sexta-feira, 8 de novembro de 2013

RESSURREIÇÃO: VIDA ABERTA PARA O FUTURO DE DEUS

Missa do 32º. dom. comum. Palavra de Deus: 2Macabeus 7,1-2.9-14; 2Tessalonicenses 2,16–3,5; Lucas 20,27-38.

Alguns lutam pela vida, enquanto outros “jogam fora” a própria vida. Alguns morrem depois de ter vivido “intensamente” a sua vida, enquanto outros morrem como se nunca tivessem vivido. Alguns se agarram desesperadamente a esta vida por não acreditarem na ressurreição e na vida eterna, enquanto outros são capazes de sofrer injustiças nesta vida porque esperam de Deus a ressurreição para a vida eterna, como os irmãos Macabeus.
  A fé na ressurreição surgiu como consequência da fé no Deus que, como Jesus acabou de afirmar, “não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38). Foi apoiando-se nesta fé que Abraão conseguiu suportar a prova de oferecer seu filho único a Deus, crendo que o mesmo Deus tem o poder de ressuscitar os mortos. “Por isso, recuperou seu filho, como um símbolo” (Hb 11,19). Assim como Abraão, quando você crê na ressurreição, torna-se capaz de suportar as contrariedades desta vida; torna-se capaz de sacrificar suas certezas humanas, porque entrega sua vida ao Deus que tem o poder de ressuscitar os mortos. É exatamente essa entrega que faz com que você recupere aquilo que no momento precisa sacrificar.
      Quando você crê na ressurreição, confia que em Deus tudo aquilo que você perdeu será recuperado e transformado. Quando você crê na ressurreição, se torna capaz de esperar pelo Senhor Jesus, “que transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21). Quando você crê na ressurreição, confia no poder que o Espírito Santo tem de dar vida ao seu corpo mortal (cf. Rm 8,11). Enfim, pelo fato de você crer na ressurreição, pode dizer como o salmista: “Até o meu corpo repousará na esperança, porque não abandonarás minha vida no sepulcro (...). Deste-me a conhecer os caminhos da vida; tu me encherás de júbilo na tua presença” (Sl 16,8-11; At 2,26-28). 
         A fé na ressurreição enche o seu coração da certeza de que nenhuma pergunta sua ficará sem resposta, nenhuma dor ficará sem consolo, nenhuma ferida ficará sem ser curada e nenhuma lágrima ficará sem ser enxugada. A fé na ressurreição é a certeza de que a justiça que você nem sempre encontra neste mundo, encontra seguramente em Deus, pois Jesus afirma que todos ressuscitarão: “os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5,29).
           A maneira como nós cremos na vida após a morte influencia a nossa maneira de interpretar e viver a nossa vida presente. Quando você na reencarnação, sua vida presente é sempre um “olhar para trás”, como se tudo o que acontecesse com você fosse em função de um passado não resolvido, de uma dívida não paga. Porém, quando você crê na ressurreição, sua vida presente é sempre um “olhar para a frente”, pois “não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm 8,1), uma vez que “ele nos perdoou todas as nossas faltas: apagou (...) o título de dívida que existia contra nós; e o suprimiu, pregando-o na cruz” (Cl 2,13-14). 
        A fé na ressurreição convida você a se lembrar de que “agora é o começo do resto da sua vida” (Provérbio), uma vida que é única e que nunca mais se repetirá, pois “é fato que os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento” (Hb 9,27). A fé na ressurreição ajuda você a compreender a vida eterna não como uma conquista sua, ou como fruto dos seus méritos, mas como graça de Deus: “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus” (Ef 2,8).
        A ressurreição não vem de nós mesmos, mas é dom de Deus, e este dom é o centro da nossa fé cristã: “A mensagem central do cristianismo é: não há morte em que já não esteja presente o começo de uma nova vida. Não há cruz que não seja seguida da ressurreição. Não há escuridão em que já não brilhe a luz pascal, nenhuma dor em que somos deixados sozinhos” (Anselm Grün). 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

Nenhum comentário:

Postar um comentário