhor dos vivos e dos mortos, assim hoje Ele nos envia como Sentinelas da Manhã, que anunciam a chegada do sol, da luz da vida nova, anunciando o alvorecer de um novo tempo, preparando a humanidade para quando Cristo, na sua segunda vinda, aparecer em seu triunfo e nos revestir da sua glória.
         No coração da noite pode o medo chegar. Espero ansiosamente a luz da aurora aparecer. Eu sei, que a manhã logo vem. Vem o alvorecer de um novo tempo! (bis) Mas ainda é noite... Tenho um posto pra guardar. Sou chamado a anunciar. Até meu nome Deus trocou. Agora eu já sei quem sou, eu sou... Sentinela da Manhã que anuncia a chegada do sol, proclama que Jesus Ressuscitou! (bis) Eu sei que o dia vem. Vem, maranathá, vem! Jesus, minha esperança, que nunca me engana. Eu sei: o mundo quer Sua luz. Quer o alvorecer de um novo tempo. Mas ainda é noite (Banda Arkanjos, Sentinela da Manhã).

                        Pe. Paulo Cezar Mazzi

sábado, 19 de abril de 2014

QUANDO TUDO PARECE PERDIDO, DEUS INTERVÉM COM O PODER DA RESSURREIÇÃO

Vigília Pascal. Palavra de Deus: Gênesis 1,26-31a; Êxodo 14,15 – 15,1; Isaías 54,5-14; Romanos 6,3-11; Mateus 28,1-10. 

