Missa
de São Pedro e São Paulo. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 12,1-11; 2Timóteo
4,6-8.17-18; Mateus 16,13-19.
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Pedra é algo sólido. Ao construir a sua
Igreja sobre a fé de Pedro e dos demais apóstolos, Jesus quis que a Igreja
fosse um lugar onde as pessoas sentissem a solidez da fé, onde as pessoas
sentissem o amparo de Deus, a firmeza das mãos do Pai, num mundo onde nada é
seguro, onde instabilidades de todo tipo (econômica, estrutural, emocional etc.)
tiram a paz do coração humano. Jesus quis e quer a Igreja como habitação
(presença) de Deus no meio dos homens, assim como Ele quis e quer a cada um de
nós como pedras vivas, como construtores da Igreja, cada um colocando a serviço
dos outros os seus dons, em vista da edificação de todos na fé.
“... construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). No mundo, e
especialmente no Brasil, há uma infinidade de igrejas. Como identificar a
verdadeira Igreja que Jesus edificou sobre os apóstolos (cf. Ef 2,20)? Há uma
infinidade de igrejas porque a Pedra foi quebrada, pulverizada em inúmeras
pequenas pedras, para atender à demanda de um imenso mercado religioso. Dizer
que “a Pedra foi quebrada” significa dizer que a solidez da fé foi adaptada,
tornada flexível, “palatável”, para ser vendida e digerida pelos consumidores,
que estão cada vez mais exigentes, desejosos de resultados rápidos, imediatos, procurando
pelo menor custo e pelo maior benefício possível.
A missão que Jesus confiou ontem a
Pedro confia hoje a cada um de nós: sermos construtores da Igreja e não meros
consumidores dela. A firmeza da fé que ontem Jesus encontrou em Pedro quer
encontrar hoje em cada um de nós: não nos deixarmos vencer pelo desânimo, pelo
pessimismo. Se “enquanto Pedro era mantido em prisão, a Igreja rezava
continuamente a Deus por ele” (At 12,5), nós devemos orar continuamente pelo
nosso Papa, pelos nossos bispos, pelos nossos padres, enfim, por todos os
cristãos, “(...) sabendo que a mesma espécie de sofrimento atinge os vossos
irmãos espalhados pelo mundo” (1Pd 5,9).
Jesus deixa claro que aqueles que
constroem a sua Igreja, aqueles que procuram viver sendo uma “presença de fé” no
meio de um mundo que cada vez mais perde a fé, enfrentarão “o poder do
inferno”. Sim. Ser cristão significa
sofrer pelo Evangelho (cf. 2Tm 1,8), assim como ser Igreja significa sofrer pela
fé, combatendo o bom combate, um combate que já foi travado e vencido pelo
próprio Jesus, que nos garante: “o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Mt
16,18).
Além de Pedro, uma outra pedra viva
da Igreja, que serve de modelo para a nossa fé, é o apóstolo Paulo, o qual testemunha:
“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7). “Combati
o bom combate”... Nossa vida é um combate; não só um combate em vista da
sobrevivência, mas um combate no campo da fé, em combate entre o homem velho e
o homem novo, entre o nosso egoísmo e a graça de Deus, entre a mentira que nos
mantém escravos e a verdade que nos liberta.
“Terminei a corrida”... Um dia nós
iniciamos um caminho com Jesus. Apesar de todos os tropeços e de todas as quedas,
precisamos chegar até o fim neste caminho, precisamos completar a corrida, sustentados
pela Palavra que diz que cada um de nós já foi alcançado pela graça redentora de
nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Fl 3,12).
“Guardei a fé”. Se ao longo do caminho
da vida vamos perdendo muitas coisas, como o vigor físico ou alguns sonhos e projetos
humanos que vão se mostrando irrealizáveis ou não correspondentes ao que Deus
quer para nós e para a Igreja, não podemos jamais perder a fé, pois sem ela não
receberemos a coroa da glória, não poderemos nos encontrar com o Senhor.
“O que ligares na terra, será ligado
nos céus; o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). Como
disse Pe. Adroaldo, com essas palavras Jesus não transferiu “poder” a Pedro,
mas lhe deu condições de cuidar da fé dos seus irmãos. O mesmo vale para nós,
hoje. Enquanto muitas pessoas, por diversas razões, têm decidido por si mesmas
desligar-se da Igreja, o Evangelho nos recorda a missão sagrada que Jesus
confia a cada um de nós: religar as pessoas a Deus, confirmá-las na fé, para
que, por esta mesma fé, elas voltem a sentir seus corações ligados ao Céu,
descobrindo dentro de si mesmas aquela pedra, aquela consistência da fé que
resiste às instabilidades deste mundo, podendo dizer com o apóstolo Paulo, “sei
em quem depositei a minha fé” (2Tm 2,12).
Como interiorização da Palavra do
dia de hoje, assista ao vídeo abaixo:
Pe. Paulo Cezar Mazzi