Missa do domingo
de Páscoa. Palavra de Deus: Atos do Apóstolos 10,34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.
Enquanto existe
vida, existe esperança. Enquanto existe vida, é possível lutar: lutar para
vencer uma doença, para superar uma dificuldade; lutar para que se faça
justiça, para que nos defender de algo que nos ameaça. Enquanto nos sentimos
vivos, nós lutamos; enquanto nos sentimos vivos, não perdemos a esperança. Mas
quando chega a morte, não há mais esperança. Quando chega a morte, nos sentimos
definitivamente vencidos. Não há mais porque lutar. Não há mais pelo quê
esperar.
Aos olhos
humanos, também aos olhos dos discípulos, Jesus havia sido definitivamente
vencido pela morte. Mas dois acontecimentos devolveram vida e esperança aos
discípulos: o túmulo vazio e o encontro com Jesus Ressuscitado. Por isso, Pedro
proclamou: “Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no
terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas... a nós, que
comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,39-41).
Se a morte colocava fim a todas as nossas esperanças e a todas as nossas lutas,
a Ressurreição de Cristo nos diz que é de Deus que nos vem a última palavra: n’Ele
nenhuma esperança e nenhuma luta nossa em favor da vida ficarão sem resposta.
Porque Jesus foi
um “amém” vivo ao Pai, isto é, porque a vida dele sempre foi vivida em
conformidade com a vontade do Pai, a Ressurreição de Jesus é o “amém” do Pai à
vida de seu Filho. E a boa notícia é esta: “Cristo ressuscitou dos mortos como
primícias dos que adormeceram... Em Cristo todos receberão a vida” (1Cor 15,20.22).
“Primícias” significam “os primeiros frutos de uma colheita”. Na Ressurreição
de seu Filho, o Pai iniciou a grande colheita, que nos dá a certeza de que um
dia seremos recolhidos por Ele, isto é, que seremos ressuscitados. Por isso,
dizemos com o salmista: “Não morrerei, mas, ao contrário, viverei, para contar
as grandes obras do Senhor!” (Sl 118,17).
Segundo o
apóstolo Paulo, a ressurreição não é um prêmio de consolação para depois da
morte, e sim uma atitude de vida no hoje da nossa história. Uma vez que cremos
na ressurreição de Cristo, devemos nos esforçar “por alcançar as coisas do alto,
onde está Cristo, sentado à direita de Deus” (Cl 3,1-2). Devemos viver com o
coração voltado para o alto, como pessoas que, embora tenham que lidar
diariamente com a cruz, são pessoas portadoras da semente da ressurreição. Toda
semente guarda uma vida escondida dentro de si. Da mesma forma como o apóstolo
Paulo usou a imagem da semente para falar da nossa ressurreição em Cristo (cf.
1Cor 15,42-44), ele nos lembra que a nossa vida, a nossa verdadeira vida, “está
escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo aparecer em seu triunfo, vós
aparecereis também com ele, revestidos de glória” Cl 3,3-4).
No campo do
coração de cada pessoa que encontrarmos neste Tempo Pascal, lancemos a semente
da ressurreição! Diariamente encontramos pessoas que desistiram de buscar as
coisas do alto e passaram a viver arrastadas pelas coisas da terra, pessoas que
desistiram de crer na força da Páscoa, desistiram de se esforçar em fazer a
passagem da morte para a vida porque esta passagem se apresenta, à primeira
vista, humanamente impossível. Mas a Ressurreição de Cristo nos ensina que a Páscoa
não é obra nossa, e sim obra de Deus em nós! É Ele quem nos faz passar! A fé na
Ressurreição nunca é a fé naquilo que você
pode fazer, mas sempre é a fé naquilo que Deus pode fazer em você.
O túmulo está
vazio porque o Deus em quem nós cremos é o Deus vivo! O túmulo está vazio
porque Jesus é o Filho do Deus vivo (cf. Mt 16,16), e hoje ele nos diz: “Estive
morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da
morte e da região dos mortos” (Ap 1,18). Se Jesus tem consigo as chaves da
região dos mortos é porque ele tem poder para fazer sair da morte aqueles que
nela entraram, seja os que morreram de fato, seja os que se deixaram morrer em
tantos sentidos. É o Senhor Ressuscitado quem nos declara neste dia de Páscoa: “Eis
que eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). ‘É vida que brota da vida. É fruto que cresce do amor. É vida que vence
a morte. É vida que vem do Senhor. Deixei o sepulcro vazio. A morte não me
segurou. A pedra que então me prendia no terceiro dia rolou. Eu hoje te dou
vida nova! Renovo em ti o amor. Te dou uma nova esperança. Tudo o que era velho
passou! Eis que faço novas todas as coisas!’ (Mensagem Brasil, Faço novas todas as coisas).
Deus te abençoe na força de Páscoa de seu Filho Jesus! Feliz Páscoa!
Pe. Paulo Cezar Mazzi