Por que, nesta noite de Páscoa, nós recordamos fatos tão antigos, como a história da criação do ser humano, a história da libertação de Israel do país do Egito e a promessa da libertação do exílio na Babilônia? Porque, como disse o apóstolo Paulo, “essas coisas aconteceram com o povo de Israel para servir de exemplo e foram escritas para a nossa instrução, nós que fomos atingidos pelo fim dos tempos” (1Cor 10,11).     
Desse modo, a história da criação nos ensina que Deus é a inteligência que está por trás de toda a evolução do universo. E dentre todas as criaturas, Ele fez do ser humano a sua obra mais perfeita. Deus não criou o ser humano como um gênero indefinido, mas os criou homem e mulher; criou o homem com a sua identidade masculina e a mulher com a sua identidade feminina. E os criou capazes de fecundidade. E lhes confiou a tarefa de cuidar (submeter e dominar) do planeta Terra. Para alimentar tanto aos homens como aos animais, Deus criou as plantas que dão semente, as árvores que dão fruto e os vegetais. Portanto, não era necessário derramar de sangue um ser vivo para homens e animais se alimentarem. E Deus viu tudo quando havia feito, e eis que tudo era muito bom.
Hoje, o que vemos é uma humanidade que se afastou do seu Criador; muitas pessoas se sentem órfãs neste mundo, sem Deus, sem um Pai; muitos estão fragilizados na sua identidade; por medo do presente e pelo pessimismo em relação ao futuro, muitos substituíram a fecundidade pela esterilidade; o cuidado pelo Planeta se perverteu em consumismo e em desperdício dos recursos naturais, e o sangue se tornou presente não somente em nossa mesa, mas também na rotina do nosso dia a dia. Devido à ganância e ao egoísmo do ser humano, a terra se tornou um lugar de opressão, de violência e de escravidão.
Por Deus não ter abandonado a criação a si mesma, Ele decidiu intervir e libertar o seu povo, escravo no Egito. E como toda libertação envolve luta, esforço, sacrifício, Deus ofereceu sua ajuda a Israel por meio de uma coluna de nuvem, que se colocou “entre o acampamento dos egípcios e o acampamento dos filhos de Israel. Para aqueles a nuvem era tenebrosa, para estes iluminava a noite. Assim, durante a noite inteira, uns não puderam se aproximar dos outros” (Ex 14,20). Do mesmo modo, nós também clamamos: “Vê, Senhor, meus inimigos que se multiplicam, e o ódio violento com que me odeiam. Guarda-me a vida! Liberta-me!” (Sl 25,19-20). “Livra-me dos meus inimigos, Senhor, pois estou protegido junto a ti” (Sl 143,9). “Que me possa conduzir tua justiça, por causa do inimigo! À minha frente aplainai vosso caminho, e guiai meu caminhar!” (Sl 5,9).
Todo processo de libertação enfrenta resistência. Assim como Israel se deparou com o Mar Vermelho, nós sempre encontramos obstáculos em nosso caminho. Durante toda a noite o Senhor fez soprar um vento muito forte, e as águas se dividiram. Naquele dia, o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios. Da mesma forma como é o Senhor quem nos faz sair da escravidão, é Ele quem nos faz atravessar os obstáculos e prosseguir em nossa caminhada de libertação. Senhor, mesmo quando as portas se fecharem para mim, quero continuar a crer em ti, pois em ti existe sempre uma saída. Tu que abres as portas, tu que abres os caminhos, tu que abres os mares, abre também pra mim. Tu que amas os fracos, tu que encontras os perdidos, tu que dissipas a morte, vem dissipá-la em mim.
