Livra-nos, Senhor, deste vírus, mas também de todos os outros que se escondem dentro dele.
Livra-nos do
vírus do pânico disseminado, que em vez de construir sabedoria nos atira
desamparados para o labirinto da angústia.
Livra-nos do
vírus do desânimo que nos retira a fortaleza de alma com que melhor se
enfrentam as horas difíceis.
Livra-nos do
vírus do pessimismo, pois não nos deixa ver que, se não pudermos abrir a porta,
temos ainda possiblidade de abrir janelas.
Livra-nos do
vírus do isolamento interior que desagrega, pois o mundo continua a ser uma
comunidade viva.
Livra-nos do
vírus do individualismo que faz crescer as muralhas, mas explode em nosso redor
todas as pontes.
Livra-nos do
vírus da comunicação vazia em doses massivas, pois essa se sobrepõe à verdade
das palavras que nos chegam do silêncio.
Livra-nos do
vírus da impotência, pois uma das coisas mais urgentes a aprender é o poder da
nossa vulnerabilidade.
Livra-nos,
Senhor, do vírus das noites sem fim, pois não deixas de recordar que Tu Mesmo
nos colocaste como sentinelas da aurora.
José Tolentino
Mendonça
Cardeal, poeta e teólogo português.
Fonte: Texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, pp.27-28.
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