sexta-feira, 16 de setembro de 2016

DINHEIRO É BOM, MAS A SALVAÇÃO É MELHOR!

Missa do 25º. dom. comum. Palavra de Deus: Amós 8,4-7; 1Timóteo 2,1-8; Lucas 16,1-13.

            Num país como o nosso, infelizmente ‘habituado’ com a corrupção e a impunidade, a Operação Lava Jato tem sido um sinal de esperança para a mudança de mentalidade quanto à maneira de se lidar com o dinheiro público. Melhor que isto, o protesto sempre mais crescente contra a corrupção em nível nacional felizmente levou a reflexão para o campo pessoal: quantos de nós praticamos, diariamente ou vez ou outra, pequenos atos de corrupção, como sonegação de impostos, atestado médico sem verdadeiro motivo, “enrolação” no trabalho, compra/venda de produtos piratas, estacionar em local proibido, “gatonet”/“skygato” etc.?
            “Pagando bem, que mal tem?”, perguntamos ironicamente. Que mal tem, quando existe uma oportunidade de ganhar dinheiro, ainda que de maneira ilegal? Ou então, que mal tem usufruir de algum bem sem pagar por ele? (Ou ainda, que mal tem desfrutar deste prazer, ainda que de maneira ‘não convencional’, fora dos padrões da ética e da moral?). “Dinheiro, sobretudo no mundo de hoje, é sempre bem-vindo, não importa de onde, não importa a sua origem ou a maneira de consegui-lo”, dizemos nós, sem nenhum problema de consciência. E, assim, vamos nos tornando pouco a pouco “administradores infiéis”: nos acostumamos a ser infiéis não só na maneira como lidamos com o dinheiro, mas também com a nossa liberdade, com os nossos afetos e com a nossa sexualidade...
Uma atitude desse administrador desonesto chamou a atenção de Jesus: ele foi rápido em fazer algo para salvar o seu futuro. Em outras palavras, ele se preocupou com a sua própria salvação. E aqui Jesus fez uma constatação muito importante: “os filhos deste mundo”, isto é, as pessoas preocupadas excessivamente com seus bens materiais, agem com rapidez para não perder dinheiro, ao passo que “os filhos da luz” são lentos para trabalhar pelo Reino de Deus e a sua justiça. Dizendo de outra forma, se nós nos preocupássemos com a nossa vida espiritual como nos preocupamos com a vida material, não correríamos o risco de fracassar na administração da nossa vida, e contribuiríamos para tornar o mundo menos desigual, menos injusto.
Por meio desta parábola, Jesus quer sacudir a nossa consciência. Não podemos “marcar bobeira”, quando se trata da nossa salvação. Não podemos “dormir no ponto”, deixando que o mal se espalhe de maneira tão rápida em nossa sociedade também porque estamos sendo preguiçosos em fazer o bem que está ao nosso alcance fazer. A atitude desse administrador desonesto revela que nenhuma situação está definitivamente perdida. Ainda dá tempo de agir e fazer algo em vista da salvação, seja no sentido pessoal, seja no sentido coletivo. Mas é preciso começar já, agora, hoje! Pergunte-se, então: ‘Eu tenho feito o que está ao meu alcance para ser salvo? Eu tenho sido rápido em procurar salvar a minha família? Em ajudar a salvar determinada pessoa? Em ajudar a salvar a igreja da qual faço parte? Ou ainda, em ajudar a salvar o meio ambiente, o planeta?’
No final do Evangelho de hoje, Jesus nos recorda de que tudo aquilo que acumulamos é fruto de injustiça, porque acumulado segundo o nosso egoísmo, desconsiderando a orientação da Palavra de Deus e as necessidades do nosso próximo. Por isso, vivendo num mundo onde o dinheiro vale mais do que tudo, todos nós nos tornamos administradores de um “dinheiro injusto”, uma vez que, segundo Jesus, há um modo de ganhar dinheiro e de gastá-lo que é “injusto”, porque esquece os mais pobres.
O profeta Amós deixou claro que a religião não pode servir para anestesiar a consciência das pessoas. Toda pessoa que tem posses precisa se questionar a respeito do uso que faz dos seus bens e de como ela se posiciona em relação aos mais pobres. Cada um de nós deve se tornar consciente de que é no momento presente que precisamos procurar pela nossa salvação futura, lembrando de que, quando chegar o momento de deixarmos este mundo, precisaremos ser acolhidos numa “casa”, e esta “casa futura”, segundo Jesus, será a casa dos pobres que socorremos (ou deveríamos ter socorrido), durante a nossa passagem por este mundo.

                                                                  Pe. Paulo Cezar Mazzi

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