Passaram-se alguns séculos, e Israel foi retirado da sua terra e levado para o cativeiro na Babilônia, por causa da sua infidelidade a Deus. Nessa experiência de exílio, Israel se sentia como uma mulher abandonada e de alma aflita, o retrato da humanidade hoje. Mas o profeta Isaías diz que o Senhor, Aquele que nos criou, é o nosso Esposo. Ele nos fez uma promessa: “Podem os montes recuar e as colinas abalar-se, mas minha misericórdia não se apartará de ti. Longe da opressão, nada terás a temer; serás livre do terror, porque ele não se aproximará de ti”. Apesar da nossa infidelidade, Deus permanece fiel ao Seu amor por nós.
Nesta noite de Páscoa, o apóstolo Paulo nos convida a fazer morrer em nós o nosso velho homem, aquelas atitudes que nos mantém presos ao nosso pecado. Se queremos ressuscitar com Cristo para uma vida nova, primeiro preciso morrer com Ele, crucificando o nosso pecado. Somente quando aceitamos nos identificar com Cristo por uma morte semelhante à sua é que podemos nos identificar com Ele por uma ressurreição semelhante à Sua. Sem a nossa disposição em fazer morrer o nosso pecado, não podemos experimentar a alegria da ressurreição de Cristo.
Ao anunciar a ressurreição de Cristo, o evangelho falar de dois sentimentos ou de duas atitudes opostas: medo e alegria. Tanto o anjo, que desceu do céu e retirou a pedra do sepulcro onde estava Jesus, como o próprio Jesus ressuscitado dizem às mulheres: “Não tenhais medo!” (Mt 28,5.10). Quais são os nossos medos? Medo de fracassar, medo da solidão, medo de ficar doente, medo de perder alguém, medo da violência, medo de morrer... Nós podemos ter motivos bastante concretos para ter medo, mas, como lembrou o Papa Francisco, “quando tudo parece perdido, quando não resta ninguém... é aí, então, que Deus intervém com o poder da ressurreição. A ressurreição de Jesus é a intervenção de Deus Pai quando a esperança humana estava perdida. No momento em que tudo parece perdido, no momento de dor, no qual muitas pessoas sentem que precisam descer da cruz, é o momento mais próximo da Ressurreição... No momento mais sombrio, Deus intervém e ressuscita”.                                                                                                   Apesar de estarem com medo, as mulheres “correram com grande alegria para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas e disse: ‘Alegrai-vos!’” (Mt 28,8-9). Alegrem-se, porque eu ressuscitei para estar com vocês todos os dias (cf. Mt 28,20). Alegrem-se, porque a morte foi vencida! Alegrar-se significa que, aconteça o que acontecer, nunca devemos nos dar por mortos! Alegra-se significa ter a certeza de que toda lágrima será enxugada, toda dor será curada, toda ferida aberta será fechada, todo luto será removido, toda morte será transformada. A alegria que Jesus nos traz com a sua ressurreição não tem razões humanas, isto é, ela não depende de condições humanas para surgir em nós. Essa alegria é um dom de Deus e também fruto da nossa fé em Deus, cujo amor se levanta acima de toda esperança humana que se perdeu. Alegria, alegria, irmãos, pois se hoje nos amamos, é porque ressuscitou! Se com Ele morremos, com Ele vivemos, com Ele cantamos, Aleluia! Ressuscitou! Ressuscitou! Ressuscitou! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Ressuscitou! 

