Missa do 5º. dom.
da Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 14,21b-27; Apocalipse 21,1-5a;
João 13,31-33a.34-35.
“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos
uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos
outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
aos outros” (Jo 13,34-35). Jesus disse essas palavras num discurso de despedida
dos discípulos, como se dissesse: ‘Cuidem da essência de vocês! Cuidem daquilo
que é essencial na Igreja que eu construí a partir de vocês! Cuidem de não
perder a identidade de vocês! Muita coisa mudará ao longo dos anos, ao longo
dos séculos; muita coisa mudará na humanidade, no mundo e na própria Igreja,
mas uma coisa não pode mudar, não pode se perder: a essência de vocês como meus
discípulos. Amem os outros como eu amei vocês!’.
Antes de nos esforçarmos em viver o
mandamento do amor, precisamos compreender melhor o que é o amor. “Nisto
consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e
enviou-nos seu Filho... E nós temos reconhecido o amor de Deus por nós e nele
cremos” (1Jo 4,10.16). João nos revela que a nossa existência não se deve tanto
ao amor entre um homem e uma mulher – muitos não foram gerados de um ato de
amor – mas se deve ao Deus que é amor (cf. 1Jo 4,8). O amor de Deus estava à
nossa espera antes de virmos a este mundo, e esse mesmo amor estará à nossa
espera depois que deixarmos este mundo. Também o livro da Sabedoria afirma: “Sim,
tu amas tudo o que criaste, (...) se alguma coisa tivesses odiado, não a terias
feito” (Sb 11,24).
A essência de Deus é amor e nós
fomos criados à sua imagem e semelhança. Quando desistimos de amar, traímos
nossa essência, adoecemos e começamos a morrer. É por isso que João afirma: “Aquele
que não ama permanece na morte” (1Jo 3,14). Aquele que não ama ainda não
ressuscitou. O problema não é que não existe amor em nós; o problema é que o
nosso amor é frágil, inconsistente, um amor que se desfaz com facilidade, como
o próprio Deus afirma: “O amor de vocês é como a neblina da manhã, como o
orvalho que rapidamente desaparece” (Os 6,4). Diante de uma experiência de
traição, de decepção, de não correspondência das nossas expectativas, de não
retorno do nosso investimento, nós desistimos de amar. Nos esquecemos de que “amar
não é um sentimento, mas uma decisão, uma escolha” (Santa Edith Stein), e não
existe amor sem dor.
Não existe amor sem dor. Paulo e
Barnabé procuravam encorajar as pessoas do seu tempo “a permanecerem firmes na
fé, dizendo-lhes: ‘É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no
Reino de Deus’” (At 14,22). Por causa da maldade e da violência que existem no
mundo, muitas pessoas estão deixando de crer e de amar. Está se tornando cada
vez mais difícil encontrar pessoas que ainda decidam e queiram amar. Mas aqui
precisamos lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Se eu não tivesse amor, nada
seria... O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,2.7).
Da mesma que Jesus amou seus discípulos até o fim (cf. Jo 13,1), nós também
somos chamados a amar: até o fim. Além disso, o que movia o amor de Jesus não
era o merecimento, mas a necessidade da pessoa. O amor ama preferencialmente
aquele que sofre. É o sofrimento do meu irmão que me leva a amá-lo de maneira
mais intensa e profunda.
Voltemos novamente a olhar para o
amor de Deus. No livro do profeta Isaías há uma afirmação importante a respeito
de como Deus escolheu e decidiu nos amar: “Os montes podem mudar de lugar e as
colinas podem abalar-se, porém meu amor não mudará” (Is 54,10). Muitas certezas
que tínhamos ontem desapareceram; muitos sonhos e muitas esperanças que ontem
nos animavam, evaporaram-se. Muita coisa pode ter mudado ao longo da nossa
vida, mas há uma certeza que jamais mudará: o amor de Deus por nós, pela
humanidade, por cada ser humano. É sobre a rocha dessa certeza inabalável que
precisamos construir a nossa existência e nos unir a Deus na construção de um
mundo novo, apresentado por João no livro do Apocalipse.
Num momento de forte perseguição para
a Igreja e para os cristãos, Jesus ressuscitado concedeu a João uma visão,
testemunhada por ele nessas palavras: “Vi um novo céu e uma nova terra... Vi a
cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus... Então,
ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus entre os
homens... Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais,
e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes... Eis
que faço novas todas as coisas’” (Ap 21,1.2.3.4.5). Aqui entendemos porque o
apóstolo Paulo afirmou que “o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta” (1Cor 13,2.7): ele está assentado sobre essas palavras do Apocalipse, “dignas
de fé e verdadeiras” (Ap 21,5), conforme o Senhor ressuscitado disse a João. Enfim,
lembremos de que o mesmo Jesus que nos convida a amar as pessoas como ele nos
amou, também nos fez um alerta: “A maldade crescerá a tal ponto que o amor de
muitos se esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”
(Mt 24,12-13). Só o amor nos salvará.
Frases
de Madre Teresa de Calcutá sobre o amor
O
senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também
não. Só por amor se pode dar banho a um leproso.
É
fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao
nosso lado.
A
falta de amor é a maior de todas as pobrezas.
Não
é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa.
O
amor, para ser verdadeiro, tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem
necessita, é preciso dar até que isso nos machuque.
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