Missa do 3º dom. do advento. Palavra de Deus: Sofonias 3,14-18a; Filipenses 4,4-7; Lucas 3,10-18.
“Canta de alegria, cidade de Sião;
rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de
Jerusalém!” (Sf 3,14). Quando foi a última vez que você sentiu alegria? O que é
preciso acontecer na sua vida para que você sinta alegria?
Quando o profeta Sofonias convidou o
povo de Israel a se alegrar, o país estava mergulhado na miséria, na violência
e no sofrimento. Mesmo diante desse contexto de desolação, o profeta levanta
sua voz para anunciar: “Não temas, (...) não te deixes levar pelo desânimo! O
Senhor, teu Deus, está no meio de ti” (Sf 3,16-17). Ainda que as circunstâncias
não sejam favoráveis; ainda que a época em que estamos vivendo seja
excessivamente problemática; ainda que estejamos feridos e tenhamos sofrido
perdas, não podemos deixar o medo nos engolir, nem nos entregar ao desânimo,
porque o Senhor está conosco! Sua presença junto a nós não é uma ameaça, mas um
convite à confiança no Seu amor e no Seu poder de tudo transformar.
Esse mesmo convite à alegria é
retomado pelo salmista: “Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é
grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!” (Is 12,6). A razão da nossa
alegria não depende do fato de que tudo esteja correndo bem em nossa vida; ela
se apoia na certeza de que Deus é grande; Ele é maior que tudo o que nos
acontece e está no meio de nós, junto a nós, dentro de nós, através do Seu Espírito!
Portanto, a alegria renasce em nós todas as vezes em que tomamos consciência de
que somos habitados por Deus, através do Espírito Santo. Também o apóstolo
Paulo, mesmo estando preso, nos convida à alegria: “Alegrai-vos sempre no
Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). Trata-se de nos alegrar “no Senhor” e
por causa do Senhor, em cujas mãos está a nossa existência.
Não há dúvida de que são muitas as
nossas preocupações e os nossos problemas; não há como ignorá-los, mas o apóstolo
Paulo nos dá um conselho: “Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai
as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de
graças” (Fl 4,6). A inquietação, o medo, o sentimento de ameaça devem dar lugar
dentro de nós à confiança e à entrega, fazendo da nossa oração o momento em que
colocamos tudo nas mãos de Deus e nos abandonamos por completo aos Seus
cuidados. Quando fazemos isso, a inquietação, o medo, a angústia dão lugar à
paz: aconteça o que acontecer, estamos sob os cuidados de Deus. Ele sempre faz
com que tudo concorra para o bem daqueles que a Ele se confiam e n’Ele esperam.
Se o motivo da alegria cristã é a
proximidade da vinda do Senhor, diante do anúncio desta, feito por João
Batista, pessoas de diferentes categorias fizeram-lhe a seguinte pergunta: “Que
devemos fazer?” (Lc 3,10.12.14). A alegria está no esperar o Senhor fazendo, isto
é, cuidando daquilo que a vida está nos pedindo para cuidar, neste momento. Algumas
frases possam nos ajudar a compreender melhor no que consiste a alegria: “A
alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória
propriamente dita” (Ghandi). “A alegria de fazer o bem é a única felicidade
verdadeira” (Tolstói). “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35). “O
sábio não se senta para lamentar-se, mas se põe alegremente em sua tarefa de
consertar o dano feito” (Shakspeare). “Não há satisfação maior do que aquela
que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros” (Masaharu Taniguchi).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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