quinta-feira, 16 de maio de 2019

SÓ O AMOR NOS SALVARÁ

Missa do 5º. dom. da Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 14,21b-27; Apocalipse 21,1-5a; João 13,31-33a.34-35.

            “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,34-35). Jesus disse essas palavras num discurso de despedida dos discípulos, como se dissesse: ‘Cuidem da essência de vocês! Cuidem daquilo que é essencial na Igreja que eu construí a partir de vocês! Cuidem de não perder a identidade de vocês! Muita coisa mudará ao longo dos anos, ao longo dos séculos; muita coisa mudará na humanidade, no mundo e na própria Igreja, mas uma coisa não pode mudar, não pode se perder: a essência de vocês como meus discípulos. Amem os outros como eu amei vocês!’.
            Antes de nos esforçarmos em viver o mandamento do amor, precisamos compreender melhor o que é o amor. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou-nos seu Filho... E nós temos reconhecido o amor de Deus por nós e nele cremos” (1Jo 4,10.16). João nos revela que a nossa existência não se deve tanto ao amor entre um homem e uma mulher – muitos não foram gerados de um ato de amor – mas se deve ao Deus que é amor (cf. 1Jo 4,8). O amor de Deus estava à nossa espera antes de virmos a este mundo, e esse mesmo amor estará à nossa espera depois que deixarmos este mundo. Também o livro da Sabedoria afirma: “Sim, tu amas tudo o que criaste, (...) se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito” (Sb 11,24).
            A essência de Deus é amor e nós fomos criados à sua imagem e semelhança. Quando desistimos de amar, traímos nossa essência, adoecemos e começamos a morrer. É por isso que João afirma: “Aquele que não ama permanece na morte” (1Jo 3,14). Aquele que não ama ainda não ressuscitou. O problema não é que não existe amor em nós; o problema é que o nosso amor é frágil, inconsistente, um amor que se desfaz com facilidade, como o próprio Deus afirma: “O amor de vocês é como a neblina da manhã, como o orvalho que rapidamente desaparece” (Os 6,4). Diante de uma experiência de traição, de decepção, de não correspondência das nossas expectativas, de não retorno do nosso investimento, nós desistimos de amar. Nos esquecemos de que “amar não é um sentimento, mas uma decisão, uma escolha” (Santa Edith Stein), e não existe amor sem dor.  
            Não existe amor sem dor. Paulo e Barnabé procuravam encorajar as pessoas do seu tempo “a permanecerem firmes na fé, dizendo-lhes: ‘É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus’” (At 14,22). Por causa da maldade e da violência que existem no mundo, muitas pessoas estão deixando de crer e de amar. Está se tornando cada vez mais difícil encontrar pessoas que ainda decidam e queiram amar. Mas aqui precisamos lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “Se eu não tivesse amor, nada seria... O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,2.7). Da mesma que Jesus amou seus discípulos até o fim (cf. Jo 13,1), nós também somos chamados a amar: até o fim. Além disso, o que movia o amor de Jesus não era o merecimento, mas a necessidade da pessoa. O amor ama preferencialmente aquele que sofre. É o sofrimento do meu irmão que me leva a amá-lo de maneira mais intensa e profunda.     
            Voltemos novamente a olhar para o amor de Deus. No livro do profeta Isaías há uma afirmação importante a respeito de como Deus escolheu e decidiu nos amar: “Os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, porém meu amor não mudará” (Is 54,10). Muitas certezas que tínhamos ontem desapareceram; muitos sonhos e muitas esperanças que ontem nos animavam, evaporaram-se. Muita coisa pode ter mudado ao longo da nossa vida, mas há uma certeza que jamais mudará: o amor de Deus por nós, pela humanidade, por cada ser humano. É sobre a rocha dessa certeza inabalável que precisamos construir a nossa existência e nos unir a Deus na construção de um mundo novo, apresentado por João no livro do Apocalipse.
            Num momento de forte perseguição para a Igreja e para os cristãos, Jesus ressuscitado concedeu a João uma visão, testemunhada por ele nessas palavras: “Vi um novo céu e uma nova terra... Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus... Então, ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus entre os homens... Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes... Eis que faço novas todas as coisas’” (Ap 21,1.2.3.4.5). Aqui entendemos porque o apóstolo Paulo afirmou que “o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,2.7): ele está assentado sobre essas palavras do Apocalipse, “dignas de fé e verdadeiras” (Ap 21,5), conforme o Senhor ressuscitado disse a João. Enfim, lembremos de que o mesmo Jesus que nos convida a amar as pessoas como ele nos amou, também nos fez um alerta: “A maldade crescerá a tal ponto que o amor de muitos se esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24,12-13). Só o amor nos salvará.

Pe. Paulo Cezar Mazzi 


Frases de Madre Teresa de Calcutá sobre o amor

O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso.

É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.

A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.

Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa.

O amor, para ser verdadeiro, tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos machuque.

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