                                                                       Pe. Paulo Cezar Mazzi

sexta-feira, 18 de abril de 2014

ABRAÇADOS PELA CRUZ DE CRISTO

Sexta-feira da paixão do Senhor. Palavra de Deus: Is 52,13–53,12; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1–19,42.

Jesus “foi provado em tudo como nós” (Hb 4,15). Quantas provações você já passou na sua vida? Por qual provação você está passando agora? Qualquer que seja a dor, o sofrimento, a provação que tenhamos que enfrentar na vida, tudo isso foi assumido e enfrentado por Jesus na cruz. Diante de toda e qualquer dor, sofrimento, ou provação que tenhamos que enfrentar na vida, o autor da carta aos Hebreus nos convida: “permaneçamos firmes na fé que professamos” (Hb 4,14), porque temos, no céu, Jesus, aquele que, com sumo sacerdote, intercede por nós: Ele “é capaz de se compadecer de nossas fraquezas” (Hb 4,15).  
Meditando sobre o sofrimento de Cristo na cruz, o autor da carta aos Hebreus também nos lembra uma outra coisa muito importante: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu” (Hb 5,8). Nós somos pessoas obedientes à vontade de Deus? “Obediência” é uma palavra que não faz parte do nosso vocabulário. Nós não gostamos de obedecer, porque queremos que prevaleça a nossa vontade, não só diante das pessoas, mas diante de Deus também. Não percebemos que, quanto maior é a nossa rebeldia, a nossa teimosia, a nossa auto-afirmação, mais o sofrimento pode se tornar necessário, até que aprendamos a obedecer a Deus.
Ao descrever o sofrimento do Servo de Deus, o profeta Isaías afirmou que ele “não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse” (Is 53,2). Nós vivemos numa sociedade que supervaloriza a beleza, a estética, e despreza o que não se encaixa nesses padrões. No entanto, Deus pode se manifestar em nossa vida por meio de algo que não tenha beleza, que não tenha aparência que nos agrade. Você já acolheu aquilo que em você não é bonito, nem atrativo, nem agradável? Jesus amava a todos, enxergava a todos, acolhia a todos, mas quis se fazer próximo daqueles que não eram amados, vistos, nem acolhidos pela sociedade do seu tempo. Ele quer que façamos o mesmo.
Apesar de levar alegria e esperança para as pessoas, Jesus era também um “homem coberto de dores, cheio de sofrimentos” (Is 53,3), porque Ele não desviou o seu rosto da dor humana, isto é, não se tornou indiferente ao sofrimento que atinge as pessoas. Pelo contrário, Ele quis tomar “sobre si nossas enfermidades” e sofrer, “ele mesmo, nossas dores” (Is 53,4), para que cada um se nós pudesse ter a certeza de que não existe nenhuma dor em que somos deixados sozinhos por Deus. 
Por isso, a cada um de nós que faz a sua experiência de cruz, o salmista diz: “Fortalecei os corações, tende coragem, todos vós que ao Senhor vos confiais!” E dessa forma, nós também rezamos com o salmista: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel... Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor!”                                                                                                             Na sua cruz, Jesus abraçou a cada um de nós e nos amou até o fim. Por isso, podemos dizer com o apóstolo Paulo: “A minha vida neste mundo eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Como disse o Papa Francisco, a cruz de Jesus nos dá a certeza do amor fiel de Deus por nós. Seus braços estendidos são um convite para nos abrigarmos em Seu amor. A cruz também nos ensina a olhar para o outro com misericórdia e amor, principalmente o que sofre, o que precisa de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto nosso. 

