Missa
do domingo de Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 10,34a.37-43;
Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.
Por ocasião da morte de Lázaro,
Jesus disse aos discípulos: “Lázaro morreu. Por causa de vocês, alegro-me de
não ter estado lá, para que vocês creiam” (Jo 11,14-15). Ao dizer “alegro-me
por não ter estado lá”, Jesus afirma que permitiu a morte de Lázaro, para que a
fé dos discípulos e a nossa não fosse cancelada diante da morte. Assim como
Jesus permitiu a morte de Lázaro, Deus Pai permitiu a morte de seu Filho Jesus,
assim como permitiu a morte de tantos que amamos, assim como um dia permitirá a
nossa morte. Esta é uma verdade difícil de aceitarmos: crer em Deus não nos
impede de morrer, nem de ficarmos doentes, ou de perdermos o emprego, de
sofrermos um acidente, de perdermos alguém que amamos, de experimentarmos
quedas, fraquezas ou fracassos em nossa trajetória de vida.
Toda a nossa fé só se baseia numa
única verdade: Cristo ressuscitou. Justamente por isso, o apóstolo Paulo afirma
que, se Cristo não houvesse ressuscitado, nós não teríamos no quê acreditar;
nossa fé seria vazia, desprovida de razão; nós não teríamos onde nos agarrar. Porém,
Paulo faz um alerta sobre o que significa crer que Jesus ressuscitou: “Se temos
esperança em Cristo (ressuscitado) somente para esta vida, somos os mais dignos
de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,19). Se a nossa fé no Cristo
ressuscitado serve de esperança somente para as coisas presentes – a superação
de uma dificuldade, a solução de um problema, a cura de uma enfermidade, a
melhora na vida profissional etc. – nós não entendemos nada a respeito da
ressurreição, uma vez que ela diz respeito à verdadeira Vida, à vida
eterna.
Sim. A fé no Cristo ressuscitado tem
repercussões para esta vida presente também. “Porque Ele vive, eu posso crer no
amanhã. Porque Ele vive, temor não há”, diz a música. Porque Cristo vive, depois
de ter enfrentado a morte de cruz, eu posso lidar a minha cruz de uma maneira
diferente. Porque Cristo vive, eu posso seguir pela vida sabendo que nada
poderá me separar do amor de Deus, manifestado na pessoa de seu Filho Jesus
(cf. Rm 8,37-39). Porque Cristo vive, eu posso suportar minhas provações crendo
que Deus tem o poder de ressuscitar os mortos, e nessa minha fé Deus me
devolve, de maneira transformada, tudo aquilo que eu entreguei em Suas mãos
(cf. Hb 11,17-18). Porém, se eu não creio que Cristo ressuscitou, me torno como
aquelas pessoas que cedem à injustiça e à maldade do mundo, por não acreditarem
que exista um prêmio para a santidade, uma recompensa para quem vive segundo a
justiça (cf. Sb 2,22).
Justamente porque Cristo ressuscitou
o apóstolo Paulo nos convida a nos esforçar por “alcançar as coisas do alto,
onde Cristo está” (Cl 3,1-2). Viver como ressuscitados, ou como filhos
destinados à ressurreição, exige de nós um esforço para não nos corromper, para
não nos desviar do caminho da salvação aberto por Jesus, um esforço diário para
não reduzir nossas esperanças às promessas mundanas de felicidade. Esse esforço
se torna maior ainda quando tomamos consciência de que a nossa vida de
ressuscitados “está escondida com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). “Vida escondida”
significa que a nossa fé na ressurreição de Cristo e na nossa própria ressurreição
não vai retirar do caminho da nossa vida todas as dificuldades, mas vai nos dar
a certeza de que nós seremos unidos ao triunfo de Cristo sobre todo tipo de
dor, de fracasso e de morte.
Neste domingo de Páscoa, nós temos duas
palavras que testemunham que Jesus ressuscitou: a primeira é a “palavra” do
túmulo vazio (cf. Jo 20,1-9); a segunda é a palavra daqueles que Deus escolheu
para serem testemunhas de seu Filho ressuscitado: os que comeram e beberam com
ele depois que ressuscitou dos mortos (cf. At 10,40-41). Diante do túmulo vazio
cabem algumas perguntas: nosso túmulo está vazio ou nele ainda está sepultada a
nossa esperança? Você já desenterrou a sua fé, diante da proclamação de que
Jesus Cristo ressuscitou? Você diariamente retira a pedra da entrada do seu
túmulo, para que Deus possa fazer vir para fora, ressuscitar, aquilo que morreu
em você?
Deus é sempre muito discreto. Foi
discreto ao enviar Jesus ao mundo e foi discreto ao ressuscitá-lo dos mortos.
Por estarmos contaminados pelo barulho e por manifestações espalhafatosas,
extravagantes, acabamos por desprezar os sinais da ressurreição de Cristo em
nossa vida e na vida da humanidade; acabamos por não crer nem na ressurreição de
Jesus, nem na nossa futura ressurreição, nos esquecendo da Escritura que diz: “Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu
poder” (1Cor
6,14). Ressuscitando Jesus, Deus nos deu a esperança da vida eterna, e Deus não
mente (cf. Tt 1,1-2).
Ainda que em muitos de nós forças
como a fé e a esperança estejam morrendo ou tenham morrido, lembremos das
palavras do apóstolo Paulo: “Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos
mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Permitamos que Ele seja Senhor e Redentor não
somente daquilo que ainda vive em nós, mas também daquilo que porventura tenha
morrido ou esteja morrendo. Nosso Redentor vive! Por isso, podemos crer no amanhã.
Nosso Redentor vive! Peçamos que ele nos erga do pó e nos coloque em pé, como homens
e mulheres ressuscitados!
Para
sua oração pessoal: MEU REDENTOR VIVE! (Aline Brasil)
https://www.youtube.com/watch?v=lRh0PFbwmwMPe. Paulo Cezar Mazzi
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