quinta-feira, 26 de abril de 2012

A PEDRA E O PASTOR

Missa do 4º. dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos do Apóstolos 4,8-12; 1João 3,1-2; João 10,11-18.

            Um dia, uma jovem disse à sua mãe, que insistia com ela para ir à Igreja: “Religião é coisa para gente fraca”. Essas palavras revelam a atitude de muitas pessoas hoje, que se sentem autônomas, se julgam fortes, inteligentes e capazes de lidar sozinhas com a vida. No entanto, quando as pessoas retiram Deus ou a religião de sua vida, acabam colocando outra coisa no lugar, porque a verdade é que todo ser humano se sente frágil e necessita apoiar-se em alguém ou em alguma coisa maior do que ele. Em outras palavras, todo ser humano necessita ser salvo.
            Ao se referir a Jesus Cristo como pedra, o apóstolo Pedro está nos dizendo que Jesus é o fundamento da nossa vida. Cedo ou tarde, consciente ou inconscientemente, nós sempre procuramos por um fundamento, por algo firme sobre o qual construir a nossa vida. Mas Pedro diz que Jesus é a pedra angular, a pedra central do ângulo, pedra que dá sustentação à construção. Se ela for retirada, a construção vem abaixo.
            Se você experimenta uma profunda instabilidade, sem saber onde se apoiar, ou se sente soterrado(a), porque colocou como pedra angular da construção de sua vida algo que não é sólido, que não vem de Deus, se você buscou no ser humano o seu refúgio, um refúgio que só podia ser encontrado em Deus (cf. Sl 118,8), é hora de rever o quê ou quem você está colocando como o fundamento e a sustentação da sua vida.
            Justamente porque todo ser humano precisa de apoio, de refúgio, de sentir-se salvo, o apóstolo Pedro afirma que “debaixo do céu não há outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12), a não ser o nome de Jesus Cristo, crucificado, morto e ressuscitado. Mas, invocar o nome de Jesus não é algo mágico. Invocar o nome de Jesus significa colocá-lo como verdadeiro fundamento e sustentação da nossa existência.
            No mundo em que vivemos, existem inúmeras pedras, inúmeras propostas de fundamento, de sustentação e de salvação, inúmeros pastores, como também inúmeros mercenários e inúmeros lobos, tudo isso como resultado da desorientação do rebanho, que é a humanidade. No meio dessa profunda desorientação, onde cada um segue o caminho que acha melhor e se confia às mãos daquilo ou daquele que acredita ser seu pastor, Jesus se revela como o único bom pastor, como aquele que dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10,11).
            Além de ser o único capaz de dar a vida por suas ovelhas, Jesus se define como aquele que conhece as suas ovelhas (cf. Jo 10,14). Ele conhece a cada um de nós. Conhece a nossa desorientação, nosso desencanto com os pastores humanos; conhece as vezes em que nos ferimos por nos termos confiado às mãos de mercenários que, na verdade, sempre estiveram mais preocupados consigo mesmos do que conosco; conhece as vezes em que nos expusemos desnecessariamente aos lobos porque não quisemos ouvir e obedecer à sua voz de bom pastor.
            Jesus, nosso bom pastor, tem no seu coração um desejo: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16). Ao reafirmarmos a nossa convicção de que Jesus Cristo é o fundamento e a sustentação da nossa vida, e ao nos comprometer em escutar a sua voz e nos manter unidos ao seu rebanho, nos perguntemos também o que podemos fazer para que a voz do nosso bom pastor chegue aos ouvidos e ao coração de outras tantas ovelhas pelas quais ele também deu a sua vida.        

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