                                                     Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 17 de abril de 2014

VIVER SEGUNDO A EUCARISTIA QUE COMUNGAMOS

Missa da Ceia do Senhor. Palavra de Deus: Êxodo 12,1-8.11-14; 1Coríntios 11,23-26; João 13,1-15.

Vimos, na primeira leitura, como as famílias dos hebreus prepararam a ceia do cordeiro, antes de saírem do Egito. Acabamos de ver, no Evangelho, o que Jesus fez na sua última ceia, quando, como lembrou a segunda leitura, entregou seu corpo e seu sangue aos discípulos como alimento. Estes textos bíblicos nos fazem pensar nas nossas refeições. Como elas acontecem?
Em muitas famílias não existe uma refeição que seja feita em comum, seja porque os horários de estudo e de trabalho não permitem, seja porque, quando todos estão em casa, cada um come num lugar separado, ou se faz a refeição diante do computador ou diante da televisão. Essa dificuldade em sentar-se juntos ao redor de uma mesa serve para que a família fuja do diálogo e não tenha que conversar sobre coisas que exigem serem enfrentadas.
Enquanto vamos nos distanciando uns dos outros dentro de casa, o espírito exterminador vai tendo mais espaço para agir em nossa família, às vezes se alojando no coração do pai; às vezes, no coração da mãe; às vezes, no coração de um dos filhos. O espírito exterminador é bem concreto. Ele se manifesta na bebida e nas drogas, no abuso sexual dentro de casa, no suicídio de jovens, nos crimes em família, nas dívidas, nos desentendimentos, nas separações, no isolamento, na solidão etc.
As famílias dos hebreus não foram atingidas pelo espírito exterminador porque marcaram as portas das suas casas com o sangue do cordeiro. Aquele sangue prefigurava o sangue de Jesus, que seria derramado na cruz. O sangue na porta não é um sinal mágico. Sangue é sinônimo de sacrifício. Jesus derramou seu sangue na cruz porque amou até o fim. Nossas casas, nossas famílias podem ser poupadas do extermínio ser nós nos dispusermos a nos sacrificar por aqueles que amamos, se nós amarmos até o fim.
Jesus nos deu o exemplo: “Se eu, o Senhor e mestre, vos lavei os pés uns dos outros, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13,14). Para lavar os pés de alguém precisamos nos levantar, sair do nosso lugar, da nossa posição de quem se considera dono da razão, tirar o nosso manto, nos despir do nosso orgulho, colocar uma toalha em nossa cintura, símbolo de quem se coloca a serviço, derramar água numa bacia, deixando fluir de dentro de nós a misericórdia, a compreensão, e lavar os pés daqueles que precisam do nosso amor.
 Jesus lavou os pés de todos os seus discípulos: de Tiago e de João, que discutiam quem se sentaria à direita e à esquerda de Jesus no Reino de Deus; de Pedro, que negaria Jesus por três vezes; de Judas, que na última ceia já estava determinado a trair Jesus. Jesus lavou os pés de todos aqueles homens, mesmo sabendo que, quando chegasse o momento da sua prisão, eles fugiriam para um para um lado, e o deixariam sozinho para enfrentar a cruz.
Hoje somos nós que nos encontramos ao redor da mesa com Jesus. Assim como os discípulos, somos pessoas que nem sempre conseguem amar até o fim; pessoas que comungam a oferenda do corpo de Cristo, mas que muitas vezes não se oferecem para ajudar no trabalho do anúncio do Evangelho; pessoas que comungam do sacrifício de Cristo, mas que começam a achar que não vale a pena sacrificar-se pela família, pela verdade e pela justiça. Apesar de tudo isso, Jesus se dá a nós na Eucaristia porque, como disse o Papa Francisco, a Eucaristia não é prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos.
A Eucaristia é a retrato vivo de Jesus. Ele sempre foi corpo dado e sangue derramado. Assim somos chamados a ser também: fazer da nossa vida uma oferenda agradável ao Pai; sacrificar parte do nosso tempo pelo bem da família, da Igreja, da sociedade, da humanidade, sobretudo pelo bem dos necessitados. Cada vez que comungamos do Corpo e do Sangue de Jesus, estamos proclamando que Ele nos amou até o fim; estamos pedindo que o seu Sangue esteja nas portas da nossa casa, para resguardar a nossa família; estamos assumindo com Ele o serviço em favor dos que necessitam de nós; enfim, estamos aguardando a sua vinda definitiva, na esperança de sermos introduzidos no banquete do Reino de Deus. 

