Missa do 32º. dom. comum. Palavra de Deus:
Sabedoria 6,12-16; 1Tessalonicenses 4,13-18; Mateus 25,1-13.
Imediatismo:
tudo deve ser rápido, prático e resolvido de forma instantânea. Não temos tempo
a perder; não podemos esperar. Essas são algumas características da geração
atual. Independentemente da idade, todos nós desaprendemos a esperar; nossa
esperança foi substituída pela ansiedade, pela pressa, pelo nervosismo e pela
irritação em ter que esperar.
Mas,
o que nós esperamos? O cristão não espera por algo, mas por Alguém: esperamos
pelo Senhor Jesus, “Aquele que é, Aquele que era, Aquele que vem” (Ap 1,8). “De
fato, é de perseverança que vocês têm necessidade... Porque ainda um pouco,
muito pouco tempo, e aquele que vem, chegará e ele não tardará” (Hb 10,36-37). “Cristo
virá uma segunda vez... àqueles que o esperam para lhes dar a salvação” (Hb 9,28).
Esperar
no Senhor e pelo Senhor é uma atitude que desafia a nossa fé: “O noivo estava
demorando,
e todas elas acabaram cochilando e dormindo” (Mt
25,5). A demora nos desafia porque ela carrega consigo a tentação do abandono:
chega de esperar! Muitos desistiram de esperar em Deus e por Deus. Outros
optaram por trocar Deus pelo Maligno, alegando que “Deus demora; o diabo
responde na hora”. A incapacidade de esperar tem levado pessoas à desistência
do casamento, ao abandono de sonhos e ideais, a uma atitude de frieza,
endurecimento e vazio de esperança e de sentido perante a vida, ao suicídio;
são pessoas cuja lâmpada se apagou por falta de óleo.
A
luz da lâmpada é a fé, o sonho, a vontade de viver, o projeto, a tarefa
abraçada, o trabalho iniciado, enquanto que o óleo que mantém a chama acesa é a
esperança. Essa esperança não se assenta em nós mesmos, mas em Deus, conforme
está escrito: “Os que esperam em ti, Senhor, não ficam decepcionados; ficam
decepcionados os que, por qualquer motivo, abandonam a sua fé” (citação livre
de Sl 25,3). Muitas pessoas estão à nossa volta como lâmpadas apagadas; nelas
não há mais brilho, nem alegria; elas não vivem, nem sonham, porque deixaram de
esperar; o corpo ainda tem alguma vida, mas a alma decidiu morrer, por deixar
de esperar.
Qual
a importância da esperança para a nossa vida? “A esperança é a capacidade de
perceber a realidade como estando permanentemente em aberto” (Tomás Halík, A
noite do confessor, p.185). As jovens imprevidentes, que não levaram
reserva de óleo em suas lâmpadas e por isso precisaram ir à cidade comprar mais
óleo, ao voltarem para o encontro com o Noivo (Jesus), encontraram a porta
fechada. Quando decidimos abandonar a esperança; quando decidimos não mais
esperar em Deus e por Deus, a porta da vida se fecha e nos mantém trancados dentro
de um quarto escuro. Esperar pelo Senhor que vem significa manter a nossa vida
aberta àquilo que Deus pode e deseja realizar em nós: “Existe recompensa para a
sua dor – a dor da espera –; há esperança para o seu futuro” (Jr 31,16.17).
A demora pela volta de Jesus sempre
desafiou a Igreja, desde os primeiros cristãos. Se não queremos nos deixar
contaminar pelo cansaço, pelo desânimo e pelo abandono da esperança, precisamos
recordar que Aquele que esperamos prometeu estar conosco todos os dias, até o
fim dos tempos (cf. Mt 28,20). Não esqueçamos o seu nome: “Aquele que é (grifo meu), Aquele que era, Aquele que vem”
(Ap 1,8). O Cristo que virá na hora em que menos imaginarmos vem nos visitar
todos os dias, através de pessoas e de acontecimentos, como ele mesmo afirma: “Eis
que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa, cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). “Eu estou à sua porta”,
estou aqui e agora.
Texto complementar: Oração e esperança (Pe. Henri
Nowen)
“Cada
oração é uma expressão de esperança. Uma pessoa que não espera nada do futuro
não pode orar. Só pode haver vida e movimento quando você não aceita mais as
coisas como são e olha para frente rumo ao que ainda não é.
Um homem com esperança não se preocupa em saber
como seus desejos serão cumpridos. Assim, sua oração não se dirige à graça, mas
Àquele que a proporciona.
Um homem com esperança não se preocupa em saber
como seus desejos serão cumpridos. Assim, sua oração não se dirige à graça, mas
Àquele que a proporciona.
Sempre que orarmos com esperança, poremos nossa
vida nas mãos de Deus. Medo e ansiedade desaparecem, tudo que recebemos e tudo
de que somos privados não são nada senão um dedo apontando na direção da
promessa de Deus de que vamos viver por completo”.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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