sábado, 15 de abril de 2017

A IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO PASCAL

 Missa da Ressurreição do Senhor. Palavra de Deus: Atos 10,34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.

            O Evangelho que anuncia a ressurreição de Jesus nos convida a entrar no seu túmulo, que agora se encontra vazio! O túmulo onde Jesus foi sepultado está vazio para sempre, porque Jesus vive para sempre, conforme suas próprias palavras enquanto Ressuscitado: “Eu sou... o Vivente; estive morto, mas agora estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho comigo as chaves da Morte e da região dos mortos” (Ap 1,18). Se Jesus ressuscitado tem as chaves da morte e da região dos mortos, isto significa que a morte não tem mais o poder de manter alguém trancafiado nela.
            Embora o túmulo vazio seja o primeiro sinal visível da ressurreição de Jesus, ele não é o sinal mais importante. O sinal mais importante são as aparições do Senhor Ressuscitado, aparições feitas “não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido, isto é, a nós, que comemos e bebemos com ele, após a ressurreição dos mortos” (At 10,40). Portanto, a nossa fé em Jesus Ressuscitado não se assenta simplesmente sobre o seu túmulo vazio, mas sobre a sua presença como Ressuscitado junto aos seus discípulos de ontem e de hoje. É essa presença que explica porque o túmulo está vazio!
            O túmulo onde Jesus foi sepultado está vazio porque Ele ressuscitou. E os nossos túmulos, também estão vazios? Nossa fé, nossa alegria e nossa esperança estão sepultadas, enterradas, ou ressuscitadas? São Paulo nos convida a viver como pessoas ressuscitadas. Viver como ressuscitado significa procurar “as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1). Na prática, isso significa que, diante de cada escolha, de cada decisão, eu devo me perguntar: a minha escolha, a minha decisão, vai me levar para o alto, para Deus, ou para baixo, me enterrando na morte? Viver como ressuscitado significa aceitar o fato de que nossa verdadeira vida “está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). Nós ainda não nos vemos plenamente ressuscitados, porque, embora desejemos ressuscitar, nem sempre queremos morrer para o nosso pecado, para aquilo que nos afasta de Deus. Isto significa que a Páscoa não é somente um dom do Pai para nós, mas também uma tarefa que temos que realizar todos os dias, até que Cristo, nossa vida, se manifeste e revele plenamente a glória da sua Ressurreição em cada um de nós (cf. Cl 3,4).
            Ao anunciar a ressurreição de Jesus, o apóstolo Pedro disse que Ele “andou por toda parte, fazendo o bem” (At 10,38). Portanto, a ressurreição de Jesus foi o “amém” do Pai à sua vida terrena. Aqui há um indicativo importante para a nossa vida, pois a nossa ressurreição futura tem muito a ver com a maneira como estamos vivendo nossa vida presente. Basta recordarmos o que o apóstolo João afirmou sobre o nosso necessário comportamento pascal: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14). Portanto, a experiência da Páscoa, o nosso passar da morte para a vida, é algo que pode ou não estar sendo vivido já agora, na maneira como tratamos as pessoas em nosso cotidiano.
            É muito corajosa esta afirmação bíblica: “Quem não ama permanece na morte”. Ela nos lembra duas coisas importantes. A primeira delas: o amor, a fé, a esperança são forças que nos ressuscitam, são atitudes cotidianas que nos fazem passar da morte para a vida. A segunda delas: quando decidimos não amar, não crer e não ter esperança decidimos nos manter dentro de algum tipo de túmulo; portanto, decidimos não ressuscitar. Esta decisão não nos permite experimentar a presença do Ressuscitado junto a nós. Além da grave consequência para nós mesmos, este tipo de atitude torna-se contratestemunho para o mundo: aqueles que nos veem têm muita dificuldade para crer que, de fato, o Senhor tenha ressuscitado; basta olhar para a maneira como lidamos com a vida e seus desafios.
            Ao encerrar esta reflexão, lembremos que a ressurreição foi obra do Pai na vida do Filho Jesus: “Deus o ressuscitou no terceiro dia” (At 10,40). E não somente isso: “Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,42). Assim, hoje, neste domingo pascal por excelência, pedimos que o Pai nos faça experimentar a presença de seu Filho ressuscitado junto a nós. Pedimos que este mesmo Pai nos confirme a todos debaixo da autoridade espiritual de seu Filho ressuscitado, a quem Ele concedeu o poder de salvar todo ser humano (cf. Jo 17,2). Enfim, que o Pai, na força do seu Espírito, faça resplandecer a luz da ressurreição de seu Filho sobre a face da terra, a fim de que todo ser humano dobre seus joelhos diante do Senhor Jesus, recebendo em seu nome o perdão dos pecados (cf. At 10,43) e reconhecendo que “não há mais condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo” (Rm 8,1).

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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