sexta-feira, 8 de maio de 2015

AMADOS ANTES DE EXISTIRMOS

Missa do 6º. dom. da Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 10,25-26.34-35.44-48; 1João 4,7-10; João 15,9-17.

            Você já se perguntou por que você existe? Você existe porque foi amado(a) por Deus antes de existir! Exatamente! Antes de existirmos, fomos amados! Só existimos porque fomos primeiro amados por Deus. Diferente da mãe, que começa a amar o filho depois que toma consciência de que está grávida dele, Deus primeiro nos amou, e depois nos concebeu em Seu coração. A existência de cada ser humano se deve unicamente a esta verdade: ele foi amado por Deus. Mais do que o amor da mãe ou do pai, o amor de Deus estava à nossa espera, quando viemos a este mundo.
            Apesar desta verdade bíblica, muitos ignoram que são amados por Deus, assim como muitos não se sentem amados por Ele, sobretudo porque fizeram ou estão fazendo uma forte experiência de sofrimento, quando tantas coisas desabam ou quando tantas certezas humanas são abaladas. No entanto, o próprio Deus declara a cada um de nós, como declarou a Israel: “Os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, porém meu amor não mudará” (Is 54,10). Você pode estar decepcionado(a) e profundamente desencantado(a) com o amor que deu às pessoas ou que recebeu delas, mas o Meu amor por você não mudará; não mudará nem mesmo diante do seu pecado, da sua recusa em se deixar amar por Mim, diz o Senhor. É por isso que está escrito: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados” (1Jo 4,9-10).
            “Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,8). Podemos entender também que quem nunca se sentiu amado nunca sentiu Deus em sua vida. Quantas crianças nunca se sentiram amadas? Quantos estão no mundo da violência e da criminalidade porque nunca foram amados? Quantos se sentem indignos e “não merecedores” de serem amados? Antes de existir a violência contra o outro, existe a violência contra si; antes de existir um desamor pelo outro, existe um desamor por si. Nós temos sido para essas pessoas imagem e semelhança do Deus que é amor (cf. 1Jo 4,8), amor que “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,7)? Alguém disse que não devemos julgar o nosso dia pelos frutos que colhemos, mas pelas sementes que conseguimos lançar. Da mesma forma, no final de cada dia, a pergunta principal não deveria ser: “Quantas pessoas me amaram hoje?”, mas “Para quantas pessoas eu consegui ser hoje uma presença do Deus que é amor?”
            “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9), nos disse Jesus. Ninguém dá o que não tem. A nossa primeira tarefa consiste em permanecer na presença de Jesus, nos deixar amar por Ele, para que depois possamos nos fazer presentes na vida das outras pessoas, conseguindo permanecer com elas também, e sobretudo, nas situações difíceis. “Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11). Se a nossa tristeza vem do medo de não sermos amados, a nossa alegria vem de saber que existimos porque somos amados. Enquanto muitos hoje verificam se são amados pelo número de curtidas no seu Face ou pelo número de visualizações no vídeo que postaram no Youtube, Jesus nos ensina que a alegria não depende de circunstâncias externas; ela nasce do encontro com a própria verdade, da harmonia e da sintonia com aquilo que se é.
            Neste dia rezamos especialmente por todas as mães: por aquelas que conseguiram passar para seus filhos a confiança básica de que são amados e também por aquelas que não o conseguiram; por aquelas que fizeram em suas casas a experiência de serem amadas e também por aquelas que não o fizeram; por aquelas que abriram mão do pseudo amor de um companheiro, em vista do bem dos filhos, e por aquelas que fizeram o contrário; por aquelas que estão firmadas em Deus e também por aquelas que estão com sua fé abalada; por aquelas que levaram a gravidez até o fim e por aquelas que decidiram abortar. Que todos nós possamos ser, de alguma forma, uma presença materna para outras pessoas, fortalecendo nelas a consciência de que são amadas incondicionalmente por Deus.

Para sua oração pessoal: PERMANECER NO AMOR (DOM)
https://www.youtube.com/watch?v=JCOe5l6EwTU

                                                              Pe. Paulo Cezar Mazzi

Nenhum comentário:

Postar um comentário