Missa do 4º.
dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 2,14a.36-41; 1Pedro
2,20b-25; João 10,1-10.
Nós, seres humanos, precisamos de
portas. 14 milhões de brasileiros desempregados procuram por uma porta de
entrada no mercado de trabalho. Da mesma forma, os que estão doentes procuram
por uma porta de acesso a tratamentos de saúde. Pessoas deprimidas, angustiadas
ou aflitas procuram por uma porta, por uma saída para os seus problemas. Mas, ao
mesmo tempo, quantas portas estão fechadas!
Por
medo do outro ou por causa do individualismo, nós nos mantemos fechados àquele
que é nosso semelhante. Para evitar um diálogo difícil, mas necessário, muitos
pais/filhos/casais fecham-se cada um no seu mundo, mantendo as suas portas abertas
apenas para o mundo virtual. A porta do gabinete do atual Ministro da Justiça tem
se mantido aberta para os ruralistas e políticos investigados pela Lava Jato,
mas fechada para os índios, segundo reportagem da Folha, publicada no último
dia 02. Do mesmo modo, a porta de alguns ministros do STF mantém-se aberta para
os interesses dos banqueiros e dos políticos corruptos, mas fechada para os
interesses do povo brasileiro, que anseia por um país mais justo e livre da
impunidade.
Jesus se define como sendo “a
porta”, no Evangelho de hoje. Suas palavras se dirigem, num primeiro momento, a
toda pessoa que tem sob sua responsabilidade o cuidado para com a vida de
outras pessoas, isto é, todo e qualquer líder: “Quem não entra no redil das
ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante... Eu sou
a porta...” (Jo 10,3.7.9). Todo líder que não se configura a Jesus Cristo, que
veio para servir e não ser servido – muito menos servir-se do rebanho para seus
interesses próprios –, acaba por assumir uma conduta de ladrão e assaltante. Tal
conduta, embora cada vez mais explícita na esfera política e judiciária do
nosso país, infelizmente também começa a ser percebida em diversas igrejas. Neste
sentido, nos faria muito bem, enquanto Igreja Católica, ver surgir em nosso
meio uma versão eclesial da Lava Jato, para revelar o enriquecimento ilícito de
alguns padres e bispos, os quais desviam recursos de suas paróquias e dioceses
para investirem em imóveis particulares, por exemplo. Aos nossos olhos, são
“homens da Igreja”; porém, aos olhos de Jesus, são “ladrões e assaltantes”.
Após se referir aos líderes, Jesus
se apresenta como “a porta” às ovelhas desse imenso rebanho que é a humanidade.
Em primeiro lugar, Ele é a porta que “conduz para fora” toda pessoa que precisa
encontrar uma saída para a sua dor, para o seu problema. Jesus, com a sua
palavra, quer nos ajudar a abrir portas, a olhar além do que estamos enxergando,
a nos levantar e caminhar, ao invés de ficarmos caídos, lamentando diante das
dificuldades. Neste sentido, é provável que exista alguma porta diante de você,
mas que você tem medo ou não tem vontade/coragem de abrir. Jesus quer conduzir
você para fora, mas é preciso que você se disponha a abrir a porta, ou seja, se
disponha a passar para aquela outra área da vida onde há um novo espaço onde
possa voltar a crescer.
Jesus também nos diz hoje: “Eu sou a
porta. Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem”
(Jo 10,9). Mais do que uma libertação momentânea, Jesus quer nos dar a
salvação. Quem procura viver uma relação profunda com Jesus liberta-se de todo
tipo de condenação; sente-se salvo dos seus vícios, dos seus erros, das imposições
do mundo e do medo da própria morte. O
mesmo Jesus, que veio procurar e salvar a ovelha/pessoa que estava perdida é
Aquele nos traz a verdade que nos liberta. Por isso, sua palavra nos faz
“sair”, nos desprendendo das nossas amarras ou das amarras da sociedade e nos
ensinando a viver sob o impulso do Espírito de Deus.
Neste domingo do Bom Pastor, o
apóstolo Pedro nos convida a olhar para Aquele que, “sobre a cruz, carregou
nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Portanto, somos chamados a seguir/obedecer
à voz do Pastor, procurando viver segundo um comportamento justo, deixando-nos
curar e ajudando tantas outras pessoas a não mais viverem como ovelhas desgarradas,
expostas aos ataques de tantos ladrões e assaltantes disfarçados de pastores.
Hoje é o dia de rezarmos de maneira
mais especial pelas vocações. Deus mesmo fez uma promessa a Seu povo: “Eu vos
darei pastores segundo o meu coração” (Jr 3,15). Desse modo, devemos confiar
que a nossa oração pelas vocações não só é necessária, como também vai de
encontro ao desejo do próprio Deus, que sabe o quanto Seu povo está exposto aos
desmandos de ladrões e assaltantes, e precisa de conduzido por verdadeiros
pastores. Peçamos, portanto, ao Senhor pelos que já são pastores, para que
sejam revitalizados pelo Espírito Santo na sua fé e na alegria de serem sinais
vivos do Bom Pastor. Rezemos pelos seminaristas e por mais vocações, para que
mais jovens se encantem pelo Evangelho e desejem entrar pela porta que é Jesus,
conduzindo também para essa Porta muitas outras pessoas.
Refrões
vocacionais:
“Poucos
os operários, poucos trabalhadores e a fome do povo aumenta mais e mais. És o
Senhor da messe, ouve esta nossa prece, põe sangue novo nas veias da tua
Igreja!”
“Leva-me aonde os homens necessitam Tua
Palavra, necessitam de força de viver; onde falte a esperança, onde tudo seja
triste simplesmente por não saber de Ti!”
“Aonde mandar eu irei. Teu amor eu não
posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir que Jesus é o nosso Salvador!”
“Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui,
Senhor! Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor. Pra fazer tua vontade,
pra viver do teu amor, eis-me aqui, Senhor!
“Tu és a razão da jornada, Tu és minha
estrada, meu guia, meu fim. No grito que vem do teu povo, te escuto de novo,
chamando por mim”
“Tenho que gritar, tenho que arriscar, ai
de mim se não o faço! Como escapar de ti, como calar, se tua voz arde em meu
peito? Tenho que andar, tenho que lutar, ai de mim se não o faço! Como escapar
de ti, como calar, se tua voz arde em meu peito?”
Fragmentos da
Oração Vocacional
Senhor da Messe e pastor do rebanho faz
ressoar em nossos ouvidos teu forte e suave convite: “Vem e segue-me”. Derrama
sobre nós o teu Espírito. Que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e generosidade
para seguir tua voz.
Senhor, que a Messe não se perca por
falta de operários. Desperta nossas comunidades para a missão, ensina nossa
vida a ser serviço, fortalece os que querem dedicar-se ao Reino na vida
consagrada e religiosa.
Senhor, que o rebanho não pereça por
falta de pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres, diáconos e
ministros. Dá perseverança a nossos seminaristas. Desperta o coração de nossos
jovens para o ministério pastoral em tua Igreja.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
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