Missa
do 4o. dom. do Advento. Palavra de Deus: Miqueias 5,1-4a; Hebreus 10,5-10;
Lucas 1,39-45.
A
cena do Evangelho que acabamos de ouvir é chamada de “visitação” de Maria a
Isabel. Quando foi a última vez que você recebeu uma visita? O que essa visita
fez você sentir? Quando foi a última vez que você visitou alguém?
O
individualismo tem nos fechado cada vez mais em nossa casa e nos isolado das
pessoas, dificultando a possibilidade das visitas. Nós não apenas não
encontramos tempo para visitar pessoas, como também nos incomodamos com o fato
de que alguém venha nos visitar e atrapalhar os nossos afazeres. No entanto, a
Sagrada Escritura nos fala de Deus como Aquele que nos visita...
Para
falar da cura da esterilidade de Sara, mulher de Abraão, a Escritura diz que “o
Senhor visitou Sara, como dissera, e
fez por ela como prometera. Sara concebeu e deu à luz um filho...” (Gn 21,1-2).
Para anunciar o nascimento de Jesus, nosso Salvador, Zacarias disse: “Bendito
seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou
e redimiu seu povo... Graças ao misericordioso coração de Deus, o sol nascente
nos veio visitar, para iluminar os
que se encontram nas trevas e na sombra da morte estão sentados” (Lc
1,68.78-79). Depois que Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, o povo
louvou a Deus reconhecendo: “Deus visitou
o seu povo” (Lc 7,16).
Você
tem permitido que Deus visite sua casa, sua vida, sua consciência, seu coração?
Você tem acolhido as visitas de Deus? Jesus chorou sobre Jerusalém, lamentando
o seu fechamento à salvação, com essas palavras: “(...) não reconheceste o
tempo em que foste visitada!” (Lc
19,44). Você reconhece, nas diversas situações da vida, o tempo em que Deus te
visita? No Salmo 106,4 o salmista pede: “Lembra-te de mim, Senhor, (...) visita-me com a tua salvação”. Você
deseja a visita de Deus?
Talvez
nós não desejemos a visita de Deus, porque ela também significa o momento em
que temos que nos encontrar com a nossa verdade. De fato, a Escritura também
fala da visita de Deus como o momento em que Ele faz justiça, elimina a mentira
e faz prevalecer a verdade: “No dia da minha visita, eu punirei o pecado deles” (Ex 32,34). Sim. A visita de
Deus também significa o fim da injustiça, da impunidade, o acerto de contas do
ser humano com a sua consciência, a hora de Deus retribuir a cada um de acordo
com a sua conduta. Mesmo assim, nós precisamos dessa visita. Por isso, clamamos
como o salmista: “Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer
a salvação! (...) Visitai a vossa
vinha e protegei-a!” (Sl 80,3.15).
A
visita de Maria fez com que a criança pulasse de alegria no ventre de Isabel e
ela ficasse cheia do Espírito Santo (cf. Lc 1,41). Olhe para o “ventre” da sua
casa, para o âmago da sua família. O que existe ali: vida/alegria ou
morte/tristeza? Maria e Isabel eram primas; a primeira era jovem, e a segunda, idosa.
O Evangelho está nos desafiando a visitar nossos familiares, a romper o
silêncio, a diminuir a distância, a derrubar o muro de separação, a passar por
cima do nosso orgulho, a diluir o nosso ressentimento, a vivermos a experiência
do milagre da reconciliação. Há quanto tempo você não visita seus familiares
(pais, irmãos, sogros, tios, avós, primos etc.)? Uma visita parece quase nada,
mas ela pode devolver vida e alegria a uma casa, ao coração de uma pessoa!
O Natal se aproxima. Todos nós
desejamos ser visitados por Deus! Todos nós precisamos nos encontrar com Aquele
que pode devolver a paz às nossas famílias, ao nosso local de trabalho, às
nossas cidades, ao nosso mundo. Mas, para isso, não podemos ignorar o tempo em
que Ele nos visita, assim como não podemos nos fechar em nosso ressentimento,
decidindo não mais visitar esta ou aquela pessoa da nossa família.
Uma casa está precisando da sua
visita. Uma pessoa está precisando de uma palavra sua, de um abraço seu. Neste
sentido, se você quiser fazer como Jesus ensina no Evangelho (cf. Lc 14,12-14),
dê um passo a mais e visite alguém que não pode retribuir a sua visita, alguém
que está injustiçado, que se sente esquecido e abandonado pelos outros, alguém
que está na solidão, ou doente, ou desempregado, ou de luto... Sua visita a
essa pessoa pode ser para ela a experiência de ter sido visitada pela
misericórdia do próprio Deus e voltar a sentir alegria em seu coração.
Oração: “Lembra-te de mim, Senhor,
(...) visita-me com a tua salvação”
(Sl 106,4). Lembra-te desta pessoa por quem eu oro neste momento, Senhor; ela
que se encontra necessitada, numa situação de sofrimento; visita-a com a tua
salvação. Lembra-te dos imigrantes que estão sendo obrigados, a fugirem de seu
país por causa da guerra ou da perseguição religiosa; visita-os com a tua salvação.
Lembra-te da situação política e econômica do nosso país, Senhor, ferida
gravemente pela corrupção; visita os nossos políticos com a tua verdade, a tua justiça
e a tua salvação... Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Maravilhoso Padre estava precisando ouvir isso , sou evangelica e sou livre para te chamar de irmão Paulo. Deus te abençõe
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