quinta-feira, 4 de maio de 2017

HÁ UMA PORTA, UMA SAÍDA

Missa do 4º. dom. da páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 2,14a.36-41; 1Pedro 2,20b-25; João 10,1-10.

            Nós, seres humanos, precisamos de portas. 14 milhões de brasileiros desempregados procuram por uma porta de entrada no mercado de trabalho. Da mesma forma, os que estão doentes procuram por uma porta de acesso a tratamentos de saúde. Pessoas deprimidas, angustiadas ou aflitas procuram por uma porta, por uma saída para os seus problemas. Mas, ao mesmo tempo, quantas portas estão fechadas!
Por medo do outro ou por causa do individualismo, nós nos mantemos fechados àquele que é nosso semelhante. Para evitar um diálogo difícil, mas necessário, muitos pais/filhos/casais fecham-se cada um no seu mundo, mantendo as suas portas abertas apenas para o mundo virtual. A porta do gabinete do atual Ministro da Justiça tem se mantido aberta para os ruralistas e políticos investigados pela Lava Jato, mas fechada para os índios, segundo reportagem da Folha, publicada no último dia 02. Do mesmo modo, a porta de alguns ministros do STF mantém-se aberta para os interesses dos banqueiros e dos políticos corruptos, mas fechada para os interesses do povo brasileiro, que anseia por um país mais justo e livre da impunidade.
            Jesus se define como sendo “a porta”, no Evangelho de hoje. Suas palavras se dirigem, num primeiro momento, a toda pessoa que tem sob sua responsabilidade o cuidado para com a vida de outras pessoas, isto é, todo e qualquer líder: “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante... Eu sou a porta...” (Jo 10,3.7.9). Todo líder que não se configura a Jesus Cristo, que veio para servir e não ser servido – muito menos servir-se do rebanho para seus interesses próprios –, acaba por assumir uma conduta de ladrão e assaltante. Tal conduta, embora cada vez mais explícita na esfera política e judiciária do nosso país, infelizmente também começa a ser percebida em diversas igrejas. Neste sentido, nos faria muito bem, enquanto Igreja Católica, ver surgir em nosso meio uma versão eclesial da Lava Jato, para revelar o enriquecimento ilícito de alguns padres e bispos, os quais desviam recursos de suas paróquias e dioceses para investirem em imóveis particulares, por exemplo. Aos nossos olhos, são “homens da Igreja”; porém, aos olhos de Jesus, são “ladrões e assaltantes”.
            Após se referir aos líderes, Jesus se apresenta como “a porta” às ovelhas desse imenso rebanho que é a humanidade. Em primeiro lugar, Ele é a porta que “conduz para fora” toda pessoa que precisa encontrar uma saída para a sua dor, para o seu problema. Jesus, com a sua palavra, quer nos ajudar a abrir portas, a olhar além do que estamos enxergando, a nos levantar e caminhar, ao invés de ficarmos caídos, lamentando diante das dificuldades. Neste sentido, é provável que exista alguma porta diante de você, mas que você tem medo ou não tem vontade/coragem de abrir. Jesus quer conduzir você para fora, mas é preciso que você se disponha a abrir a porta, ou seja, se disponha a passar para aquela outra área da vida onde há um novo espaço onde possa voltar a crescer.
            Jesus também nos diz hoje: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (Jo 10,9). Mais do que uma libertação momentânea, Jesus quer nos dar a salvação. Quem procura viver uma relação profunda com Jesus liberta-se de todo tipo de condenação; sente-se salvo dos seus vícios, dos seus erros, das imposições do mundo e do medo da própria morte.  O mesmo Jesus, que veio procurar e salvar a ovelha/pessoa que estava perdida é Aquele nos traz a verdade que nos liberta. Por isso, sua palavra nos faz “sair”, nos desprendendo das nossas amarras ou das amarras da sociedade e nos ensinando a viver sob o impulso do Espírito de Deus.
            Neste domingo do Bom Pastor, o apóstolo Pedro nos convida a olhar para Aquele que, “sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Portanto, somos chamados a seguir/obedecer à voz do Pastor, procurando viver segundo um comportamento justo, deixando-nos curar e ajudando tantas outras pessoas a não mais viverem como ovelhas desgarradas, expostas aos ataques de tantos ladrões e assaltantes disfarçados de pastores.
            Hoje é o dia de rezarmos de maneira mais especial pelas vocações. Deus mesmo fez uma promessa a Seu povo: “Eu vos darei pastores segundo o meu coração” (Jr 3,15). Desse modo, devemos confiar que a nossa oração pelas vocações não só é necessária, como também vai de encontro ao desejo do próprio Deus, que sabe o quanto Seu povo está exposto aos desmandos de ladrões e assaltantes, e precisa de conduzido por verdadeiros pastores. Peçamos, portanto, ao Senhor pelos que já são pastores, para que sejam revitalizados pelo Espírito Santo na sua fé e na alegria de serem sinais vivos do Bom Pastor. Rezemos pelos seminaristas e por mais vocações, para que mais jovens se encantem pelo Evangelho e desejem entrar pela porta que é Jesus, conduzindo também para essa Porta muitas outras pessoas.
Refrões vocacionais:

            “Poucos os operários, poucos trabalhadores e a fome do povo aumenta mais e mais. És o Senhor da messe, ouve esta nossa prece, põe sangue novo nas veias da tua Igreja!”
“Leva-me aonde os homens necessitam Tua Palavra, necessitam de força de viver; onde falte a esperança, onde tudo seja triste simplesmente por não saber de Ti!”
“Aonde mandar eu irei. Teu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir que Jesus é o nosso Salvador!”
“Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui, Senhor! Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor. Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor, eis-me aqui, Senhor!
“Tu és a razão da jornada, Tu és minha estrada, meu guia, meu fim. No grito que vem do teu povo, te escuto de novo, chamando por mim”
“Tenho que gritar, tenho que arriscar, ai de mim se não o faço! Como escapar de ti, como calar, se tua voz arde em meu peito? Tenho que andar, tenho que lutar, ai de mim se não o faço! Como escapar de ti, como calar, se tua voz arde em meu peito?”

Fragmentos da Oração Vocacional

Senhor da Messe e pastor do rebanho faz ressoar em nossos ouvidos teu forte e suave convite: “Vem e segue-me”. Derrama sobre nós o teu Espírito. Que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e generosidade para seguir tua voz.

Senhor, que a Messe não se perca por falta de operários. Desperta nossas comunidades para a missão, ensina nossa vida a ser serviço, fortalece os que querem dedicar-se ao Reino na vida consagrada e religiosa.

Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres, diáconos e ministros. Dá perseverança a nossos seminaristas. Desperta o coração de nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja.

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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