                                                              Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 10 de abril de 2014

LAVAR AS MÃOS DIANTE DO SOFRIMENTO INJUSTO?

Missa do Domingo de Ramos. Palavra de Deus: Mateus 21,1-11; Isaías 50,4-7; Filipenses 2,6-11; Mateus 27,11-54.

Quem é o Herói no mundo de hoje: Jesus ou Barrabás? Quem você quer que seja solto? Por quem você sente fascínio: por pessoas que vivem segundo Jesus ou segundo Barrabás?
A lista dos heróis do mundo em que vivemos é bastante variada: MC’s, artistas de novelas, cantores, milícias, traficantes, funkeiros, jogadores de futebol, bandas nacionais ou estrangeiras etc. Para identificar, nessa lista, quem vive segundo Jesus e quem vive segundo Barrabás, é importante se lembrar do que Deus disse por meio do profeta Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal, dos que transformam as trevas em luz e luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo... dos que absolvem o ímpio mediante suborno e negam ao justo sua justiça!” (Is 5,20.23).
Barrabás continua a ser escolhido no lugar de Jesus porque vivemos numa constante inversão de valores na forma de entender a família, o casamento, a sexualidade, na forma de usarmos a nossa liberdade, na maneira de nos vestir e de nos comportar. Embora nos consideremos cristãos, na prática o nosso Herói não é Jesus Cristo, mas tantos anti-heróis que propagam contravalores pelos meios de comunicação. Um exemplo concreto: dê uma olhada no seu Face e você verá quanta coisa que você posta ali ou compartilha contradiz o Evangelho em que você diz crer. Não são valores; são contravalores. Você não cultua heróis, mas anti-heróis. Você não divulga Jesus, mas Barrabás.
Diante do fato de a multidão ter escolhido Barrabás e mandado crucificar Jesus, Pilatos fez o famoso gesto de lavar as mãos, dizendo: “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso! (Mt 27,24). Você também “lava as mãos” diante das injustiças que acontecem à sua volta? Você também “lava as mãos” quando vê Barrabás ser idolatrado e Jesus ser crucificado pela mídia?
A vida seria bem mais fácil se nós pudéssemos passar por ela “lavando as mãos” e não nos comprometendo com o que acontece à nossa volta, mas a verdade é que nós somos responsáveis uns pelos outros, sim. Nós temos uma parcela de responsabilidade no que está acontecendo com a família, com a política, com a maneira como as novas gerações entendem a própria sexualidade e como usam sua liberdade. Nós temos uma parcela de responsabilidade perante o que está acontecendo com a humanidade e com o meio ambiente. Não dá para dizer que não é um problema nosso. É um problema nosso, sim, de todos nós. O sangue de pessoas inocentes, condenadas e injustiçadas, também respinga em nós; está caindo sobre nós e sobre os nossos filhos (cf. Mt 27,25).
Portanto, não tenhamos tanta pressa em “lavar as mãos”. Quando nos deparamos com pessoas que estão fazendo uma dura experiência de cruz, não digamos: “Salva-te a ti mesmo!” (Mt 27,40). Deus nos colocou junto das pessoas para ajudá-las, não para abandoná-las ao seu próprio sofrimento. Precisamos estar junto de quem sofre, para que ninguém tenha que perguntar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46). Como nos lembrou o profeta Isaías, Deus confiou a cada um de nós a missão de dizer palavras de conforto à pessoa abatida, uma missão que sempre será vivida em meio a obstáculos e fortes resistências. Apesar disso, não devemos nos desviar dessas dificuldades, nem nos deixar abater pelo desânimo, porque o Senhor é o nosso auxiliador (cf. Is 50,4-7).  
A celebração de hoje abre a Semana Santa, recordando o momento em que Jesus entra em Jerusalém, lugar onde foi rejeitado e onde sofreu a morte de cruz. Jesus foi recebido em Jerusalém com gritos de “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9). “Hosana!” é uma palavra hebraica que significa “Salva-nos, por favor!”, ou “Salva-nos, te imploramos, Senhor!” Embora a nossa salvação já tenha se dado na cruz, nós sentimos a necessidade de experimentar concretamente a salvação de Deus em nossa vida e na vida da humanidade. Mas será que entendemos que essa salvação vem por meio da cruz de Cristo?
No momento em que Jesus morre na cruz, a cortina escura que cobria o céu se rasga em duas partes, e um terremoto faz com que os túmulos se abram e ali comece a se dar a ressurreição dos mortos (cf. Mt 27,51-52). Quando Deus permite que a cruz atravesse o nosso caminho, é para que ela rasgue a cortina que cobre os nossos olhos, para que possamos ver a vida de uma forma nova. A cruz sempre vem para provocar um terremoto em nossa vida, para partir as pedras, isto é, para quebrar a nossa dureza, a nossa forma rígida de nos tratar e de tratar os outros também. A cruz tem esse poder de abrir os nossos túmulos, de nos tirar do nosso individualismo, do nosso comodismo, e também do nosso fatalismo, para colocar em nós a semente da ressurreição.
Nesta semana, especialmente, voltemos o nosso olhar o Cristo Jesus que na santa cruz nos deu a vitória. Ele é o nosso único e verdadeiro Herói. Ele “pela graça de Deus, provou a morte em favor de todas as pessoas” (Hb 2,9)...
Herói (Ministério Adoração e Vida)

