Missa do 30º.
Dom. comum. Palavra de Deus: Jeremias 31,7-9; Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52.
Bartimeu, cego e mendigo, sentado à beira do caminho para Jerusalém, ouve dizer que Jesus está passando por ali e grita: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). O grito de Bartimeu não é um grito de desespero; é um grito de fé! Quando foi a última vez que você gritou por Deus? Quantas pessoas, por deixarem de ter fé, também deixaram de gritar por Deus? Bartimeu é a imagem de todos nós: em nossa oração, clamamos ao Deus que não podemos ver, justamente porque a Escritura diz: “Tu és um Deus que se esconde, ó Deus de Israel, o Salvador” (Is 45,15). Não é que Deus se esconda de nós! O sentido é outro: Ele não pode ser visto, enquadrado nos limites da nossa compreensão humana; Ele não pode ser controlado ou manipulado por nós. No entanto, mesmo Ele sendo o Deus invisível aos nossos olhos, a Escritura diz que “Ele está perto de todos aqueles que O invocam de coração sincero” (Sl 145,18); “Ele se revela aos que não lhe recusam a fé” (Sb 1,2).
Bartimeu, cego e mendigo, sentado à beira do caminho para Jerusalém, ouve dizer que Jesus está passando por ali e grita: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). O grito de Bartimeu não é um grito de desespero; é um grito de fé! Quando foi a última vez que você gritou por Deus? Quantas pessoas, por deixarem de ter fé, também deixaram de gritar por Deus? Bartimeu é a imagem de todos nós: em nossa oração, clamamos ao Deus que não podemos ver, justamente porque a Escritura diz: “Tu és um Deus que se esconde, ó Deus de Israel, o Salvador” (Is 45,15). Não é que Deus se esconda de nós! O sentido é outro: Ele não pode ser visto, enquadrado nos limites da nossa compreensão humana; Ele não pode ser controlado ou manipulado por nós. No entanto, mesmo Ele sendo o Deus invisível aos nossos olhos, a Escritura diz que “Ele está perto de todos aqueles que O invocam de coração sincero” (Sl 145,18); “Ele se revela aos que não lhe recusam a fé” (Sb 1,2).
O grito de Bartimeu a Jesus – um
grito de fé – é um sério questionamento à nossa vida de oração. Mesmo não vendo
a Deus, mesmo quando não O sentimos na oração, continuamos a gritar por Ele? Num
primeiro momento, o grito de Bartimeu foi sufocado pela multidão: “Muitos o
repreendiam para que se calasse” (Mc 10,48). De quem é aquela voz que
frequentemente nos convida a deixar de gritar a Deus, a deixar de orar? De quem
é aquela voz que nos pergunta: “Para quê orar a um Deus que não existe?”, ou
então, “Para quê orar a um Deus que não se importa com você?” Nós conseguimos
identificar essa voz como sendo a voz do maligno, aquele que nos quer fazer
desistir de orar? Se é verdade quem “aquele que procura, encontra” (Mt 7,8), é
igualmente verdade que aquele que deixa de procurar, não encontrará jamais.
Quem se convence de que não vale a pena gritar por Deus acaba por jogar fora a
sua fé, e sem a fé, não há como Deus entrar e agir em nossa vida.
Bartimeu não permitiu que as pessoas
à sua volta o calassem: “Ele gritava mais ainda: ‘Filho de Davi, tem piedade de
mim!’” (Mc 10,48). Assim como Bartimeu, nós não podemos permitir que o maligno
nos convença a desistir da oração! Pelo contrário, devemos orar como o
salmista: “Senhor, ouve a minha prece, que o meu grito chegue a ti! Não
escondas tua face de mim no dia da minha angústia; inclina o teu ouvido para
mim, no dia em que te invoco, responde-me depressa!” (Sl 102,2).
E
foi graças ao grito persistente de Bartimeu que “Jesus parou e disse:
‘Chamai-o’. Eles o chamaram e disseram: ‘Coragem, levanta-te, Jesus te chama!’”
