Missa do 12º. dom.
comum. Palavra de Deus: Zacarias 12,10-11; 13,1; Gálatas 3,26-29; Lucas
9,18-24.
O ser humano sempre busca remédio
para cada uma das suas dores, assim como busca resposta para cada uma das suas
perguntas. Nós somos assim: quando surge uma dor, quando surge uma pergunta,
queremos nos livrar delas o quanto antes. Essa é também a nossa expectativa em
relação a Deus. Nós procuramos por Deus porque cremos que Ele tem a cura para
todas as nossas doenças, o remédio para todas as nossas dores, a resposta para
todas as nossas perguntas. Mas, de vez em quando, Deus frustra nossas
expectativas, e ao invés de nos tirar daquela situação difícil, fecha as saídas
de fuga e nos diz: ‘Está na hora de você enfrentar isso!’
Vejamos essa profecia de Zacarias:
“Derramarei... um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que
eles feriram de morte, hão de chorá-lo... Haverá um grande pranto... (Zc
12,10-11). Influenciados pela “ditadura da felicidade”, que exige que estejamos
felizes 24 horas por dia – e se não estamos, nos convencemos de que algo está
errado conosco – nós gostaríamos de desviar o olhar daquilo que nos causa
sofrimento, nós gostaríamos de não ter que chorar, mas Deus nos convida a encarar
a nossa dor e a chorar as nossas feridas. Em outras palavras, Deus está nos
dizendo: ‘Não salte por cima da sua dor; escute-a e tome posição diante dela.
Não ignore a sua pergunta; deixe-se inquietar por ela’; “(...) seja paciente
com tudo o que não está resolvido em seu coração, (...) tente amar as perguntas por si mesmas... Não busque respostas que não lhe podem ser dadas
agora, pois não seria capaz de vivê-las” (Rilke).
O evangelho que ouvimos se inicia
mencionando que “Jesus estava rezando um lugar retirado” (Lc 9,18). Se, ao
terminar a oração, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem diz o povo que eu
sou?” (Lc 9,18), e depois perguntou-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc
9,20), podemos intuir que Jesus estava se questionando na oração a respeito da
sua identidade e da sua missão. Como todo ser humano, Jesus também tinha suas
dores e suas perguntas. O mais surpreendente é a maneira como Jesus sai da
oração: ele está consciente de que deve sofrer muito, ser rejeitado, morrer e
ressuscitar ao terceiro dia (cf. Lc 9,22).
A
oração de Jesus nos diz algo que preferíamos não ter que ouvir: Deus não aceita
assumir o papel de anestésico em nossa vida, eliminando toda e qualquer dor que
sentimos. A oração de Jesus também nos ensina que, quanto mais a nossa
espiritualidade se reduz a uma espiritualidade de auto-ajuda, mais nos
afastamos do verdadeiro Deus. A oração de Jesus nos revela ainda que ninguém
chega a Deus desviando-se da sua cruz; ninguém experimenta a ressurreição ao
terceiro dia sem antes de tido que lidar de uma maneira adulta com o
sofrimento, a rejeição por parte do mundo e a própria morte.
Como todo ser humano, Jesus amava a vida,
amava viver, sentia-se feliz, mas ele nunca se desviou daquilo que tinha que enfrentar.
A nós, que temos a mania de assumir um papel de vítima diante da vida, nos
comportando como crianças mimadas, como adultos infantilizados, que ao invés de
enfrentarem a vida, entram em depressão, ou então bebem e se drogam quando
estão diante de problemas, Jesus afirma: “Se alguém quer me seguir, renuncie a
si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida,
vai perdê-la...” (Lc 9,23-24).
Quem quiser eliminar a dor e a pergunta, que são próprias da vida, vai esvaziar sua vida de sentido. Quem ceder à tentação sempre presente de eliminar o sofrimento, de cancelar a cruz, não se tornará uma pessoa adulta, mas seguirá pela vida como um adulto infantilizado, uma pessoa frouxa, que espana com qualquer apertão que leva da vida. Renovemos o nosso seguimento de Jesus, tomando a nossa cruz cada dia (cf. Lc 9,23), cruz que não é qualquer sofrimento, mas o sofrimento como parte do nosso processo de crescimento, de libertação, de amadurecimento, de conversão e de santificação.
Quem quiser eliminar a dor e a pergunta, que são próprias da vida, vai esvaziar sua vida de sentido. Quem ceder à tentação sempre presente de eliminar o sofrimento, de cancelar a cruz, não se tornará uma pessoa adulta, mas seguirá pela vida como um adulto infantilizado, uma pessoa frouxa, que espana com qualquer apertão que leva da vida. Renovemos o nosso seguimento de Jesus, tomando a nossa cruz cada dia (cf. Lc 9,23), cruz que não é qualquer sofrimento, mas o sofrimento como parte do nosso processo de crescimento, de libertação, de amadurecimento, de conversão e de santificação.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Parabéns P.Paulo...kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirIsso é A Pura Verdade.
De Seu Acólito: Diego Schimidt