quinta-feira, 6 de junho de 2013

ENTERROS INTERROMPIDOS

Missa do 10º. dom. comum. Palavra de Deus: 1Reis 17,17-24; Gálatas 1,11-19; Lucas 7,11-17.

            Se nós pudéssemos, desviaríamos a todo momento da morte para nunca ter que cruzar com ela, para nunca ter que nos confrontar com ela. A cultura moderna inventa uma porção de coisas para nos manter distraídos, para não pensarmos na possibilidade da morte, como se, de fato, nós nunca fôssemos morrer. Quando entramos em contato com alguma notícia sobre morte, nos comportamos com se ela não nos dissesse respeito. Se a morte acontece, é sempre na casa dos outros, nunca na nossa; se ela atinge uma criança ou um jovem, é sempre o filho dos outros, nunca o nosso.
            Por mais que nos deixemos enganar pela cultura da negação da morte, ela – a morte – atravessa o nosso caminho sem pedir licença. Foi o que aconteceu com Jesus que, ao aproximar-se da cidade de Naim, se deparou com o enterro de um jovem, filho único de uma viúva. Aquela cena suscitou compaixão em Jesus. Compaixão significa sofrer com o sofrimento do outro, ser afetado pela dor do outro.
            A cultura da negação da morte nos ensina a nos tornar indiferentes para com a dor do outro, como se nunca tivéssemos que passar por aquela dor. Enquanto o sentimento de compaixão fez com que Jesus não se desviasse daquele enterro, mas fosse ao encontro da mãe e entrasse em diálogo com a dor dela, o sentimento de indiferença nos desvia de toda pessoa que sofre e nos torna frios diante da dor dos outros. Se essa dor insiste em pedir a nossa ajuda, tratamos logo de nos ocupar com alguma coisa que sirva de justificativa para nos mantermos distantes do sofrimento alheio.
            Para devolver a vida ao filho da viúva de Sarepta, o profeta Elias deitou sobre o menino por três vezes, ou seja, estabeleceu um contato físico e profundo do seu corpo com o corpo do menino (cf. 1Rs 17,21). Para devolver a vida ao filho da viúva de Naim, Jesus tocou no caixão onde estava o corpo do jovem e interrompeu o seu sepultamento. Onde não existe mais o toque, onde não existe mais a comunicação do afeto, a vida começa a morrer. Nós precisamos ser tocados para saber que existimos. Dentro da nossa casa pode ser que exista alguém morrendo por falta de um contato físico e emocional da nossa parte...
            Ao saber da morte do filho da viúva, Elias pediu à mãe: “Dá-me o teu filho!” (1Rs 17,19). Aos cuidados de quem você tem entregado o seu filho? Da rua? Da televisão? Do celular? Da internet? Dos amigos? Dos pedófilos? Dos traficantes? Quantos pais, ao invés de confiarem seus filhos às mãos de Deus, confiam-nos às mãos do Maligno, sem se dar conta disso? Quantos pais são extremamente zelosos com a saúde física de seus filhos, mas totalmente descuidados com a vida espiritual deles? Elias suplicou a Deus por três vezes pela vida daquele menino. Você tem consciência da importância e da força da sua oração de intercessão em favor dos seus filhos? Quanto tempo por dia ou por semana você ora por seus filhos?   
            Ao tocar o caixão do jovem e ao interromper o seu sepultamento, Jesus disse: “Jovem , eu te ordeno, levanta-te!” (Lc 7,14). As causas principais de morte dos jovens em nosso país são duas: 1) os acidentes, provocados por excesso de velocidade (ausência de limites) e embriaguez, e 2) a violência, associada ao consumo e ao tráfico de drogas. Há algo que você possa fazer para, como Jesus, ajudar a interromper a morte precoce de tantos jovens? Nossos jovens têm algum contato com a palavra de Deus, palavra que pode ressuscitá-los, no sentido de devolver uma direção à própria vida?
Diante do fato de que tantos jovens não são destruídos pelos outros, mas por si mesmos, caminhando na direção da morte com suas próprias pernas, nós suplicamos: “Ordena, Senhor Jesus, com a tua palavra, e esses jovens deixarão de caminhar para a morte! Ordena, Senhor Jesus, com a tua palavra, e esses jovens interromperão o seu processo de autodestruição! Ordena, Senhor Jesus, com a tua palavra, e os nossos jovens ressuscitarão!” 
Ao nos anunciar a ressurreição desses dois jovens, a palavra do Senhor quer nos lembrar que, mais do que impedir a morte física, o que Deus nos oferece é a ressurreição, a verdadeira vida em seu Filho Jesus. Permitamos com que a sua palavra modifique as nossas atitudes destrutivas, nos levante da nossa indiferença e nos faça caminhar na direção da dor dos outros movidos pela força da compaixão. Unamos a nossa voz à do salmista, proclamando: “Vós tirastes minha vida dos abismos e me salvastes, quando estava já morrendo! (...) Se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria... Transformastes o meu pranto em uma festa. Senhor, meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!” (Sl 30).  
Peçamos ao Senhor por nossa própria ressurreição, cantando: Tu que amas os fracos. Tu que encontras os perdidos. Tu que dissipas a morte, vem dissipá-la em mim! Vem dissipá-la em mim, Senhor! Vem dissipá-la em mim! Vem dissipá-la em mim, Senhor! Vem dissipá-la em mim! Ressuscita-me Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor, pelo poder do Teu amor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me, Senhor! Ressuscita-me! Ressuscita-me!... (Pe. Fábio de Melo, Abrindo mares).

Pe. Paulo Cezar Mazzi

Um comentário:

  1. Padre Paulo tdo bem com o senhor?
    Saudades imensa do Senhor que falta que o senhor faz....
    Abraço, Saudades....
    Sandra Monteiro - Santa Adélia

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