Sexta-feira da
paixão do Senhor. Palavra de Deus: Isaías 52,13–53,12; Hebreus 4,14-16; João
18,1–19,42.
Nós estamos
revivendo o mistério pascal de Jesus, mistério que nos recorda que também nós
somos pessoas pascais. Páscoa significa “passagem” e, como vimos ontem, existem
passagens que nos desafiam, como por exemplo: passar da doença para a saúde, da
solidão para a comunhão, da mágoa para o perdão, da tristeza para a alegria, da
morte para a vida... As leituras da Palavra de Deus que acabamos de ouvir nos
dizem que a porta que nos possibilita fazer a passagem da qual necessitamos não
é a porta larga do bem estar, mas a porta estreita do sofrimento. Como está
escrito nos Atos dos Apóstolos: “É preciso passar por muitas tribulações, para
entrar no Reino de Deus” (At 14,22).
Se não queremos
desistir de entrar pela porta estreita, se não queremos desistir de fazer a
nossa páscoa, precisamos olhar para Jesus, olhar para aquele que “não tinha
beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse”,
precisamos olhar para Jesus, o “homem coberto de dores, cheio de sofrimentos”
(Is 53,2-3), e aprender com ele a permanecer firmes na fé que professamos (cf.
Hb 4,14), a fé pascal, a fé que nos faz passar, que nos faz alcançar o que
buscamos. Com Jesus, precisamos aprender a obedecer a Deus por aquilo que
sofremos, precisamos aprender a obedecer a Deus também quando sofremos e não
somente quando está tudo bem.
Se
as leituras que ouvimos nos colocam diante da verdade nua e crua do sofrimento
de Jesus é para que tomemos consciência do nosso valor para Deus, do preço que
Ele pagou para nos resgatar do pecado e da morte eterna. E o preço foi este: o
Pai permitiu que seu Filho Jesus fosse “ferido por causa de nossos pecados,
esmagado por causa de nossos crimes. Todos nós vagávamos como ovelhas
desgarradas, cada qual seguindo o seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele
o pecado de todos nós” (Is 53,5-6). Como, de fato, está escrito no Evangelho
segundo São João, a morte de Jesus serviu para reunir todos os filhos de Deus
dispersos (cf. Jo 11,52).
A
celebração de hoje nos coloca aos pés da cruz de nosso Senhor Jesus, cruz que
se tornou para nós o trono da graça de Deus, como está escrito: “Aproximemo-nos
com toda confiança do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e
alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno” (Hb 4,16). Seja qual for
a sua necessidade de páscoa, seja qual for a passagem difícil que você precisa
fazer na sua vida, é no trono da graça da cruz de Cristo que você deve
colocá-la, para receber de Deus o auxílio que você necessita.
Assim como Jesus teve que enfrentar a
sua cruz, nós temos que enfrentar a nossa. A maneira como Jesus lidou com a sua
cruz nos ensina que não devemos buscar o sofrimento por si mesmo, mas também
não devemos fugir dele quando se apresenta a nós como consequência da nossa
fidelidade ao Pai. Assim como Jesus, nós podemos enfrentar a realidade da nossa
cruz proclamando com o salmista: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu
espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel! Eu entrego em vossas mãos o meu
destino; libertai-me do inimigo e do opressor! Fortalecei os corações, tende
coragem, todos vós que ao Senhor vos confiais!” (Sl 31,6.15-16.25).
Na
cruz de nosso Senhor Jesus depositamos a vida de todos os jovens, dos jovens
crucificados pelas drogas, pelo desemprego, pelas doenças, pela violência, pela
falta de sentido para a vida. Na cruz de nosso Senhor Jesus depositamos a vida
de todas as famílias, de todos os casais, de todas as pessoas que estão
doentes, desempregadas, presas, angustiadas, deprimidas, injustiçadas...
Clamemos o poderoso sangue do Senhor sobre elas. A elas proclamemos, como o
salmista: “Fortaleçam os corações, tenham coragem, todos vocês que ao Senhor se
confiam!” (Sl 31,25).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Eu entregarei (Dagö)
Eu clamarei o
poderoso sangue do Senhor sobre mim, e as cadeias que me cercam irão cair, e
meu louvor cantarei! Eu lutarei, com a unção que o Senhor deu para mim. Nem as
remotas situações vão resistir, não vão resistir.
Eu entregarei as dores que guardei aos pés
da Tua cruz, e confiarei. Já não há o que temer! Por tuas chagas posso crer na
vitória!
Eu clamarei...
Uma mesa farta o
Senhor preparou, diante dos meus inimigos. Minha taça o Senhor transbordou, eu
posso crer, eu posso ver!
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