sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A BONDADE DEVE SER MAIOR QUE A JUSTIÇA, SEM NO ENTANTO EXCLUÍ-LA

Missa do 25º. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 55,6-9; Fl 1,20c.-24.27a; Mateus 20,1-16a.

            “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos” (Is 55,8). Nossos pensamentos, isto é, nossa maneira de ver a vida, é assim: 1) Tudo é retribuído na mesma moeda – o bem para quem fez o bem, o mal para quem fez o mal; 2) Tudo é uma questão de mérito – o sucesso, a vitória, a felicidade é para quem merece; 3) Na vida, colhemos na exata medida em que plantamos; 4) O resultado é sempre proporcional ao investimento... Essa é a nossa maneira de ver a vida, e é assim também que enxergamos e interpretamos a maneira de Deus ser e agir.
No entanto, os pensamentos de Deus, a maneira como Deus vê a vida é diferente da nossa: 1) Ele “nunca nos trata conforme nossos pecados, nem nos devolve segundo nossas faltas” (Sl 103,10); 2) Ele é gratuidade – faz nascer o sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos (cf. Mt 5,45); 3) Deus “quer que todos os seres humanos sejam salvos” (1Tm 2,4); 4) “O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura” (Sl 145,17). Por tudo isso, ao ser acusado de injusto, nesta parábola contada por Jesus, Deus responde: “Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti” (Mt 20,14).
Esclarecendo o pano de fundo desta parábola, os primeiros a serem contratados, isto é, chamados à salvação, foram os judeus. Os últimos foram os pagãos. Os judeus “trabalharam”, isto é, serviram a Deus desde Abraão, e esperaram a vinda do Messias (Jesus), embora muitos não o reconheceram. Os pagãos passaram a trabalhar para Deus “na última hora”, no fim dos tempos, quando o evangelho de Cristo chegou até eles. Alguns judeus ficaram com inveja disso e acharam injusto. Traduzindo para os nossos dias, uma pessoa vive uma vida toda no temor a Deus, na prática da justiça e no amor para com o próximo. Outra pessoa vive uma vida toda afastada de Deus, cometendo injustiças e prejudicando o próximo. No entanto, num dado momento, por meio de uma doença, por exemplo, ela se converte e recebe de Deus a salvação. Foi isso que aconteceu, por exemplo, com o ladrão na cruz, salvo por Jesus nos últimos instantes da sua vida (cf. Lc 23,42-43).                                         A crítica feita a Deus, na parábola que ouvimos, é esta: “Tu os igualaste a nós” (Mt 20,12). Na verdade, não. Deus sabe quem é cada um; Ele conhece o coração de cada um. Exemplos concretos: 1) “Sou eu quem sonda os rins e o coração; e a cada um de vós retribuirei segundo a vossa conduta” (Ap 2,23). 2) Deus não nos vê a todos como “farinha do mesmo saco”. Ele sabe diferenciar o justo do injusto: “Longe de ti fazeres tal coisa: fazer morrer o justo com o pecador, de modo que o justo seja tratado como o pecador! Longe de ti! Não fará justiça o juiz de toda a terra?” (Gn 18,25).  3) “Todos nós teremos que comparecer perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante sua vida na terra, seja para o bem, seja para o mal” (2Cor 5,10).
Portanto, Deus revela, no final deste evangelho, como é a Sua forma de agir, a Sua maneira de tratar cada ser humano: “Eu não fui injusto contigo” (Mt 20,13). “Eu quero dar a este que foi contratado por último – que se tornou justo nas últimas horas da sua vida – o mesmo que dei a ti – que viveu como justo a vida toda” (citação livre de Mt 20,14). Como afirmou o salmo de hoje, “o Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 145,9). Em outras palavras, nos somos tratados por Deus não segundo a pequenez dos nossos méritos, mas segundo a grandeza do Seu amor para conosco. Além disso, para Deus, não basta ser justo; é preciso ser bom. E hoje Ele chama cada um de nós a viver assim, procurando não apenas sermos justos, mas sermos bons. Isso, na visão do apóstolo Paulo, significa “viver à altura do evangelho de Cristo” (Fl 1,27). 

Pe. Paulo Cezar Mazzi


Um comentário:

  1. Se vc percorrer o caminho do bem, do amor e da bondade, Deus irá sempre para onde vc for, e estará ao seu lado onde vc estiver. Percorra na vida o caminho que mais tarde gostaria que seu filho percorresse. A paz do mundo começa em nós, se temos amor com certeza seremos felizes, se fizermos o bem ao nosso irmão, temos a grandeza dento do nosso coração;Pedimos a Deus coragem para denunciar o mal e mãos para aplaudir calorosamente os profetas do bem.

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