Missa de
Pentecostes. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 2,1-11; 1Coríntios 12,3b-7.12-13;
João 20,19-23.
Pentecostes: uma festa celebrada
pelos judeus cinquenta dias após a Páscoa. Foi neste dia que o Pai, por meio do
Filho, enviou o Espírito Santo sobre os discípulos (cf. At 2,1.4). Passados
alguns anos, o apóstolo Paulo perguntou a alguns cristãos, assim que chegou à
cidade de Éfeso: “Vocês receberam o Espírito Santo quando abraçaram a fé?”, ao
que eles responderam: “Mas nem ouvimos dizer que existe um Espírito Santo” (At
19,2). Quantos de nós desconhecemos o Espírito Santo? Se muitos têm um relacionamento
com o Pai e com o Filho, quem de nós tem algum relacionamento com o Espírito
Santo? Afinal, quem é o Espírito Santo? Como imaginá-Lo? Onde encontrá-Lo? Como
experimentá-Lo?
Através do profeta Ezequiel, Deus
havia feito uma promessa: “Eu darei a vocês um coração novo... Porei no íntimo
de vocês o meu espírito... Porei o meu espírito em vocês e vocês viverão” (Ez
36,26.27; 37,6). Esta promessa foi feita também por meio do profeta Joel:
“Derramarei o meu espírito sobre todo ser humano” (Jl 3,1). Na verdade, o
Espírito de Deus já havia sido mencionado desde o início da criação, quando Ele
pairava como vento sobre as águas
(cf. Gn 1,2). Depois, Ele se manifestava no momento em que um rei era ungido
com óleo (cf. 1Sm 16,13) ou um homem
era escolhido para ser profeta (cf. Is 42,1; 61,1). João Batista, o último dos
profetas, afirmou que Jesus nos batizaria com o Espírito Santo e com fogo (cf. Mt 3,11). No momento em que
Jesus foi batizado, o Espírito Santo foi visto descer e permanecer sobre Ele
como se fosse uma pomba (cf. Mt
3,16). Desse modo, Ele se reconheceu como o Ungido do Senhor (cf. Lc 4,18),
sendo chamado de Cristo (Ungido). Finalmente, como vimos domingo passado, no
momento da Ascensão de Jesus ao céu, Ele prometeu enviar o Espírito Santo sobre
seus discípulos como força do alto
(cf. At 1,8).
Ao descrever a presença misteriosa
do Espírito Santo como vento, a
Bíblia nos ensina que, se Deus retirar de nós Seu espírito, nós morremos:
“Retiras o teu sopro e eles morrem. Envias o teu sopro e eles renascem”
(citação livre de Sl 104,29-30). Desse modo, Jesus ressuscitado comunica o
Espírito Santo aos discípulos soprando sobre eles. Este sopro é vida interior,
é força que nos anima a partir de dentro, é vento que sopra sobre nós e nos
vivifica, nos põe em pé (cf. Ez 37,10) e nos reanima. Foi este vento que encheu
a casa onde os discípulos estavam no dia de Pentecostes (cf. At 2,2).
Se o vento ou o sopro não podem ser
vistos, mas apenas sentidos, o Espírito Santo se mostrou visível no dia de
Pentecostes em “línguas como de fogo”. O fogo exprime a força purificadora e
transformadora do Espírito Santo. Assim como o fogo tem o poder de derreter o
metal mais duro, assim o Espírito Santo pode dobrar a dureza do nosso coração
ou transformar nosso caráter. Assim como o fogo purifica o ouro e a prata,
assim o Espírito Santo remove nossas impurezas e nos santifica. Se esse fogo
toma a forma de “línguas” é porque o Espírito Santo nos dá a capacidade de
comunicar palavras de conforto a toda pessoa abatida, palavras de reconciliação
e de perdão, palavras de fé, de esperança e de orientação.
Jesus chamou o Espírito Santo de
“força do alto”. Quando alguns homens piedosos se puseram a reconstruir o
Templo em Jerusalém, Deus lhes disse: “Não pelo poder, não pela força, mas sim
pelo meu espírito” (Zc 4,6). Existem situações em nossa vida e na vida do mundo
que não podem ser mudadas pelo nosso poder e força humanos, mas unicamente pela
graça do Espírito Santo. Além disso, devemos nos lembrar mais uma vez que “Deus
não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força...” (2Tm 1,7). Desse
modo, o Espírito Santo sempre nos impulsiona para enfrentar os desafios e os
problemas, e nunca para fugir deles. Por sua vez, o apóstolo Paulo nos lembra
hoje que “a cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”
(1Cor 12,7). Ninguém recebe o Espírito Santo para si, mas para fazer algo pelo
bem e pela salvação dos outros. Portanto, toda pessoa que age movida pelo
Espírito Santo, trabalha pela unidade e pela comunhão, jamais pela divisão ou
separação dentro da Igreja (cf. 1Cor 12,4-6.12-13).
Jesus gostava de chamar o Espírito
Santo de “Espírito da Verdade” (Jo 15,26; 16,13), porque somente Ele pode
penetrar no mais íntimo do coração humano e livrá-lo das suas mentiras, dos
seus erros; somente a Verdade do Espírito Santo pode nos convencer a abandonar
o pecado e a desejar caminhar segundo a vontade de Deus. No entanto, o apóstolo
Paulo afirma que nós precisamos nos deixar conduzir pelo Espírito de Deus (cf.
Rm 8,14). Ele não nos obriga a nada; Ele não nos violenta e não Se impõe, mas
Se propõe a nós. Por Ele sempre visar o nosso bem, o bem que Deus quer para nós
(cf. Rm 8,27), a melhor coisa que temos a fazer é entrar neste rio de água viva
e deixar-nos levar calma e confiantemente pela sua correnteza, ao invés de
ficarmos nadando contra a corrente e nos desviando da direção certa, do
desígnio que Deus tem para nós.
O apóstolo Paulo
afirma que o Espírito Santo atesta, isto é, comprova que somos filhos de Deus;
somente Ele faz nascer em nós uma súplica espiritual, uma palavra que dirigimos
a Deus proclamando-O como nosso Abbá, nosso Papai (cf. Rm 8,15-16). Ora, ao
mesmo tempo em que declaramos que não somos órfãos e que nossa vida não está nas
mãos do acaso, mas do Papai, Jesus nos ensina que a coisa mais importante que
nós, filhos de Deus, podemos pedir ao nosso Papai é o Espírito Santo (cf. Lc
11,13); pedir Aquele que nos enche de ânimo, de força e de esperança; pedir
Aquele cujo amor tudo cura e restaura, cujo perdão reconcilia, reaproxima,
recria comunhão; pedir Aquele cujo fogo tudo transforma e cuja água é viva e
tudo vivifica; pedir Aquele que é a própria unção que nos consagra como pessoas
que pertencem a Deus, Aquele cujo bálsamo cura nossas feridas e cuja graça
transforma nosso coração de pedra em coração de carne; enfim, pedir Aquele que
renova a face da terra...
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Antigo
hino ao Espírito Santo
Vinde,
Santo Espírito, e do céu mandai luminoso raio. Vinde, Pai dos pobres, doador
dos dons, luz dos corações. Grande defensor, em nós habitais e nos
confortais. Na fadiga, pouso; no ardor, brandura e na dor, ternura. Ó luz
venturosa, que vossos clarões encham os corações. Sem vosso poder, em
qualquer vivente nada há de inocente. Lavai o impuro e regai o seco, curai o
enfermo. Dobrai a dureza, aquecei o frio, livrai do desvio. Aos vossos
fiéis que oram com vibrantes sons dai os sete dons. Dai virtude e prêmio e no
fim dos dias eterna alegria. Amém.
Hino
– Vésperas de Pentecostes – Liturgia das Horas
Ó,
vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os nossos corações com
vossos dons celestiais. Vós sois chamado o Intercessor, do Deus excelso o
dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar. Sois
doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por
nós seus feitos proclamai. A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa
fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor. Nosso inimigo repeli, e
concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás. Ao
Pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer que procedeis do seu amor fazei-nos
sempre firmes crer. Amém!
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