Vigília
Pascal. Palavra de Deus: Gênesis 1,1–2,2; Gênesis 22,1-18; Êxodo 14,15–15,1; Romanos
6,3-11; Lucas 24,1-12
Esta é a noite
de todas as noites, a grande noite da Páscoa. Nesta noite, o Senhor se dirige a
nós como se dirigiu a Israel na noite da saída do Egito: “Diga aos filhos de
Israel que se ponham em marcha” (Ex 14,15). Por que Deus quer que nos
coloquemos em marcha? Porque somos um povo pascal, porque somos pessoas
pascais, porque a cada dia devemos fazer uma passagem: a passagem da escravidão
para a liberdade, do pecado para a graça, da morte para a vida. Mas como
colocar-se em marcha? Como fazer a passagem, se o caminho está obstruído, se diante
de nós há um imenso mar, uma imensa dificuldade que nos parece impossível de
atravessar, de vencer?
É a Palavra do
Senhor que nos abre o caminho, para que possamos passar. Quando Israel estava
no exílio da Babilônia (séc. VI a.C.), e não via mais como passar, como sair da
desolação em que se encontrava, Deus dirigiu a sua Palavra àquele povo para
lembrá-lo de que Ele é o Criador, Aquele que fez todas as coisas e as mantém
com o poder da sua Palavra (cf. Gn 1,1–2,2), Aquele que iniciou sua obra em
cada um de nós, e a quem nos dirigimos pedindo: “Senhor, eu vos peço: não
deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos” (Sl 138,8). Por isso, a imagem
do paraíso, descrita na primeira leitura, não é saudade de um passado que não
voltará mais, mas esperança de um futuro que será criado por Deus, que tem por
desígnio restaurar todas as coisas em seu Filho Jesus (cf. Ef 1, 9-10; Cl
1,19-20).
Nesta
noite de Páscoa, a Palavra do Senhor também nos lembra que sempre que tentamos
fazer a passagem, nossa fé é provada: é o momento de oferecermos a Deus o
sacrifício do filho (cf. Gn 22,2), o sacrifício das nossas seguranças humanas,
e confiar unicamente em Deus, confiar que, aconteça o que acontecer, Deus
providenciará aquilo que precisamos para fazer a passagem (cf. Gn 22,8),
providenciará o socorro, a ajuda, a proteção. E ainda que venhamos a sofrer
perdas nessa passagem, Ele providenciará a sua consolação para nós (cf. Gn
22,13-14). Desse modo, a Palavra do Senhor nos diz que quando não recusamos
nada a Deus, quando Lhe obedecemos em tudo, principalmente naquilo que é mais
difícil para nós, ali experimentamos a abundância da Sua bênção em nossa vida
(cf. Gn 22,16-18).
Mas é no Êxodo
que a Palavra do Senhor nos oferece a imagem por excelência da nossa Páscoa cotidiana.
Ali fica claro que o Senhor não apenas caminha à nossa frente, mas também se
coloca atrás de nós, para impedir que os inimigos nos alcancem (cf. Ex 14,19-20),
como reza o salmista: “Tu me envolves por detrás e pela frente, e sobre mim
colocas a Tua mão” (Sl 139,5). Confiando na força do seu Espírito, simbolizada
no vento que abre as águas, nós podemos caminhar na direção daquilo que antes
parecia intransponível, porque é o Senhor quem nos abre o caminho (cf. Ex
14,21-22), é Ele quem nos faz passar!
São Paulo
apóstolo nos lembra, nesta noite pascal, que a força da Páscoa de Cristo nos
foi concedida no momento do nosso Batismo. Graças ao Batismo, nós pudemos nos
tornar semelhantes a Jesus Cristo na sua morte, para que um dia nos tornemos
semelhantes a ele na sua ressurreição. Viver como batizados significa viver
como pessoas ressuscitadas, isto é, como pessoas que a cada dia decidem morrer
para o pecado e viver para Deus, a exemplo de seu Filho Jesus.
Por fim, a
Palavra do Senhor se pronuncia sobre a passagem mais difícil de todas – muito
mais difícil que atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto –, aquela que nenhuma
pessoa pode fazer por si mesma: a passagem da morte para a vida. Quando nossas
esperanças são sepultadas e uma pedra é colocada sobre elas, para dizer que ali
se encerra a nossa busca, a nossa luta, a nossa tentativa de passar; quando
precisamos admitir que chegou o fim e é o momento de aceitá-lo, a Palavra do
Senhor se pronuncia sobre a nossa morte, também sobre a morte da nossa fé, para
remover a pedra e dizer que não devemos procurar entre os mortos aquele que
está vivo (cf. Lc 24,5-6), da mesma forma como nunca podemos dar por morta a
nossa fé, porque para Deus nenhuma passagem é impossível. Portanto, diante do
túmulo vazio de Jesus, você pode proclamar com sua fé que o mesmo Deus, que
abre os mares, pode abri-lo a você também; o mesmo Deus, que dissipa a morte,
pode dissipá-la em você também; o mesmo Deus, que ressuscita os mortos, pode
ressuscitar você também!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Abrindo mares (Pe. Fábio
de Melo)
Quando
o Mar Vermelho em minha vida impedir a travessia, quando a morte ameaçar invadir
a Terra Prometida, por Teu Nome eu irei clamar! Quando as portas se fecharem
para mim, quando a tranca eu não puder quebrar, gritarei por Teu auxílio, meu
Senhor. Tuas mãos irão me sustentar, me sustentar!
Tu que abres as portas. Tu que abres os
caminhos. Tu que abres os mares, abre também pra mim! Tu que amas os fracos. Tu
que encontras os perdidos. Tu que dissipas a morte, vem dissipá-la em mim! Vem
dissipá-la em mim, Senhor! Vem dissipá-la em mim! Vem dissipá-la em mim, Senhor!
Vem dissipá-la em mim!
Ressuscita-me
Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor, pelo poder do Teu amor! Ressuscita-me,
Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me!... Tu que abres as portas...
Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me, Senhor!
Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me, Senhor!
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