Missa
da Ceia do Senhor. Palavra de Deus: Êxodo 12,1-8.11-14; 1Coríntios 11,23-26; João
13,1-15.
Nesta noite entramos em contato com
duas páscoas: a do povo de Israel e a de Jesus com seus discípulos. Na primeira
páscoa, cada família devia imolar (sacrificar) um cordeiro; na segunda páscoa,
Jesus, é o próprio cordeiro que, antes de ser sacrificado na cruz, se entrega
aos discípulos fazendo do pão o seu corpo e do vinho o seu sangue.
Nesta noite, Jesus nos convida a nos
sentar com ele à mesa e aprender a amar até o fim, como ele nos amou. Nem todos
estão aqui. Nem todos sabem que estão sendo constantemente convidados para a Ceia
do Senhor. Este convite para a Ceia do Senhor ainda não chegou a todos. Por
isso, cabe a cada um de nós sair e se dirigir para as periferias existenciais,
como nos pede o Papa Francisco, a fim de trazer para esta Ceia todos aqueles
para os quais o Senhor Jesus quer entregar-se como remédio generoso e alimento
de salvação.
A antiga páscoa foi marcada por uma
ameaça: cada família deveria sacrificar um cordeiro, tomar um pouco do seu
sangue e marcar a porta da casa, para não ser atingida pela praga
exterminadora. Sabemos o quanto a nossa casa comum – o planeta Terra – tem sido
atingido pela praga exterminadora da ambição do mercado e do egoísmo do coração
humano. Parece que nós ainda não nos demos conta de que também com pequenas
atitudes cotidianas temos colaborado para exterminar a vida em nossa casa
comum.
Existem muitas outras pragas
exterminadoras que ameaçam a família humana, como a violência urbana, as
drogas, o desemprego, as doenças, o abuso sexual, as brigas, as inimizades, a
separação, o mau uso da TV, do computador, do celular, da internet etc. Jesus hoje
pede que nós tomemos um pouco do Seu sangue e marquemos não somente a porta da
nossa casa, mas também da nossa consciência e do nosso coração; que também nos esforcemos
por visitar alguma família que está sendo atingida por algum tipo de praga
exterminadora e levemos a ela a presença de Jesus, vencedor do mal e da morte.
Quem
poderá resistir, se Jesus derramando está seu sangue precioso aqui, neste
lugar?! (Vida Reluz)
O sangue é entrega, é amor que
decide amar até o fim. Agora a pouco, Jesus nos disse: “Se eu, o Senhor e
Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
Dei-vos o exemplo...” (Jo 13,14-15). Cada vez que você e eu nos aproximamos do
altar e recebemos a Eucaristia, precisamos nos perguntar: a quem eu devo lavar
os pés? A quem eu devo voltar a amar? A quem eu devo amar até o fim? Por quem
ou pelo quê eu sou chamado(a) a derramar o meu sangue, isto é, entregar-me,
sacrificar-me, para que esta pessoa ou esta situação se abra para a vida plena
que Jesus veio nos trazer?
Todos os anos, nesta noite, o Papa
Francisco celebra esta missa numa penitenciária, derramando água e levando os
pés dos presos. Aqui nós temos duas indicações importantes do Espírito Santo.
Primeira: a Eucaristia, presença real de Jesus vivo e ressuscitado (cf. Lc
24,30-31), precisa ser “levada” para fora da Igreja, para aquelas pessoas que,
por tantos motivos, não querem ou se sentem “impedidas” – moral ou socialmente –
de virem até nós e de se sentarem à mesa com Jesus. Segunda: a Eucaristia foi
querida por Jesus como expressão da sua misericórdia para com todo ser humano,
sobretudo para com aquele que se sente condenado a alguma situação de
sofrimento ou de injustiça. Jesus nos deu o exemplo. Agora cabe a nós fazer
como ele nos ensinou a fazer...
Por fim, nesta noite em que
começamos a fazer a nossa páscoa com Jesus, o apóstolo Paulo nos recorda o
sentido de comungarmos o Corpo e o Sangue do Senhor: “Todas as vezes, de fato,
que comerdes esse pão e beberdes desse cálice, estareis proclamando a morte do
Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,26). Sempre que você comunga, pode
proclamar: Jesus me amou e se entregou por mim! Jesus me ama e continua a se
entregar por mim! Jesus ama esta pessoa por quem estou orando e está se
entregando por ela! Pelo sangue redentor de Jesus, todos nós “fomos libertos e
nele nossas faltas foram perdoadas” (Ef 1,7). Pelo sangue de Jesus, derramado
na cruz, o Pai reconciliou “consigo todas as coisas, as da terra e as do céu, estabelecendo
a paz” (Cl 1,20). Bendito seja o Senhor, que nesta noite nos faz passar mais
uma vez da condenação para a libertação, do isolamento para a comunhão, da
morte para a vida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário