Missa
do 10º. dom. comum. Palavra de Deus: 1Rs 17,17-24; Gálatas 1,11-19; Lucas
7,11-17.
“Vós tirastes minha alma dos abismos e
me salvastes quando estava já morrendo” (Sl 30,4). No mundo em que vivemos há diversos
abismos engolindo muitas almas. O abismo da migração forçada engole no mar inúmeras
almas que tentam escapar da fome e da guerra, sobretudo na África ou em alguns
países do Oriente Médio. O abismo do tráfico e do consumo de drogas engole
inúmeras almas adolescentes e jovens à nossa volta. O abismo de doenças graves
como o câncer, engole almas de todas as idades e de todas as classes sociais. Existem
também os abismos emocionais, que engolem inúmeras almas por meio da depressão,
da ansiedade, do pânico, da fobia, da falta de sentido para a vida, do suicídio
etc.
Hoje queremos nos colocar na presença do
nosso Deus, o único que pode retirar a nossa alma do abismo em que ela
porventura se encontra, e nos salvar da morte precoce, prematura, como
aconteceu com esses dois jovens: o primeiro deles, ressuscitado por Deus
mediante a oração do profeta Elias; o segundo, ressuscitado por Jesus. Talvez
muitos de nós já fizemos essa experiência de sermos ressuscitados por Deus.
Nossa alma estava no abismo do desânimo, da aflição, do sofrimento ou mesmo da
morte, mas a mão de Deus nos alcançou e nos retirou do fundo desse abismo.
Então, voltamos a viver, a nos sentir vivos; recobramos o ânimo, a força, a
esperança.
As duas ressurreições que nos foram
narradas aconteceram num contexto de profunda miséria: duas viúvas pobres perderam
seu filho único. Além de não terem o marido para ajudar no sustento da casa,
perderam também o filho, única possibilidade de sustento e de futuro para elas.
Como se diz, ‘miséria pouca é bobagem’. Deus às vezes parece não só insensível,
mas também cruel e impiedoso, quando permite que certas coisas ruins aconteçam
a quem já está sofrendo. É uma pancada em cima de outra, é uma dor que se soma a
outra, é uma injustiça que se junta a outra. E nós perguntamos: Onde está Deus?
Nesses momentos em que a nossa fé chega
ao seu limite de suportar o sofrimento ou a injustiça, precisamos ter uma
conversa sincera com Deus, como teve o profeta Elias: “Senhor meu Deus, até a
viúva, em cuja casa habito como hóspede, queres afligir, matando-lhe seu
filho?” (1Rs 17,20). É claro que não é Deus quem “mata” alguém, mas ele pode
permitir que a morte atinja tal pessoa. Elias expressa diante de Deus o seu
cansaço ao lidar com o sofrimento e também a sua raiva por não compreender os
desígnios de Deus. Mas a sua oração sincera nos revela algo muito importante:
ele se dirige a Deus chamando-o de “meu Deus”.
Quando me dirijo a Deus chamado-o de
“meu” Deus, estou dizendo que, mesmo com raiva da Sua aparente indiferença para
com o sofrimento humano, Ele é o “meu” Deus, o Deus em quem eu creio e o único
a quem eu posso recorrer para clamar misericórdia e compaixão, seja para
comigo, seja para com as outras pessoas. Elias sabia que somente Deus poderia
devolver a vida ao filho da viúva de Sarepta. Por isso clamou: “Senhor, meu
Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas”. E foi
atendido na sua oração.
Se nós não podemos “produzir”
ressurreição, podemos suplicar a Deus por tantas pessoas expostas precoce ou
injustamente à morte. Se nós não podemos ressuscitar fisicamente pessoas, podemos
descer aos abismos onde elas se encontram e ajudá-las a sair dali. Jesus nos
convida a ir ao encontro da dor, daquela dor mais terrível, que é a experiência
da perda. “Jesus espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou
comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim
de aceitarmos verdadeiramente entrar em contato com a vida concreta dos outros
e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos, a vida complica-se sempre maravilhosamente”
(Francisco, A alegria do amor, n.308).
Não tenhamos medo de entrar em
contato com quem sofre. Façamos como Jesus. Ele ressuscitou o filho da viúva de
Naim por iniciativa própria. Ninguém veio lhe pedir nada. Nós não precisamos
esperar as pessoas virem até nós e nos pedirem ajuda. Tomemos a iniciativa de
ir ao encontro daquele que está sofrendo. Entremos em contato com as lágrimas
de quem chora neste momento. Peçamos a Deus que nos visite hoje, trazendo-nos a
vida do seu Espírito...
“Hoje em minha vida, onde eu estiver,
Ele continua a passar. Incansavelmente insiste em me visitar. Em meu coração
quer ficar. O mesmo Deus e Senhor hoje passa aqui. A nossa história também quer
tocar com a mesma força e poder, incansável amor que procura a quem transformar,
que transforma a quem encontrar...” (Ministério Adoração e Vida, Lugares).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Muito intenso...já passei por um abismo...mais graças ao meu Deus sai....
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ResponderExcluirNossa essa palavras me tocaram,eu sou testemunha que nas mãos Deus tudo posso,eu fui ressuscitada pelo seu amor.
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