Num lugar mais alto está a razão do nosso existir, com Seus braços sempre abertos, num amor incondicional, acolhendo a humanidade: Cristo Jesus, o Redentor. Num lugar mais alto foi levantado pra nos salvar, onde o sangue foi jorrado, onde a vida triunfou, onde o amor foi derramado. Na cruz do calvário Ele expirou... Herói de toda a terra. Herói de todos os homens. Herói de todas as gerações, Cristo Jesus na santa cruz. Herói de todos os povos. Herói de toda a história. Herói de todos os tempos, Cristo Jesus na santa cruz nos deu a vitória!

                                                                                                                                   Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 3 de abril de 2014

COLOQUE OS MEIOS PARA QUE A SUA RESSURREIÇÃO ACONTEÇA!

Missa do 5º. Dom. da Quaresma. Palavra de Deus: Ezequiel 37,12-14; Romanos 8,8-11; João 11,1-45.

            Quem está mais presente nos noticiários: a vida ou a morte? Quais os jogos e os filmes que mais fazem sucesso: aqueles cuja temática central é a vida ou a morte? Quais tatuagens são mais procuradas: aquelas que simbolizam a vida ou a morte? Qual instinto está mais forte dentro de você, neste momento: o instinto de vida ou de morte?
            Lázaro estava doente. Nós também estamos doentes; nossa sociedade e nosso mundo estão doentes; nosso estilo de vida muitas vezes é doentio. Os sintomas da nossa enfermidade não são somente externos, como as próprias doenças e a violência; existem também sintomas internos, como o desânimo, o pessimismo, o não acreditar, o não lutar, o enterrar-nos em nossa própria sepultura. Se Deus declarou na sua Palavra que Ele tem o poder de abrir as nossas sepulturas e nos fazer sair delas (cf. Ez 37,12-13), a questão é saber: nós queremos sair de dentro das nossas sepulturas? Além disso, em nosso dia a dia temos ajudado as pessoas a saírem das suas sepulturas, ou temos “sepultado” pessoas com as nossas palavras e nossas atitudes?
            “Senhor, aquele que amas está doente” (Jo 11,3). Apesar de Jesus amar Lázaro, permitiu que ele morresse. E permitiu, segundo Ele, para que os discípulos acreditassem n’Ele mesmo diante da realidade da morte (cf. Jo 11,15). Quando as pessoas experimentam a dor de uma doença ou de um grande sofrimento, normalmente passam por uma crise de fé, e não conseguem mais se sentir amadas por Deus. Pelo contrário, elas sentem Deus ausente da vida delas, como Marta e Maria sentiram: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11,21.32). Mas Jesus, mesmo amando Lázaro, permitiu que ele morresse para nos dar a certeza de que nada nesta vida, nem mesmo a morte, pode nos separar do Seu amor por nós, e graças a esse amor somos mais que vencedores diante da doença, do sofrimento e da própria morte (cf. Rm 8,37-39). Precisamos testemunhar isso para os Lázaros que conhecemos.        
                  “Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias” (Jo 11,17). Segundo a mentalidade judaica da época, o quarto dia é o começo da decomposição do corpo. Não há mais o que fazer. É possível que muitos de nós estejamos também em nosso “quarto dia” de sepultamento. É possível que alguns valores, que antes sustentavam a nossa vida, estejam se decompondo dentro de nós. É possível que alguns de nós já tenham substituído a sua fé pela convicção de que ‘não há mais o que fazer’: não há mais o que fazer por minha saúde, por minha família, por este relacionamento, por meu filho, por minha fé, por minha salvação...
            Se alguém aqui está assim, lembre-se da promessa de Deus: “... vou abrir as vossas sepulturas... Porei em vós o meu espírito, para que vivais” (Ez 37,12.14). Lembre-se também do convite que o salmista faz a cada um de nós: “Espere, Israel, pelo Senhor... Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção” (Sl 130,7). Se algo em nós está ferido de morte, entreguemos isso ao Espírito de Deus; permitamos que o mesmo Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus, possa morar em nós, morar em meio a tudo aquilo que em nós está ferido de morte, para que sejamos vivificados (cf. Rm 8,10-11).  
            “Teu irmão ressuscitará” (Jo 11,23). Teu filho ressuscitará. Teu pai e tua mãe ressuscitarão. Teu relacionamento ressuscitará. Tua saúde, tua força, teu ânimo ressuscitarão... Quem nos garante isso é Aquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês isto?” (Jo 11,25-26). A fé é a porta que nós abrimos para que a luz da ressurreição desfaça toda sombra de morte que se alojou dentro de nós. Só aquele que crê fará a experiência de ressuscitar e de ver a presença, a verdade do amor de Deus em sua vida (cf. Jo 11,40).  
            Portanto, este é o momento de obedecer à ordem de Jesus: “Tirai a pedra!” (Jo 11,39). Remova os obstáculos! Desobstrua o caminho para que a graça de Deus possa agir em sua vida. Trabalhe a favor da sua ressurreição e da ressurreição dos outros, e não contra ela. Não apenas deseje ressuscitar, mas coloque também os meios para a sua ressurreição aconteça! “Lázaro, vem para fora!” (Jo 11,43). Aceite sair da sua sepultura. Tome atitudes concretas para sair dela. Venha para fora do seu medo, do seu vitimismo, do seu drama, da sua raiva, da sua tristeza, do seu abatimento... Abrace este momento de graça de poder ressuscitar!  “O mestre está aí e te chama” (Jo 11,28)... 
                                                                   
                                                           Pe. Paulo Cezar Mazzi