Missa
do Domingo de Ramos – Palavra de Deus: Isaías 50,4-7; Filipenses 2,6-11; Lucas
23,1-49.
Assim como as multidões, “que tinham
acorrido para assistir” (Lc 23,48), nós acabamos de “assistir” ao julgamento e
à morte de Jesus; acabamos de ver como terminou a vida de Jesus. Como você acha
que vai terminar a sua vida? Como você espera concluir a sua vida? Será o
momento em que o mundo reconhecerá seus esforços, ou será o momento em que o
mundo vai ignorar tudo o que você tentou fazer de bom? Como você acha que será
lembrado: como um santo, um herói ou como um bandido, um malfeitor?
Jesus andou pelo mundo fazendo o bem, curando
os doentes e libertando os que estavam dominados pelo mal (cf. At 10,38). Diante
desse fato, talvez você se pergunte: ‘Como ele pôde ter um fim tão humilhante,
sofrido e injusto?’ Mas Jesus te faz uma outra pergunta: “Se fizeram assim com
a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?” (Lc 23,31). Se, diante da
proposta de Pilatos em castigar Jesus e depois soltá-lo, por não ter encontrado
nada nele que merecesse a morte, as pessoas simplesmente ignoraram tudo o que
Jesus fez de bom e gritaram a Pilatos: “Fora com ele!” (cf. Lc 23,14-18), o que
não farão com você, uma pessoa tão menos santa, tão menos justa, tão menos
coerente, em comparação com Jesus?
O Evangelho nos coloca hoje diante da
paixão e morte de Jesus não para nos encher de indignação, nem para nos
compadecer piedosamente de Jesus, mas para nos tornar conscientes de que, ao
longo da vida, teremos que lidar com a cruz: cruz que pode chegar a nós na
forma de uma perseguição ou de um julgamento injusto; cruz que pode nos atingir
na forma da indiferença em relação ao nosso sofrimento, por parte de todos
aqueles que nos cercam; cruz que pode ser simplesmente o ódio do mundo, a
violência cega da sociedade ou a atitude de tantas pessoas que descarregam em
nós as suas próprias feridas.
O que podemos aprender com Jesus, na
forma como ele lidou com a sua cruz? Antes de mais nada, Jesus nos ensina a não
fechar os ouvidos ao que Deus quer nos ensinar com a nossa experiência de cruz
ou com a experiência de cruz daqueles que nos cercam: “O Senhor abriu-me os
ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás... não desviei o rosto das agressões...
Precisei aprender a ouvir como um discípulo, para poder levar uma palavra de
conforto à pessoa abatida” (citação livre de Is 50,4-6). Somente quem já se
confrontou com sua própria cruz tem algo de significativo e de redentor a dizer
a quem sofre.
No momento em que estava sendo
crucificado, Jesus orou: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc
23,34). Esta atitude de Jesus nos ensina que nós não podemos escolher o tipo de
sofrimento que nos atingirá, mas sempre podemos escolher a maneira como lidar
com ele. Diante das injustiças sofridas por parte de determinadas pessoas,
podemos nos tornar amargos e revoltados, ou podemos compreender que essas
pessoas não tinham plena consciência do mal que estavam nos fazendo. Elas nos
feriram porque já haviam sido feridas antes por alguém.
Por fim, no momento de sua morte, Jesus
expressa uma outra oração: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc
23,46). Assim como Jesus, você também pode suportar um julgamento injusto; pode
suportar ver todo o bem que fez durante sua vida ser ignorado pelos outros;
pode, inclusive, suportar morrer como um bandido, um malfeitor, se souber a
cada dia colocar sua vida nas mãos do Pai, e esperar dele a palavra final sobre
sua vida, como dizia o profeta: “o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não
me deixei abater o ânimo,... porque sei que não sairei humilhado” (Is 50,7). Esta
Semana Santa quer nos associar pela graça à cruz de nosso Senhor Jesus, para
que participemos também de sua ressurreição e de sua vida.
Durante esta Semana, não dobramos os joelhos diante de um deus morto; dobramos os joelhos diante d’Aquele que, tendo esvaziado-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz, para depois ser exaltado pelo Pai acima de tudo e tornar-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem (cf. Fl 2,7-9; Hb 5,9).
Durante esta Semana, não dobramos os joelhos diante de um deus morto; dobramos os joelhos diante d’Aquele que, tendo esvaziado-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz, para depois ser exaltado pelo Pai acima de tudo e tornar-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem (cf. Fl 2,7-9; Hb 5,9).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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