Sexta-feira da paixão do Senhor. Palavra
de Deus: Is 52,13–53,12; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1–19,42.
Jesus “foi provado em tudo como nós” (Hb
4,15). Quantas provações você já passou na sua vida? Por qual provação você
está passando agora? Qualquer que seja a dor, o sofrimento, a provação que tenhamos
que enfrentar na vida, tudo isso foi assumido e enfrentado por Jesus na cruz. Diante
de toda e qualquer dor, sofrimento, ou provação que tenhamos que enfrentar na
vida, o autor da carta aos Hebreus nos convida: “permaneçamos firmes na fé que
professamos” (Hb 4,14), porque temos, no céu, Jesus, aquele que, com sumo
sacerdote, intercede por nós: Ele “é capaz de se compadecer de nossas fraquezas”
(Hb 4,15).
Meditando sobre o sofrimento de Cristo
na cruz, o autor da carta aos Hebreus também nos lembra uma outra coisa muito
importante: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus
por aquilo que ele sofreu” (Hb 5,8). Nós somos pessoas obedientes à vontade de
Deus? “Obediência” é uma palavra que não faz parte do nosso vocabulário. Nós
não gostamos de obedecer, porque queremos que prevaleça a nossa vontade, não só
diante das pessoas, mas diante de Deus também. Não percebemos que, quanto maior
é a nossa rebeldia, a nossa teimosia, a nossa auto-afirmação, mais o sofrimento
pode se tornar necessário, até que aprendamos a obedecer a Deus.
Ao descrever o sofrimento do Servo de
Deus, o profeta Isaías afirmou que ele “não tinha beleza nem atrativo para o
olharmos, não tinha aparência que nos agradasse” (Is 53,2). Nós vivemos numa
sociedade que supervaloriza a beleza, a estética, e despreza o que não se
encaixa nesses padrões. No entanto, Deus pode se manifestar em nossa vida por
meio de algo que não tenha beleza, que não tenha aparência que nos agrade. Você
já acolheu aquilo que em você não é bonito, nem atrativo, nem agradável? Jesus
amava a todos, enxergava a todos, acolhia a todos, mas quis se fazer próximo
daqueles que não eram amados, vistos, nem acolhidos pela sociedade do seu
tempo. Ele quer que façamos o mesmo.
Apesar de levar alegria e esperança para
as pessoas, Jesus era também um “homem coberto de dores, cheio de sofrimentos”
(Is 53,3), porque Ele não desviou o seu rosto da dor humana, isto é, não se
tornou indiferente ao sofrimento que atinge as pessoas. Pelo contrário, Ele
quis tomar “sobre si nossas enfermidades” e sofrer, “ele mesmo, nossas dores”
(Is 53,4), para que cada um se nós pudesse ter a certeza de que não existe
nenhuma dor em que somos deixados sozinhos por Deus.
Por isso, a cada um de nós que faz a sua
experiência de cruz, o salmista diz: “Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais!” E dessa forma, nós também rezamos com o
salmista: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me
salvareis, ó Deus fiel... Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me
do inimigo e do opressor!” Na sua cruz, Jesus abraçou a cada um de nós e
nos amou até o fim. Por isso, podemos dizer com o apóstolo Paulo: “A minha vida
neste mundo eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por
mim” (Gl 2,20). Como disse o Papa Francisco, a cruz de Jesus nos dá a certeza
do amor fiel de Deus por nós. Seus braços estendidos são um convite para nos
abrigarmos em Seu amor. A cruz também nos ensina a olhar para o outro com
misericórdia e amor, principalmente o que sofre, o que precisa de ajuda, quem
espera uma palavra, um gesto nosso.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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