Missa do 3º dom. advento. Palavra de Deus: Isaías
61,1-2a.10-11; 1Tessalonicenses 5,16-24; João 1,6-8.19-28.
“Irmãos, estai sempre alegres!” (1Ts 5,16). O terceiro domingo do Advento é
chamado “domingo da alegria”, devido à proximidade da celebração do Natal. De
fato, na noite de Natal ouviremos o Anjo do Senhor dizer: “Eu vos anuncio uma
grande alegria... Nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11).
Existem
dois tipos de alegria: aquela que vem de fora e aquela que nasce a partir de
dentro. A alegria que vem de fora depende totalmente das circunstâncias
externas: que eu esteja bem na minha saúde, na vida financeira/profissional e
na vida afetiva. A alegria que vem de dentro não depende do fato de que tudo à
nossa volta esteja correndo segundo planejamos; ela nasce de uma convicção: eu
fui desejado e sou amado por Deus, e estou neste mundo para cumprir uma missão.
Minha alegria é que a minha existência leve as pessoas que eu amo a se
encontrarem com Deus, fonte de perene alegria, exatamente como João Batista: “Ele
veio como testemunha,
para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele” (Jo 1,7).
O
mundo em que vivemos sequestrou a nossa alegria e a condicionou à nossa
capacidade de consumo: eu só sinto alegria quando posso consumir. No entanto, a
alegria do consumo dura de uma a duas semanas, necessitando de novos consumos
para voltar a ser experimentada. Além disso, o excesso de preocupação, a
correria da vida, as cobranças do mercado e a falta de tempo para si mesmo tem
levado muitas pessoas a “provocarem” alegria em suas vidas de maneira
artificial: bebida alcoólica e drogas. Ambas são “alegrias depressivas”:
primeiro, “jogam” a pessoa para cima; depois, a “empurram” para baixo.
“Irmãos, estai sempre alegres!” (1Ts 5,16). Será mesmo possível estarmos “sempre”
alegres? Existem duas coisas que fazem parte da vida e que nós entendemos serem
inimigas da nossa alegria: a frustração e o tédio. O papel da frustração é nos
tirar da fantasia e nos trazer de volta à realidade: ninguém pode ser, nem ter
tudo. A frustração nos recorda que o mundo não gira em torno de nós e que um “não”
que a vida nos dá pode ser muito mais benéfico a nós do que um “sim”. Além
disso, só quem aprende a lidar com a frustração se torna uma pessoa adulta,
madura, no lidar com o mundo emocional. O tédio, por sua vez, tem sua importância:
é condição necessária para termos saúde mental. Sem o espaço do tédio, não
temos criatividade, nem produtividade naquilo que fazemos. Um estudo científico
sobre o tédio revelou que a maioria das pessoas prefere fazer qualquer coisa a
não fazer nada, mesmo que seja algo negativo.
Onde
buscar alegria? “Exulto de alegria no
Senhor
e minh'alma regozija-se em meu Deus” (Is 61,10). A
alegria sempre surge quando você está vivendo segundo a vontade de Deus, o que,
na prática, significa fazer aquilo que você foi chamado a fazer; tornar-se a
pessoa que você foi chamado a se tornar. Ela se encontra na resposta a uma
pergunta: “Quem é você? O que você diz de si mesmo?” (cf. Jo 1,19.21.22). Você
não é o centro do mundo, mas sua existência contém uma palavra única de Deus a
ser pronunciada em favor da humanidade. Além disso, a verdadeira alegria só
pode ser experimentada quando você sai de si e se dedica ao próximo ou a uma
causa: “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35).
Como
perder a alegria? Vendo as postagens dos outros nas redes sociais. Ninguém
posta fotos ou fatos a respeito de si quando não está bem. Os momentos de alegria,
muitas vezes artificiais e temporários, que as pessoas postam, falando de si
mesmas, têm o poder de nos fazer pensar e sentir que nós somos os únicos que
não estão alegres nesse mundo.
Enfim, deixo aqui algumas frases sobre a alegria: “A alegria está na
luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”
(Ghandi); “A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira” (Tolstói);
“O sábio não se senta para lamentar-se, mas se põe alegremente em sua tarefa de
consertar o dano feito” (William Shakespeare); “Não há satisfação maior do que
aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros” (Masaharu Taniguchi).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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