sexta-feira, 27 de maio de 2016

ERGA A MARRETA E GOLPEIE FIRMEMENTE A ROCHA

Missa do 9º. dom. comum. Palavra de Deus: 1Rs 8,41-43; Gl 1,1-2.6-10, Lc 7,1-10.

            “Diga uma palavra, e o meu empregado ficará curado” (Lc 7,7). O Evangelho que acabamos de ouvir nos coloca diante de um belo exemplo de fé no poder da palavra de Jesus. “Basta uma só palavra, e o milagre acontecerá. Basta uma só palavra, e a vitória virá”, diz a música “Basta uma só palavra”, do Ministério Amor e Adoração. Como anda a sua fé na Palavra? Pra você, basta a Palavra, ou é preciso mais algumas coisas, tipo: ver, sentir e tocar pessoalmente em Jesus para só então poder crer?
            Engano nosso achar que a Palavra é mágica. Não basta ter a Bíblia em casa. Não basta ler a Bíblia. Não basta saber de cor trechos bíblicos. A Palavra não é mágica. Se há algo “mágico” aqui, neste relato do Evangelho, é a fé de um estrangeiro no poder da palavra de Jesus. A Bíblia não é um livro de História, nem de Ciência; ela é um livro de Fé, que foi escrito por homens e mulheres de fé, para edificar a fé de quem lê ou escuta suas palavras. Portanto, sem a fé, a Palavra permanece uma letra morta, incapaz de produzir vida. Só a fé nos faz experimentar o poder redentor de cada palavra contida na Sagrada Escritura.
Eis a fé do centurião que pediu a Jesus a cura para o seu empregado: “... eu também estou sob a autoridade de oficiais superiores, e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem; e ao meu empregado: Faça isso, e ele o faz” (Lc 7,8), ao que Jesus respondeu: “... nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7,9). A fé deste homem estrangeiro é a fé na autoridade da palavra de Jesus. Dizendo de outra maneira, a Palavra de Deus não é uma palavra fraca, mas forte, tão forte que o próprio Deus pergunta: “Não é a minha Palavra... como uma marreta que despedaça a rocha?” (Jr 23,29). Reflita sobre isso: embora a Palavra de Deus tenha a força de uma marreta capaz de despedaçar a rocha, a sua fé é a mão que levanta a marreta e desfere o golpe sobre a rocha...
Crer na autoridade da palavra de Jesus significa submeter-se a esta autoridade. Esta foi a grandeza da fé deste homem estrangeiro. Nós, que anunciamos a Palavra de Deus em cada celebração, em cada encontro de catequese ou dos nossos grupos pastorais, corremos um sério risco de nos “acostumarmos” a tal ponto com a Palavra, que já sabemos o que dizer a respeito dela, e, desse modo, acabamos não nos colocando sob a sua autoridade. Além disso, precisamos considerar o que Jesus disse: “... nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7,9). ‘Nem mesmo entre vocês, evangélicos ou católicos, encontrei tamanha fé na minha palavra’. Às vezes, uma pessoa que consideramos “pagã” pode ter mais fé em Deus do que nós, que nos consideramos cristãos...   
O Evangelho de hoje nos colocou diante de uma oração de intercessão: um homem manda um pedido a Jesus para que cure um empregado seu. Nós oramos pelos outros ou só por nós mesmos? Nossa oração costuma ir além dos nossos interesses pessoais, para suplicar a Deus pelas necessidades de outras pessoas? Nós confiamos que, de onde Jesus está, à direita do Pai, ele pode dizer uma palavra capaz de curar, de libertar e de salvar a pessoa por quem estamos orando?  
            Uma última questão. “Senhor, (...) eu não sou digno de que entres em minha casa...” (Lc 7,6). Em toda missa nós retomamos estas palavras do centurião, instantes antes de nos aproximarmos da Eucaristia. Quem é digno de comungar? Ninguém, nem mesmo quem preside a Eucaristia. Nós não somos dignos de receber Jesus, mas, antes da comunhão, lembramos o que Ele mesmo disse: “A minha palavra purificou vocês” (cf. Jo 15,3). A palavra de Jesus nos purifica na medida em que permitimos que ela nos corrija e nos recoloque no caminho da justiça e da verdade. Que possamos, em cada celebração eucarística, receber com humildade a palavra de Deus, que é sempre capaz de nos salvar (cf. Tg 1,21).   

Para a sua oração pessoal: Basta uma só palavra (Ministério Amor e Adoração)
https://www.youtube.com/watch?v=UzY6dELqZA4

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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