quinta-feira, 10 de abril de 2014

LAVAR AS MÃOS DIANTE DO SOFRIMENTO INJUSTO?

Missa do Domingo de Ramos. Palavra de Deus: Mateus 21,1-11; Isaías 50,4-7; Filipenses 2,6-11; Mateus 27,11-54.

Quem é o Herói no mundo de hoje: Jesus ou Barrabás? Quem você quer que seja solto? Por quem você sente fascínio: por pessoas que vivem segundo Jesus ou segundo Barrabás?
A lista dos heróis do mundo em que vivemos é bastante variada: MC’s, artistas de novelas, cantores, milícias, traficantes, funkeiros, jogadores de futebol, bandas nacionais ou estrangeiras etc. Para identificar, nessa lista, quem vive segundo Jesus e quem vive segundo Barrabás, é importante se lembrar do que Deus disse por meio do profeta Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal, dos que transformam as trevas em luz e luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo... dos que absolvem o ímpio mediante suborno e negam ao justo sua justiça!” (Is 5,20.23).
Barrabás continua a ser escolhido no lugar de Jesus porque vivemos numa constante inversão de valores na forma de entender a família, o casamento, a sexualidade, na forma de usarmos a nossa liberdade, na maneira de nos vestir e de nos comportar. Embora nos consideremos cristãos, na prática o nosso Herói não é Jesus Cristo, mas tantos anti-heróis que propagam contravalores pelos meios de comunicação. Um exemplo concreto: dê uma olhada no seu Face e você verá quanta coisa que você posta ali ou compartilha contradiz o Evangelho em que você diz crer. Não são valores; são contravalores. Você não cultua heróis, mas anti-heróis. Você não divulga Jesus, mas Barrabás.
Diante do fato de a multidão ter escolhido Barrabás e mandado crucificar Jesus, Pilatos fez o famoso gesto de lavar as mãos, dizendo: “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso! (Mt 27,24). Você também “lava as mãos” diante das injustiças que acontecem à sua volta? Você também “lava as mãos” quando vê Barrabás ser idolatrado e Jesus ser crucificado pela mídia?
A vida seria bem mais fácil se nós pudéssemos passar por ela “lavando as mãos” e não nos comprometendo com o que acontece à nossa volta, mas a verdade é que nós somos responsáveis uns pelos outros, sim. Nós temos uma parcela de responsabilidade no que está acontecendo com a família, com a política, com a maneira como as novas gerações entendem a própria sexualidade e como usam sua liberdade. Nós temos uma parcela de responsabilidade perante o que está acontecendo com a humanidade e com o meio ambiente. Não dá para dizer que não é um problema nosso. É um problema nosso, sim, de todos nós. O sangue de pessoas inocentes, condenadas e injustiçadas, também respinga em nós; está caindo sobre nós e sobre os nossos filhos (cf. Mt 27,25).
Portanto, não tenhamos tanta pressa em “lavar as mãos”. Quando nos deparamos com pessoas que estão fazendo uma dura experiência de cruz, não digamos: “Salva-te a ti mesmo!” (Mt 27,40). Deus nos colocou junto das pessoas para ajudá-las, não para abandoná-las ao seu próprio sofrimento. Precisamos estar junto de quem sofre, para que ninguém tenha que perguntar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46). Como nos lembrou o profeta Isaías, Deus confiou a cada um de nós a missão de dizer palavras de conforto à pessoa abatida, uma missão que sempre será vivida em meio a obstáculos e fortes resistências. Apesar disso, não devemos nos desviar dessas dificuldades, nem nos deixar abater pelo desânimo, porque o Senhor é o nosso auxiliador (cf. Is 50,4-7).  
A celebração de hoje abre a Semana Santa, recordando o momento em que Jesus entra em Jerusalém, lugar onde foi rejeitado e onde sofreu a morte de cruz. Jesus foi recebido em Jerusalém com gritos de “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9). “Hosana!” é uma palavra hebraica que significa “Salva-nos, por favor!”, ou “Salva-nos, te imploramos, Senhor!” Embora a nossa salvação já tenha se dado na cruz, nós sentimos a necessidade de experimentar concretamente a salvação de Deus em nossa vida e na vida da humanidade. Mas será que entendemos que essa salvação vem por meio da cruz de Cristo?
No momento em que Jesus morre na cruz, a cortina escura que cobria o céu se rasga em duas partes, e um terremoto faz com que os túmulos se abram e ali comece a se dar a ressurreição dos mortos (cf. Mt 27,51-52). Quando Deus permite que a cruz atravesse o nosso caminho, é para que ela rasgue a cortina que cobre os nossos olhos, para que possamos ver a vida de uma forma nova. A cruz sempre vem para provocar um terremoto em nossa vida, para partir as pedras, isto é, para quebrar a nossa dureza, a nossa forma rígida de nos tratar e de tratar os outros também. A cruz tem esse poder de abrir os nossos túmulos, de nos tirar do nosso individualismo, do nosso comodismo, e também do nosso fatalismo, para colocar em nós a semente da ressurreição.
Nesta semana, especialmente, voltemos o nosso olhar o Cristo Jesus que na santa cruz nos deu a vitória. Ele é o nosso único e verdadeiro Herói. Ele “pela graça de Deus, provou a morte em favor de todas as pessoas” (Hb 2,9)...
Herói (Ministério Adoração e Vida)

Num lugar mais alto está a razão do nosso existir, com Seus braços sempre abertos, num amor incondicional, acolhendo a humanidade: Cristo Jesus, o Redentor. Num lugar mais alto foi levantado pra nos salvar, onde o sangue foi jorrado, onde a vida triunfou, onde o amor foi derramado. Na cruz do calvário Ele expirou... Herói de toda a terra. Herói de todos os homens. Herói de todas as gerações, Cristo Jesus na santa cruz. Herói de todos os povos. Herói de toda a história. Herói de todos os tempos, Cristo Jesus na santa cruz nos deu a vitória!

                                                                                                                                   Pe. Paulo Cezar Mazzi

Um comentário: