Missa do 3º. dom. do advento. Palavra de
Deus: Sofonias 3,14-18a; Filipenses 4,4-7; Lucas 3,10-18.
Uma pergunta se repete três vezes no
Evangelho que acabamos de ouvir: “Que devemos fazer?” (Lc 3,10.12.14). Esta
pergunta nos lembra algo importante: se o Advento é tempo de esperança, tempo
de esperar Aquele que vem, nossa esperança jamais pode nos deixar na acomodação
e na passividade. Enquanto esperamos, somos chamados a fazer algo. Na verdade,
é justamente porque temos esperança que fazemos algo, em vista da concretização
da nossa esperança. Só quem tem esperança faz; só quem tem esperança se levanta,
se desacomoda, se movimenta. Portanto, hoje também nós precisamos nos
perguntar: “Que devemos fazer” para que nossa esperança não seja em vão?
Todos nós esperamos que o nosso
mundo ou a humanidade melhore, que o nosso país, a nossa cidade, o nosso
ambiente de trabalho ou o ambiente familiar melhore. Mas também precisamos ter
a coragem de nos perguntar: “Que devemos fazer?”, em vista de melhora que
desejamos? É muito importante que tenhamos esperança em relação à nossa cura,
ou a alguma transformação nos nossos relacionamentos, ou mesmo em relação ao
aprofundamento da nossa fé, mas é igualmente importante nos perguntar: “Que
devemos fazer” para que as mudanças ou transformações esperadas se
concretizem?
Na medida em que tomavam consciência
da chegada do Messias (Jesus), muitas pessoas procuravam João Batista e
perguntavam: “Que devemos fazer?”. Hoje a consciência da vinda de Jesus está
quase que totalmente adormecida na maioria das pessoas. Mas é de se esperar que
pelo menos nós, cristãos, nos sintamos positivamente “inquietos” com a chegada
de Jesus e nos perguntemos se há algo que precisa ser revisto, colocado em
ordem, modificado, para que a Sua chegada não seja para nós causa de condenação
e sim causa de salvação. Neste sentido, nos ajudaria muito ler os capítulos 2 e
3 do livro do Apocalipse: ali Jesus fala a cada uma das igrejas, sempre
dizendo: “Conheço tua conduta”, e após dizer isso, ressalta aquilo que há de
bom e correto no comportamento dos cristãos de cada igreja, assim como aquilo
que não está bom e precisa ser corrigido neles, antes que Ele venha.
“Que devemos fazer?” O que está bom
e correto em mim e precisa ser confirmado? O que não está bom e correto nas
minhas atitudes e precisa ser corrigido? Em relação a quais valores eu
preciso me manter firme e perseverar? Em relação a quais contra valores eu
preciso me corrigir e me converter? A pergunta “que devemos fazer?” nos lembra uma
importante verdade: ninguém de nós está com a vida totalmente em ordem a ponto
de não precisar de conversão, de revisão, de correção. O grande perigo em nossa
vida de cristãos é dar nossa conversão por pressuposta. Ninguém de nós é uma
pessoa definitivamente convertida. A conversão sempre será um processo em
andamento em nós; ora estamos mais próximos, ora estamos mais distantes daquilo
que o Senhor nos chama a ser...
Mas há um outro aspecto importante
neste terceiro domingo do Advento: o convite à alegria. Tanto o profeta
Sofonias quanto o apóstolo Paulo insistem na alegria, não apenas como um
sentimento a ser despertado em nós, mas principalmente como uma atitude a ser
assumida por nós, enquanto aguardamos o Senhor Jesus. Segundo Sofonias, o
motivo de nos alegrarmos é um só: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti!” (Sf
3,17; cf. v.15). Embora o Advento nos coloque na expectativa por Aquele que vem,
jamais devemos imaginar Jesus ausente da nossa vida, ou da vida da Igreja. “Ele
está no meio de nós!” – isso é repetido por nós em toda celebração, e deveria
sê-lo por convicção e não por mera proclamação mecânica e sem consciência da
nossa parte, afinal foi o próprio Jesus quem disse: “Eu estarei convosco todos
os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
O motivo da nossa alegria, segundo o
profeta, não é o fato de termos uma vida poupada de sofrimentos ou que a presença
do Senhor junto a nós seja uma blindagem contra todas as dificuldades e
contrariedades da vida. Se somos chamados a nos alegrar é pelo fato de que o
Senhor está no meio de nós “como valente guerreiro que nos salva” (cf. Sf
3,17). Justamente por isso, diz Sofonias: “Não te deixes levar pelo desânimo!”
(Sf 3,16). Em todo e qualquer combate que tenhamos que enfrentar, devemos saber
que o Senhor combate junto a nós como valente guerreiro, e não há motivo para
nos entregar ao desânimo.
O apóstolo Paulo, por sua vez, nos
convida à alegria por meio dessas palavras: “Alegrai-vos!... O Senhor está
próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas
necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças” (Fl
4,4.5-6). A nossa condição de cristãos no mundo é a mesma da humanidade:
estamos expostos aos mesmos problemas, às mesmas dificuldades e às mesmas
provações, mas com uma diferença: nós sabemos que temos um Pai em cujas mãos
podemos confiar a nossa vida e cada uma das nossas necessidades. Portanto, não
tem sentido nos deixarmos consumir de ansiedade. Devemos depositar cada uma das
nossas preocupações nas mãos de Deus, “sabendo que é Ele quem cuida de nós” (cf.
1Pd 5,7). Quando o nosso coração está atormentado por medo, preocupação e
ansiedade é sinal de que algo está errado com a nossa vida de oração. Talvez,
enquanto oramos, continuamos a querer manter as coisas sob o nosso controle, ao
invés de entregar o controle às mãos d’Aquele que tem o poder de fazer por nós
infinitamente além do que pedimos ou imaginamos (cf. Ef 3,20).
Paulo nos fala, enfim, do que
acontece conosco quando temos a coragem de confiar tudo aquilo que nos inquieta
às mãos de Deus: “E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará
os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus” (Fl 4,7). Retornando ao início
desta reflexão, sem dúvida existem coisas que cabe a nós, e somente a nós,
fazer, mas é igualmente verdade que todas as inquietações que vão além do nosso
poder, além do que podemos fazer agora, precisam ser colocadas em Deus. Quando
fizermos isso, uma profunda paz tomará conta de nós e uma serena alegria
inundará a nossa alma, alegria e paz que sempre serão sentidas em nosso
interior quando nos dispormos a fazer, em todas as coisas, a vontade de Deus.
Oração:
Senhor Jesus, Tu conheces a minha conduta; sabes onde estou bem e onde preciso
melhorar. Hoje quero com toda a sinceridade perguntar: O que eu devo fazer? O
que eu devo confirmar o que eu devo corrigir em mim, para que a Tua chegada me
encontre preparado(a) para entrar no Teu Reino.
Há uma grande ausência de alegria e
de verdadeira paz no coração da humanidade. Para compensar essa ausência,
algumas pessoas recorrem às drogas; outras, à bebida; outras ainda, ao
consumismo ou a uma vida sexual desenfreada. Quanto a mim, eu quero aprender a
depositar nas Tuas mãos cada uma das minhas ansiedades e preocupações, sabendo
que é o Senhor quem cuida de mim e provê às minhas reais necessidades.
Peço-Te
por toda a humanidade. Peço que o Senhor se faça sentir como valente guerreiro
junto a toda pessoa que combate contra uma doença do corpo ou da alma, contra
as dificuldades terrenas e contra as dificuldades espirituais. Concede ao
coração de cada ser humano a alegria e a paz que vêm unicamente de Ti. Enfim,
que em tudo possamos buscar fazer a Tua vontade, e assim experimentaremos a Tua
paz, a paz que ultrapassa todo entendimento humano e que tem o poder de guardar
o nosso coração em Ti, na alegria da Tua salvação. Amém!
muy linda esta reflexion hecha por est sacerdote tan iluminado d la sabiduria divina q nos ayuda a compreender la santa palabra de dios
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