quarta-feira, 1 de novembro de 2017

DESTINADOS À RESSURREIÇÃO

Missa de finados. Palavra de Deus: Jó 19,1.23-27a; Romanos 5,5-11; João 6,37-40.

O dia de finados nos convida a nos lembrar daqueles que recentemente ou há muito tempo partiram desta vida. Depois que morrermos, nós seremos lembrados por alguém? Por quanto tempo? Silvia Schmidt escreveu: “Eu tive que aceitar as minhas fragilidades, os meus limites, a minha condição de ser mortal, de ser atingível, de ser perecível. Eu tive que aceitar que a VIDA sempre continuaria com ou sem mim, e que o mundo em pouco tempo me esqueceria” (Eu tive que aceitar). Ao nos fazer lembrar daqueles que morreram, o dia de hoje também nos faz um questionamento: quantos não são mais lembrados por nós, apesar de ainda estarem vivos entre nós? Quantos idosos, solitários em suas casas ou nos asilos, não são lembrados por seus filhos e netos?
Jó acabou de nos dizer: “Gostaria que minhas palavras... fossem escritas e... cravadas na rocha para sempre!” (Jó 19,23-24). Sim, em praticamente todos os túmulos encontramos gravados em placas de metal ou no mármore os nomes de pessoas que faleceram. Mas o que Jó quis que fosse gravado na rocha para sempre é uma certeza de fé que devemos ter, quando tomamos consciência de que um dia vamos morrer: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus” (Jó 19,25-26).
Enquanto nossa vida é feita de inúmeras incertezas, a morte é nossa única certeza. Mas a fé nos convida a olharmos para além da morte, a olharmos para o nosso Redentor, que está vivo, o Senhor Jesus, que nos resgata e nos arranca das mãos da morte. Mesmo que a nossa pele seja destruída na morte, nós veremos a Deus, e O veremos com o nosso corpo, que se tornará um corpo glorificado (cf. Fl 3,20-21). Por isso, disse o salmista: “Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!” (Sl 27,14).
Essa espera no Senhor se chama esperança, uma esperança que não decepciona, que não engana, porque Deus derramou o seu Espírito em nossos corações, e o Espírito Santo é a garantia de nossa ressurreição. O apóstolo Paulo esclarece no quê se baseia a esperança que temos em relação à nossa união definitiva com Deus após a morte. Ele diz que nós já estamos justificados pelo sangue de Cristo. Nós já fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho! Esta certeza deve nos encher de esperança: se já estamos reconciliados, seremos salvos!
Quando morre alguém da nossa família, dizemos: “Eu perdi meu pai, minha filha, minha irmã, meu avô...” No entanto, Jesus nos garante que Ele não perderá nenhum daqueles que o Pai confiou aos Seus cuidados. A morte pode arrancar de nossas mãos pessoas que amamos, mas o Pai confiou cada um de nós às mãos e aos cuidados de seu Filho Jesus Cristo que, por ter vencido a morte, nos faz esta promessa: ‘Eu não vou perder nenhum daqueles que o Pai me confiou. Além disso, vou ressuscitá-los no último dia’ (citação livre de Jo 6,39).
Antes que chegue o nosso “último dia”, precisamos rever como temos vivido cada um dos nossos breves dias neste mundo. Dalai Lama disse que o que mais chama a sua atenção é que as pessoas hoje, obcecadas em ganhar dinheiro, “vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”. Já Adélia Prado nos alerta sobre o perigo de morrermos antes da hora, ao escrever: “Eu sei que algum dia alguém terá que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo”. Da mesma forma, Albert Schweiter disse: “A tragédia não é quando um ser humano morre; a tragédia é aquilo que morre dentro da pessoa enquanto ela ainda está viva”.
Por meio das nossas preces, queremos agora confiar às mãos de nosso Senhor Jesus ressuscitado todos os nossos irmãos falecidos. Se o apóstolo Paulo disse que é por nosso Senhor Jesus Cristo que recebemos a reconciliação, nós rezamos por todos os que faleceram, para que, reconciliados com o Pai por meio de seu Filho Jesus, recebam a salvação e sejam considerados dignos da ressurreição. 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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