Missa do 32º. dom. comum. Palavra de
Deus: 2Macabeus 7,1-2.9-14; 2Tessalonicenses 2,16–3,5; Lucas 20,27-38.
Alguns lutam pela vida, enquanto outros “jogam
fora” a própria vida. Alguns morrem depois de ter vivido “intensamente” a sua
vida, enquanto outros morrem como se nunca tivessem vivido. Alguns se agarram
desesperadamente a esta vida por não acreditarem na ressurreição e na vida
eterna, enquanto outros são capazes de sofrer injustiças nesta vida porque
esperam de Deus a ressurreição para a vida eterna, como os irmãos Macabeus.
A fé na ressurreição surgiu como consequência
da fé no Deus que, como Jesus acabou de afirmar, “não é Deus dos mortos, mas
dos vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38). Foi apoiando-se nesta fé que
Abraão conseguiu suportar a prova de oferecer seu filho único a Deus, crendo
que o mesmo Deus tem o poder de ressuscitar os mortos. “Por isso, recuperou seu
filho, como um símbolo” (Hb 11,19). Assim como Abraão, quando você crê na
ressurreição, torna-se capaz de suportar as contrariedades desta vida; torna-se
capaz de sacrificar suas certezas humanas, porque entrega sua vida ao Deus que
tem o poder de ressuscitar os mortos. É exatamente essa entrega que faz com que
você recupere aquilo que no momento precisa sacrificar.
Quando você crê na ressurreição, confia
que em Deus tudo aquilo que você perdeu será recuperado e transformado. Quando
você crê na ressurreição, se torna capaz de esperar pelo Senhor Jesus, “que
transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl
3,21). Quando você crê na ressurreição, confia no poder que o Espírito Santo
tem de dar vida ao seu corpo mortal (cf. Rm 8,11). Enfim, pelo fato de você
crer na ressurreição, pode dizer como o salmista: “Até o meu corpo repousará na
esperança, porque não abandonarás minha vida no sepulcro (...). Deste-me a
conhecer os caminhos da vida; tu me encherás de júbilo na tua presença” (Sl
16,8-11; At 2,26-28).
A fé na ressurreição enche o seu
coração da certeza de que nenhuma pergunta sua ficará sem resposta, nenhuma dor
ficará sem consolo, nenhuma ferida ficará sem ser curada e nenhuma lágrima
ficará sem ser enxugada. A fé na ressurreição é a certeza de que a justiça que
você nem sempre encontra neste mundo, encontra seguramente em Deus, pois Jesus
afirma que todos ressuscitarão: “os que tiverem feito o bem, para uma
ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de
julgamento” (Jo 5,29).
A maneira como nós cremos na vida
após a morte influencia a nossa maneira de interpretar e viver a nossa vida
presente. Quando você na reencarnação, sua vida presente é sempre um “olhar
para trás”, como se tudo o que acontecesse com você fosse em função de um
passado não resolvido, de uma dívida não paga. Porém, quando você crê na ressurreição,
sua vida presente é sempre um “olhar para a frente”, pois “não existe mais
condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm 8,1), uma vez que “ele
nos perdoou todas as nossas faltas: apagou (...) o título de dívida que existia
contra nós; e o suprimiu, pregando-o na cruz” (Cl 2,13-14).
A fé na ressurreição convida você a
se lembrar de que “agora é o começo do resto da sua vida” (Provérbio), uma vida
que é única e que nunca mais se repetirá, pois “é fato que os homens devem
morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento” (Hb 9,27). A fé na
ressurreição ajuda você a compreender a vida eterna não como uma conquista sua,
ou como fruto dos seus méritos, mas como graça de Deus: “Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus” (Ef 2,8).
A
ressurreição não vem de nós mesmos, mas é dom de Deus, e este dom é o centro da
nossa fé cristã: “A mensagem central do cristianismo é: não há morte em que já
não esteja presente o começo de uma nova vida. Não há cruz que não seja seguida
da ressurreição. Não há escuridão em que já não brilhe a luz pascal, nenhuma
dor em que somos deixados sozinhos” (Anselm Grün).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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