quinta-feira, 9 de novembro de 2023

SEM RESERVA DE ESPERANÇA, A NOSSA FÉ NÃO SUPORTARÁ AS DEMORAS DE DEUS

 

Missa do 32º. dom. comum. Palavra de Deus: Sabedoria 6,12-16; 1Tessalonicenses 4,13-18; Mateus 25,1-13.

 

            Imediatismo: tudo deve ser rápido, prático e resolvido de forma instantânea. Não temos tempo a perder; não podemos esperar. Essas são algumas características da geração atual. Independentemente da idade, todos nós desaprendemos a esperar; nossa esperança foi substituída pela ansiedade, pela pressa, pelo nervosismo e pela irritação em ter que esperar.

            Mas, o que nós esperamos? O cristão não espera por algo, mas por Alguém: esperamos pelo Senhor Jesus, “Aquele que é, Aquele que era, Aquele que vem” (Ap 1,8). “De fato, é de perseverança que vocês têm necessidade... Porque ainda um pouco, muito pouco tempo, e aquele que vem, chegará e ele não tardará” (Hb 10,36-37). “Cristo virá uma segunda vez... àqueles que o esperam para lhes dar a salvação” (Hb 9,28).

            Esperar no Senhor e pelo Senhor é uma atitude que desafia a nossa fé: “O noivo estava demorando, e todas elas acabaram cochilando e dormindo” (Mt 25,5). A demora nos desafia porque ela carrega consigo a tentação do abandono: chega de esperar! Muitos desistiram de esperar em Deus e por Deus. Outros optaram por trocar Deus pelo Maligno, alegando que “Deus demora; o diabo responde na hora”. A incapacidade de esperar tem levado pessoas à desistência do casamento, ao abandono de sonhos e ideais, a uma atitude de frieza, endurecimento e vazio de esperança e de sentido perante a vida, ao suicídio; são pessoas cuja lâmpada se apagou por falta de óleo.

            A luz da lâmpada é a fé, o sonho, a vontade de viver, o projeto, a tarefa abraçada, o trabalho iniciado, enquanto que o óleo que mantém a chama acesa é a esperança. Essa esperança não se assenta em nós mesmos, mas em Deus, conforme está escrito: “Os que esperam em ti, Senhor, não ficam decepcionados; ficam decepcionados os que, por qualquer motivo, abandonam a sua fé” (citação livre de Sl 25,3). Muitas pessoas estão à nossa volta como lâmpadas apagadas; nelas não há mais brilho, nem alegria; elas não vivem, nem sonham, porque deixaram de esperar; o corpo ainda tem alguma vida, mas a alma decidiu morrer, por deixar de esperar.

Qual a importância da esperança para a nossa vida? “A esperança é a capacidade de perceber a realidade como estando permanentemente em aberto” (Tomás Halík, A noite do confessor, p.185). As jovens imprevidentes, que não levaram reserva de óleo em suas lâmpadas e por isso precisaram ir à cidade comprar mais óleo, ao voltarem para o encontro com o Noivo (Jesus), encontraram a porta fechada. Quando decidimos abandonar a esperança; quando decidimos não mais esperar em Deus e por Deus, a porta da vida se fecha e nos mantém trancados dentro de um quarto escuro. Esperar pelo Senhor que vem significa manter a nossa vida aberta àquilo que Deus pode e deseja realizar em nós: “Existe recompensa para a sua dor – a dor da espera –; há esperança para o seu futuro” (Jr 31,16.17).

            A demora pela volta de Jesus sempre desafiou a Igreja, desde os primeiros cristãos. Se não queremos nos deixar contaminar pelo cansaço, pelo desânimo e pelo abandono da esperança, precisamos recordar que Aquele que esperamos prometeu estar conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20). Não esqueçamos o seu nome: “Aquele que é (grifo meu), Aquele que era, Aquele que vem” (Ap 1,8). O Cristo que virá na hora em que menos imaginarmos vem nos visitar todos os dias, através de pessoas e de acontecimentos, como ele mesmo afirma: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). “Eu estou à sua porta”, estou aqui e agora.

 

           

Texto complementar: Oração e esperança (Pe. Henri Nowen)

 

            “Cada oração é uma expressão de esperança. Uma pessoa que não espera nada do futuro não pode orar. Só pode haver vida e movimento quando você não aceita mais as coisas como são e olha para frente rumo ao que ainda não é.

Um homem com esperança não se preocupa em saber como seus desejos serão cumpridos. Assim, sua oração não se dirige à graça, mas Àquele que a proporciona. Um homem com esperança não se preocupa em saber como seus desejos serão cumpridos. Assim, sua oração não se dirige à graça, mas Àquele que a proporciona.

Sempre que orarmos com esperança, poremos nossa vida nas mãos de Deus. Medo e ansiedade desaparecem, tudo que recebemos e tudo de que somos privados não são nada senão um dedo apontando na direção da promessa de Deus de que vamos viver por completo”.

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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