quinta-feira, 21 de março de 2013

FRANCISCO: A BÊNÇÃO DE UM NOVO PAPA PARA A NOSSA IGREJA



            “Não te impressione a sua aparência nem a sua elevada estatura: eu o rejeitei. Não se trata daquilo que veem os homens, pois eles veem apenas com os olhos, mas o Senhor olha o coração” (1Sm 16,7). Essas palavras foram dirigidas por Deus à consciência do profeta Samuel, no momento em que ele estava diante dos filhos de Jessé, para escolher aquele que seria o novo rei de Israel.
            Foi também assim, com uma incrível surpresa, que o mundo testemunhou, na tarde de 13 de março pp., a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para ser o novo Papa da nossa Igreja, um sinal claro de que Deus rejeita os nossos critérios de escolha, para estabelecer o Seu: enquanto nós olhamos a aparência, a idade, a influência, o lugar de origem, a capacidade intelectual, o poder, Deus olha o coração. Assim, acolhemos com imensa alegria e gratidão o Papa Francisco, na esperança de que ele seja um Papa segundo o coração de Deus!
            Ficará para sempre registrado em nossa mente e em nosso coração seu gesto de inclinar-se perante aquela multidão que estava na Praça de São Pedro, para pedir que rezasse por ele, um gesto que não nasceu de uma jogada de marketing, mas daquilo que é próprio dele: a humildade, uma humildade que tem devolvido a inúmeros católicos a simpatia pela Igreja e a credibilidade nela como esposa daquele que disse: “Aprendam que mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29).
            A escolha do nome Francisco se deve à forte sensibilidade que o nosso novo Papa sempre teve para com os pobres. Numa época em que a Igreja havia se afastado dos pobres e se identificado com os poderosos, corrompendo-se como eles, o Espírito de Deus suscitou a figura de Francisco de Assis, a quem Jesus disse: “Reconstrói a minha Igreja”. Hoje, como católicos, sentimos essa mesma necessidade de ter a nossa Igreja reconstruída, reconstruída não enquanto Instituição, mas enquanto sinal do Reino de Deus, sinal vivo do Evangelho de nosso Senhor Jesus para o mundo. Por isso, a escolha do nome Francisco pelo novo Papa se reveste de um significado muito profundo para nós. 
            Temos esperança em Francisco não por causa dele, mas por causa de Deus, que o escolheu e o colocou em nossa Igreja como Papa. Mas, o que esperar do novo Papa? O que esperar de Francisco? A lista de expectativas e de cobranças é enorme, e esperar que ele corresponda a todas elas, resolvendo todos os problemas da Igreja e do mundo, é humanamente injusto e impossível. Nem Jesus aceitou corresponder a todas as expectativas ou se mover segundo as cobranças das pessoas. O que esperamos de Francisco é que ele seja um instrumento de Deus para reconduzir à fé os que dela se extraviaram e para confirmar na fé os que nela têm procurado se manter até agora.
            Francisco precisará muito da nossa oração. Ele tem sinalizado mudanças, e toda mudança incomoda e encontra resistência, tanto dentro como fora da Igreja. Sem dúvida nenhuma, Francisco precisará de cada um de nós, católicos, para reconstruir a Igreja de Jesus Cristo, uma reconstrução que passa não só por mudanças na forma da Igreja se estruturar e dialogar com o mundo moderno, mas também pela revisão da nossa postura enquanto católicos no seio da sociedade em que vivemos.  

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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