Missa do 9º. dom. comum. Palavra de
Deus: 1Rs 8,41-43; Gl 1,1-2.6-10, Lc 7,1-10.
“Diga uma palavra, e o meu empregado
ficará curado” (Lc 7,7). O Evangelho que acabamos de ouvir nos coloca diante de
um belo exemplo de fé no poder da palavra de Jesus. “Basta uma só palavra, e o milagre acontecerá. Basta uma só palavra, e
a vitória virá”, diz a música “Basta uma só palavra”, do Ministério Amor e
Adoração. Como anda a sua fé na Palavra? Pra você, basta a Palavra, ou é
preciso mais algumas coisas, tipo: ver, sentir e tocar pessoalmente em Jesus
para só então poder crer?
Engano nosso achar que a Palavra é
mágica. Não basta ter a Bíblia em casa. Não basta ler a Bíblia. Não basta saber
de cor trechos bíblicos. A Palavra não é mágica. Se há algo “mágico” aqui,
neste relato do Evangelho, é a fé de um estrangeiro no poder da palavra de
Jesus. A Bíblia não é um livro de História, nem de Ciência; ela é um livro de Fé, que foi escrito por homens e
mulheres de fé, para edificar a fé de quem lê ou escuta suas palavras. Portanto,
sem a fé, a Palavra permanece uma letra morta, incapaz de produzir vida. Só a
fé nos faz experimentar o poder redentor de cada palavra contida na Sagrada
Escritura.
Eis a fé do centurião que pediu a Jesus
a cura para o seu empregado: “... eu também estou sob a autoridade de oficiais
superiores, e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: Vá, e ele vai; e a
outro: Venha, e ele vem; e ao meu empregado: Faça isso, e ele o faz” (Lc 7,8),
ao que Jesus respondeu: “... nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc
7,9). A fé deste homem estrangeiro é a fé na autoridade da palavra de Jesus.
Dizendo de outra maneira, a Palavra de Deus não é uma palavra fraca, mas forte,
tão forte que o próprio Deus pergunta: “Não
é a minha Palavra... como uma marreta que despedaça a rocha?” (Jr 23,29).
Reflita sobre isso: embora a Palavra de Deus tenha a força de uma marreta capaz
de despedaçar a rocha, a sua fé é a mão que levanta a marreta e desfere o golpe
sobre a rocha...
Crer na autoridade da palavra de Jesus
significa submeter-se a esta autoridade. Esta foi a grandeza da fé deste homem
estrangeiro. Nós, que anunciamos a Palavra de Deus em cada celebração, em cada
encontro de catequese ou dos nossos grupos pastorais, corremos um sério risco
de nos “acostumarmos” a tal ponto com a Palavra, que já sabemos o que dizer a
respeito dela, e, desse modo, acabamos não nos colocando sob a sua autoridade. Além
disso, precisamos considerar o que Jesus disse: “... nem mesmo em Israel
encontrei tamanha fé” (Lc 7,9). ‘Nem mesmo entre vocês, evangélicos ou católicos,
encontrei tamanha fé na minha palavra’. Às vezes, uma pessoa que consideramos “pagã”
pode ter mais fé em Deus do que nós, que nos consideramos cristãos...
O Evangelho de hoje nos colocou diante
de uma oração de intercessão: um homem manda um pedido a Jesus para que cure um
empregado seu. Nós oramos pelos outros ou só por nós mesmos? Nossa oração
costuma ir além dos nossos interesses pessoais, para suplicar a Deus pelas
necessidades de outras pessoas? Nós confiamos que, de onde Jesus está, à
direita do Pai, ele pode dizer uma palavra capaz de curar, de libertar e de
salvar a pessoa por quem estamos orando?
Uma última questão. “Senhor, (...) eu
não sou digno de que entres em minha casa...” (Lc 7,6). Em toda missa nós
retomamos estas palavras do centurião, instantes antes de nos aproximarmos da
Eucaristia. Quem é digno de comungar? Ninguém, nem mesmo quem preside a Eucaristia.
Nós não somos dignos de receber Jesus, mas, antes da comunhão, lembramos o que
Ele mesmo disse: “A minha palavra purificou vocês” (cf. Jo 15,3). A palavra de
Jesus nos purifica na medida em que permitimos que ela nos corrija e nos
recoloque no caminho da justiça e da verdade. Que possamos, em cada celebração
eucarística, receber com humildade a palavra de Deus, que é sempre capaz de nos
salvar (cf. Tg 1,21).
Para a sua oração pessoal: Basta uma só
palavra (Ministério Amor e Adoração)
https://www.youtube.com/watch?v=UzY6dELqZA4Pe. Paulo Cezar Mazzi
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