quinta-feira, 25 de setembro de 2014

DEVO MUDAR DE OPINIÃO?

Missa do 26º. dom. comum. Palavra de Deus: Ezequiel 18,25-28; Filipenses 2,1-5; Mateus 21,28-32.

O SIM que nós dissemos ontem pode ser transformar em NÃO hoje, assim como o NÃO que nós dissemos ontem pode se converter em SIM hoje. Por qual motivo? Porque nós mudamos de opinião. Mas, o que nos faz mudar de opinião? Os motivos podem ser vários. Eu posso mudar de opinião hoje porque não estou conseguindo – ou não estou querendo – pagar o preço para sustentar aquilo que eu disse ontem, assim como posso mudar de opinião hoje porque aquilo que eu disse ontem foi dito sob o impulso da emoção ou da pressão. Se eu, por exemplo, sou um candidato a um cargo político, posso mudar de opinião depois de eleito, porque aquilo que eu disse em campanha não fazia parte da minha convicção; era apenas uma forma de ganhar o eleitorado.   
            A mudança de opinião é ruim quando joga a palavra da pessoa no descrédito. Pais que não sustentam hoje o que disseram aos filhos ontem perdem a autoridade diante dos mesmos. Por outro lado, a mudança de opinião é boa quando é fruto de uma revisão das nossas atitudes: a escolha que eu fiz ontem estava me distanciando de Deus e da minha verdade, e por isso precisei revê-la e refazê-la, mudando assim de atitude hoje. Como disse Alexandre Herculano (1810-1877): "Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender!”
A contraposição que Jesus faz no evangelho entre SIM e NÃO está em paralelo com a contraposição que o profeta Ezequiel faz entre ONTEM e HOJE: se até ontem uma pessoa foi justa e hoje decide ser injusta, ela morrerá pela injustiça que está praticando hoje; da mesma forma, se até ontem uma pessoa foi injusta e hoje decide trilhar o caminho da justiça, ela viverá por causa do comportamento justo que decidiu ter a partir de hoje (cf. Ez 18,26-28). Em outras palavras, a direção que damos à nossa vida não vem das respostas que demos ontem, mas sim das respostas que estamos dando hoje.   
Todos os dias Deus passa pela nossa vida e nos faz um convite: “Filho, vai trabalhar HOJE na vinha!” (Mt 21,28). Mas o que significa, concretamente, “trabalhar na vinha”? O próprio Jesus explica: significa FAZER A VONTADE DO PAI, ou seja, começar a viver a minha vida, tomar as minhas decisões e fazer as minhas escolhas a partir do que Deus quer para mim, do que Ele sabe ser o melhor para mim. Mas isso supõe confiança. Você confia que aquilo que Deus quer para você é melhor do que aquilo que você quer para si neste momento? Você consegue abrir as suas mãos e permitir que Deus tire de você o que Ele quiser tirar e, igualmente, conceda a você o que Ele quiser conceder, ou você mantém as suas mãos fechadas, agarrando-se o quanto pode àquilo que você considera a sua fonte de vida e de felicidade neste momento?
A oração que nós precisamos fazer hoje, para nos abrir à vontade do Pai, é a mesma do salmista: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação” (Sl 25,4-5). Numa época onde as pessoas – para não dizer nós – têm se mostrado tão volúveis, cuja opinião muda de acordo com a instabilidade das próprias emoções ou de acordo com a ideologia dos meios de comunicação, nós precisamos pedir ao Senhor sabedoria, humildade e firmeza: sabedoria, para discernir o que convém e o que não convém à nossa salvação; humildade, para não termos vergonha de nos arrepender e de rever a nossa conduta quando isso for preciso; firmeza, para sustentar o nosso SIM como conformação diária da nossa vida à vontade de Deus.    
Por fim, para quem quiser entender porque Jesus disse aos sacerdotes e aos anciãos do povo que os cobradores de impostos e as prostitutas estavam mais próximos do reino de Deus do que eles, reflita sobre estas palavras, atribuídas a Santo Agostinho: “Há pessoas que estão dentro da Igreja, mas vivem como se estivessem fora, assim como há pessoas que estão fora da Igreja, mas vivem como se estivessem dentro”. 
                               
                                       Pe. Paulo Cezar Mazzi



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