(Mc 10,49). O grito persistente de Bartimeu atravessou toda aquela multidão e
foi ouvido por Jesus! O grito de Bartimeu parou Jesus! Quando o nosso grito por
Deus na oração é mais alto e mais persistente do que a voz do maligno que tenta
nos fazer desistir de orar, nosso clamor é ouvido por Deus e Ele se volta para
nós. É por isso que a Escritura diz: “Aquele que se aproxima de Deus deve crer
que ele existe e que recompensa os que o procuram” (Hb 11,6). A fé que
sustentava o grito de Bartimeu e que precisa sustentar a nossa oração é essa:
Deus existe! Eu não posso vê-Lo, e nem sempre O sinto junto a mim, mas sei que
Ele existe. Além disso, sei que Ele recompensa os que O procuram, isto é, sei
que Ele não deixa sem resposta quem clama por Ele!
Depois
que o grito de Bartimeu o colocou diante de Jesus, este lhe perguntou: “O que
queres que eu te faça?” Bartimeu respondeu: “Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51).
Parece muito natural, e mesmo lógico, que uma pessoa que não enxerga peça a
Jesus para poder ver. Mas, será verdade mesmo que nós queremos ver? Nós estamos
dispostos a ver o que precisamos ver? Nós estamos dispostos a olhar com outros
olhos a realidade à nossa volta? Não há dúvida de que nós precisamos pedir a
Jesus que cure a nossa cegueira, o nosso olhar viciado, para que enxerguemos de
uma maneira mais profunda as pessoas que convivem conosco...
“Mestre,
que eu veja!” (Mc 10,51). Precisamos pedir a Jesus que cure a humanidade da cegueira
chamada ‘indiferença para com o próximo’: “Fechar os olhos diante do próximo
nos torna cegos diante de Deus” (Bento XVI, Deus
é amor, n.16). No mundo em que vivemos, ninguém enxerga ninguém. Cada vez
mais pessoas estão com seus olhos fixos na tela de um celular e não enxergam
ninguém à volta delas. Além disso, precisamos pedir a Jesus que nos liberte das
imagens erradas que temos a respeito de Deus. Pior do que não podermos enxergar
Deus é vê-Lo de uma maneira errada, é ter d’Ele uma imagem distorcida, que não
corresponde ao que Ele verdadeiramente é. Somente o Filho, imagem visível do
Deus invisível (cf. Cl 1,15), pode nos revelar (tirar o véu dos nossos olhos
para podermos ver) o Pai.
Enfim,
diante do clamor de Bartimeu, “Jesus disse: ‘Vai, a tua fé te curou’. No mesmo
instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho” (Mc 10,52). Bartimeu
não é apenas modelo de discípulo, mas, sobretudo, modelo de fé, porque a fé não
se assenta no “ver”, mas no “ouvir”: assim como Bartimeu, nós não vemos a Deus,
mas ouvimos a sua Palavra; nós não vemos Jesus, mas ouvimos o seu Evangelho. E
é diante do Evangelho que devemos gritar a Jesus, isto é, declarar-Lhe a
verdade da nossa fé. Como disse o apóstolo Paulo, nós, cristãos, “caminhamos
pela fé, não pela visão clara” (2Cor 5,7). O que nos faz levantar e não ficar
sentados à beira do caminho, lamentando a nossa miséria e esperando que os
outros nos deem esmolas de compaixão, não é aquilo que vemos, mas aquilo que
cremos! Como Bartimeu, nós hoje nos dispomos a seguir Jesus não porque vemos à
nossa volta que tudo está bem, mas porque cremos que, ao nos deixar orientar
por Jesus, passamos a enxergar a vida de uma maneira nova, e ao nos propormos viver
como Ele viveu, um novo horizonte se abrirá para nós e para a humanidade.
Como
Bartimeu, peçamos...
Filho de Davi (Pe. Fabio de Melo)