Missa
do 2º. dom. do advento. Palavra de Deus: Baruc 5,1-9; Filipenses 1,4-6.8-11;
Lucas 3,1-6.
Viver
significa percorrer um caminho. Cada ser humano é chamado a fazer seu caminho
de vida neste mundo. O próprio Jesus se definiu como Caminho, dizendo que fora
d’Ele ninguém de nós chega ao Pai (cf. Jo 14,6). Portanto, a meta final do
nosso caminho de vida é o Pai. Se o nosso caminhar neste mundo não nos levar a
Deus, nós teremos desperdiçado nossas energias e tornado inútil o nosso
caminhar. Por isso, enquanto caminhamos, precisamos nos perguntar: meu caminho
de vida está me conduzindo para Deus? Eu estou seguindo meu próprio caminho, ou
estou me deixando levar por caminhos que não têm nada a ver comigo, com os meus
valores, com a minha fé?
João
Batista recebeu de Deus a missão de ajudar a humanidade a preparar o caminho
para receber Jesus pela primeira vez. Como o tempo do Advento não apenas
prepara a comemoração desta primeira vinda, mas nos convida a estarmos
preparados para a segunda vinda de Jesus, nós ouvimos hoje a voz de João Batista
nos dizendo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Lc 3,4).
Em que sentido devemos preparar o caminho para que Jesus tenha acesso a nós? O
próprio João Batista explicou: é preciso que o vale seja aterrado, a montanha e
a colina sejam rebaixadas, as passagens tortuosas sejam endireitadas e os
caminhos acidentados sejam aplainados (cf. Lc 3,5).
Olhe
para o caminho da sua existência neste mundo, para a estrada da sua vida. Deus
tem tido acesso ao seu coração? É Deus que não tem vindo ao seu encontro, ou é
você que O mantém distante, obstruindo o caminho para que Ele não chegue perto?
João Batista fala de montanhas, colinas e vales. Montanhas e colinas são imagens do orgulho humano, mas também podem
ser mágoas e ressentimentos que se acumularam dentro de nós. Os vales nos lembram que nós costumamos
retirar mais do que colocamos, deixando que alguns buracos comecem a se abrir
na estrada da nossa vida. Por sua vez, a tortuosidade
pode significar uma consciência corrompida, não mais direita, enquanto que
os caminhos acidentados são aqueles buracos
que nós não nos demos ao trabalho de tapar.
Tanto
as montanhas e colinas quanto os vales se formam ao longo dos anos em nossa
vida. Não se trata de lamentar as irregularidades do nosso caminho de vida, mas
de perceber o quanto fomos ou somos responsáveis por essas irregularidades. Certamente
foram algumas das nossas atitudes que fizeram com que, ao longo do tempo, se
levantassem montanhas e colinas, ou se abrissem vales profundos na estrada da
nossa vida. A questão é: o que eu posso fazer para colocar em ordem o meu
caminho de vida, para que o Senhor tenha acesso a mim e me traga a sua
salvação? Que vales precisam ser aterrados e que montes e colinas precisam ser
rebaixados em meu relacionamento, para que eu e a outra pessoa possamos nos
reencontrar?
Ao
afirmar que “todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,6), João Batista
deixa claro que Deus quer manifestar a Sua misericórdia e a Sua justiça (cf. Br
5,9) a todo ser humano: a misericórdia, no sentido de socorrer, de comungar da
dor, de se fazer presente junto a todo ser humano que sofre; a justiça, no
sentido de corrigir, de acordar a consciência de quem tem praticado o mal e
aberto feridas profundas na sociedade. Justamente porque somos filhos de Deus,
a nossa presença junto às pessoas e no seio da sociedade humana deve ser uma
presença que favoreça a misericórdia – sensibilidade para com a dor do outro –
e a justiça – combater, o quanto depende de nós, toda forma de injustiça.
Quando
Jerusalém estava caída, de luto e aflita, porque seus filhos haviam sido
levados para o cativeiro da Babilônia, o profeta Baruc a convidou a
levantar-se, a olhar para o oriente e a se alegrar, porque Deus estava
devolvendo seus filhos, que haviam sido levados embora pelos inimigos (cf. Br
5,1.5.6). Hoje nós nos voltamos para o Senhor nosso Deus e suplicamos por todas
as situações de luto e de aflição: a perseguição aos cristãos em alguns países
do Oriente Médio, onde meninas são arrancadas de suas famílias e vendidas para
a prostituição; a violência praticada, ora por policiais, ora por traficantes,
contra adolescentes e jovens no Brasil; mas suplicamos, sobretudo, misericórdia
e justiça ao Senhor por todo o caminho percorrido pela lama tóxica (62 milhões
de metros cúbicos de rejeitos) que, por onde passa, deixa a morte atrás de si.
Segundo biólogos que estão nas regiões atingidas, a vida nesses lugares
demorará muito tempo para voltar a existir. Diante dessa tragédia, a Samarco,
empresa responsável pelo desastre, desvia dinheiro de suas contas oficiais para
não pagar indenizações, enquanto a presidente Dilma emite nota oficial afirmando
que a tragédia foi um “desastre natural”. Que de Deus, e das pessoas decentes e
conscientes, venha a misericórdia para com a vida, duramente golpeada por esta
tragédia, e a justiça em relação aos verdadeiros responsáveis por ela.
Uma
palavra nos anima no início desta segunda semana do advento: “Tenho a certeza
de que aquele que começou em vós uma boa obra há de levá-la à perfeição até o
dia (da vinda) de Cristo Jesus” (Fl 1,6). Confiemos no Pai, que ao enviar seu
Filho ao mundo começou em nós a obra da salvação. Ele tem o poder de
concluí-la. Nossas contradições humanas não têm força suficiente para anular o
que o Pai tem feito em nós e por nós. Deixemo-nos salvar por Deus. Deixemo-nos
abraçar por Sua misericórdia e santificar por Sua justiça. Deixemo-nos
aperfeiçoar – no sentido de amadurecimento espiritual – para o encontro com
Cristo Jesus.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Padre, sinto muito falta de suas mensagens no facebook. O quero como amigo virtual para poder enriquecer com suas mensagens. ABraços. Que Deus o conserve sempre muito abençoado e iluminado. Abraços.
ResponderExcluirPadre, sinto muito falta de suas mensagens no facebook. O quero como amigo virtual para poder enriquecer com suas mensagens. ABraços. Que Deus o conserve sempre muito abençoado e iluminado. Abraços.
ResponderExcluir