sexta-feira, 18 de abril de 2014

ABRAÇADOS PELA CRUZ DE CRISTO

Sexta-feira da paixão do Senhor. Palavra de Deus: Is 52,13–53,12; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1–19,42.

Jesus “foi provado em tudo como nós” (Hb 4,15). Quantas provações você já passou na sua vida? Por qual provação você está passando agora? Qualquer que seja a dor, o sofrimento, a provação que tenhamos que enfrentar na vida, tudo isso foi assumido e enfrentado por Jesus na cruz. Diante de toda e qualquer dor, sofrimento, ou provação que tenhamos que enfrentar na vida, o autor da carta aos Hebreus nos convida: “permaneçamos firmes na fé que professamos” (Hb 4,14), porque temos, no céu, Jesus, aquele que, com sumo sacerdote, intercede por nós: Ele “é capaz de se compadecer de nossas fraquezas” (Hb 4,15).  
Meditando sobre o sofrimento de Cristo na cruz, o autor da carta aos Hebreus também nos lembra uma outra coisa muito importante: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu” (Hb 5,8). Nós somos pessoas obedientes à vontade de Deus? “Obediência” é uma palavra que não faz parte do nosso vocabulário. Nós não gostamos de obedecer, porque queremos que prevaleça a nossa vontade, não só diante das pessoas, mas diante de Deus também. Não percebemos que, quanto maior é a nossa rebeldia, a nossa teimosia, a nossa auto-afirmação, mais o sofrimento pode se tornar necessário, até que aprendamos a obedecer a Deus.
Ao descrever o sofrimento do Servo de Deus, o profeta Isaías afirmou que ele “não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse” (Is 53,2). Nós vivemos numa sociedade que supervaloriza a beleza, a estética, e despreza o que não se encaixa nesses padrões. No entanto, Deus pode se manifestar em nossa vida por meio de algo que não tenha beleza, que não tenha aparência que nos agrade. Você já acolheu aquilo que em você não é bonito, nem atrativo, nem agradável? Jesus amava a todos, enxergava a todos, acolhia a todos, mas quis se fazer próximo daqueles que não eram amados, vistos, nem acolhidos pela sociedade do seu tempo. Ele quer que façamos o mesmo.
Apesar de levar alegria e esperança para as pessoas, Jesus era também um “homem coberto de dores, cheio de sofrimentos” (Is 53,3), porque Ele não desviou o seu rosto da dor humana, isto é, não se tornou indiferente ao sofrimento que atinge as pessoas. Pelo contrário, Ele quis tomar “sobre si nossas enfermidades” e sofrer, “ele mesmo, nossas dores” (Is 53,4), para que cada um se nós pudesse ter a certeza de que não existe nenhuma dor em que somos deixados sozinhos por Deus. 
Por isso, a cada um de nós que faz a sua experiência de cruz, o salmista diz: “Fortalecei os corações, tende coragem, todos vós que ao Senhor vos confiais!” E dessa forma, nós também rezamos com o salmista: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel... Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor!”                                                                                                             Na sua cruz, Jesus abraçou a cada um de nós e nos amou até o fim. Por isso, podemos dizer com o apóstolo Paulo: “A minha vida neste mundo eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Como disse o Papa Francisco, a cruz de Jesus nos dá a certeza do amor fiel de Deus por nós. Seus braços estendidos são um convite para nos abrigarmos em Seu amor. A cruz também nos ensina a olhar para o outro com misericórdia e amor, principalmente o que sofre, o que precisa de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto nosso. 

                                                     Pe. Paulo Cezar Mazzi

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