Missa
do 33º. dom. comum. Malaquias 3,19-20a.; 2Tessalonicenses 3,7-12; Lucas
21,5-19.
“Vós
admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo
será destruído” (Lc 21,6). Era um casal admirável, perfeito, vivendo um
relacionamento à prova de fogo, ao menos aparentemente. Para surpresa de todos,
o casal se separou. Era um império invejável, uma empresa de grande sucesso,
crescendo e se expandindo cada vez mais. De repente, o império desabou, a
empresa faliu, ou está correndo o risco de falir. Era uma igreja repleta de fiéis,
construindo “megatemplos” nas grandes capitais. Agora, é uma igreja reduzida a
algumas centenas de pessoas, tentando sobreviver enquanto instituição. Era um
corpo exibindo beleza, músculos e saúde para todo mundo ver. Agora é um corpo
que definha numa cama, ou consumido pelos vermes debaixo da terra.
Quantas “construções” que antes nós
admirávamos, mas agora são apenas escombros, ruínas? Quantas pessoas eram para
nós a imagem do sucesso e hoje são a imagem do fracasso? Esta é a verdade: pessoas
caem, impérios desabam, fortalezas desmoronam. E por que tudo isso? Porque os muros
das nossas falsas seguranças precisam cair. Porque as paredes que construímos
para nos separar das pessoas, e também para nos separar de Deus e da nossa
própria verdade, precisam ser derrubadas.
Ao longo deste ano, talvez você
tenha conseguido construir muitas ou algumas coisas. Mas Jesus nos faz um
alerta: tudo aquilo que neste mundo está sendo construído tendo por base a
injustiça, a ganância, a indiferença para com quem sofre, cairá, e não ficará
pedra sobre pedra. Tudo aquilo que você constrói tendo por base a mentira, a
desonestidade, o egoísmo, será destruído. Em outras palavras, não se trata da destruição
de edifícios, de palácios e de casas de luxo, mas da destruição da vaidade, do
orgulho, da soberba.
O profeta Malaquias fala da vinda de
Deus como um fogo que consumirá os soberbos e os ímpios – os que cometem
injustiça, como se fossem palha. Daquilo que essas pessoas construíram e se
orgulharam, não sobrará nem raiz, nem ramo. Porém, esse fogo de Deus trará
justiça e salvação para os que construíram sua vida tendo por base o respeito
ao Senhor e ao seu semelhante (cf. Ml 3,19-20a).
Na Sagrada Escritura, o fogo
representa o julgamento de Deus. O salmo que meditamos hoje diz: “O Senhor fez
conhecer sua vitória, revelou sua justiça aos olhos das nações... Ele vem para
julgar a terra inteira: ele julgará o mundo com justiça e os povos com retidão!”
(Sl 98,2.9). Nós temos medo desse fogo de Deus, mas ele nada mais é do que a
verdade, um fogo que consumirá nossas mentiras, queimará nossas máscaras e nos
confrontará com a verdade que nos liberta.
Há sinais deste fogo da justiça e da
verdade de Deus agindo no meio da humanidade. Há sinais de que este mundo
construído na base da mentira e da injustiça vai ter um fim. O primeiro sinal são
os falsos profetas, em relação aos quais Jesus alerta: “Não sigais essa gente”
(Lc 21,8). O segundo sinal são as guerras e as revoluções, a respeito das quais
Jesus afirma: “É preciso que estas coisas aconteçam, mas não será logo o fim”
(Lc 21,9). O terceiro sinal são as forças destrutivas da natureza (cf. Lc
21,11). Tivemos um exemplo disso há dias atrás, nas Filipinas. Em meio a tudo isso,
haverá perseguições por causa da fé, e Jesus diz: “Esta será a ocasião em que
testemunhareis a vossa fé” (Lc 21,13).
Os tempos em que vivemos são tempos
difíceis. Você reconhece isso? Você percebe os apelos de Deus nos
acontecimentos atuais? Você tem procurado construir sua vida sobre uma base
verdadeira, sobre a base da fé, ou tem agido como alguns tessalonicenses,
vivendo à toa, muito ocupado em não fazer nada (cf. 2Ts 3,11), nem por sua
própria salvação, nem pela salvação dos outros?
Há um fogo que se alastra aos poucos no meio de nós e que precisa nos conduzir para a verdade. Há um terremoto que precisa nos sacudir, nos acordar, nos desacomodar. Há dores de parto que precisam ser suportadas, se queremos que algo novo possa nascer em nós. Diante de tudo isso, duas coisas são necessárias: confiança e atitude. Confiança em Deus, porque Jesus diz: “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça” (Lc 21,18). Atitude da nossa parte, porque Jesus afirma: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21,19).
Há um fogo que se alastra aos poucos no meio de nós e que precisa nos conduzir para a verdade. Há um terremoto que precisa nos sacudir, nos acordar, nos desacomodar. Há dores de parto que precisam ser suportadas, se queremos que algo novo possa nascer em nós. Diante de tudo isso, duas coisas são necessárias: confiança e atitude. Confiança em Deus, porque Jesus diz: “Vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça” (Lc 21,18). Atitude da nossa parte, porque Jesus afirma: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21,19).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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