quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

FIRMEZA, FORTALEZA, ÂNIMO E ALEGRIA!

Missa do 3º. dom. do advento. Palavra de Deus: Isaías 35,1-6a.10; Tiago 5,7-10; Mateus 11,2-11.

            “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável... Criai ânimo!” (Is 35,1.4). “Ficai firmes e fortalecei vossos corações” (Tg 5,8). Como você sente as pessoas com as quais convive: alegres ou tristes, animadas ou desanimadas? Como você se encontra neste momento, neste final de ano: animado(a) ou desanimado(a), fortalecido(a) ou enfraquecido(a)?
            Com toda certeza, neste momento não há quem não sinta o cansaço do ano que termina. Mas há algo dentro de muitos de nós que tem nos roubado a alegria, não somente a alegria de viver, mas a alegria da nossa fé, a alegria de servirmos a Deus, a alegria do Evangelho: o desânimo. Cansaço é diferente de desânimo: mesmo cansado(a), eu posso estar alegre pelo trabalho que realizei, pela luta que empreendi. Mas o desânimo nos rouba a alegria e o sentido de trabalharmos, de lutarmos por aquilo que acreditamos.
      Muitos estão desanimados. E por quê? “Alguns, por sustentarem projetos irrealizáveis...; outros, por não aceitarem a custosa evolução dos processos, querendo que tudo caia pronto do céu... A ânsia moderna de chegar a resultados imediatos faz com que ... não tolerem ... alguma contradição, um aparente fracasso, uma cruz”, afirma o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” (n.82).
           Quando você projeta algo para a sua vida, quando você sonha, mantém seus pés no chão, mantém o senso de realidade, seja em relação a você, seja em relação às outras pessoas? Você aceita o fato de que toda mudança e toda transformação são processuais, ou continua a exigir que elas caiam prontas do céu?
       Quando Jesus iniciou o seu ministério, muitos se decepcionaram com ele, porque Jesus não veio eliminar a contradição que há no ser humano, nem nos garantir lutas sem fracassos e uma vida sem cruz. Por isso, ele disse: “Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” (Mt 11,6). Você já se escandalizou com Jesus, pela forma como ele age na sua vida? Você sabe lidar com a contradição que todo ser humano, incluindo você, carrega dentro de si? Como você lida com o fracasso, com a cruz?  
            Por exigirem resultados imediatos em tudo o que fazem, por não tolerarem contradições, nem fracassos, nem cruz, muitas pessoas se comportam na vida como “caniços agitados pelo vento” (cf. Mt 11,7): são pessoas que não suportam frustrações; pessoas que se dobram sempre que o vento sopra contra elas; pessoas que desistem do caminho que estão fazendo porque receberam críticas, ou porque não foram elogiadas, reconhecidas, paparicadas etc.
            Para uma geração como a nossa, que por muito ou por pouco tem a mania de desistir dos seus ideais, dos seus valores, dos seus compromissos, o profeta Isaías diz: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus; (...) é ele que vem para vos salvar” (Is 35,3-4). Do mesmo modo, o apóstolo Tiago nos exorta: “Ficai firmes até à vinda do Senhor... Ficai firmes e fortalecei vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,7.8).
           Tiago compara a firmeza e a fortaleza de ânimo ao agricultor. Mesmo não vendo sinal de chuva no céu, ele trabalha a terra e a prepara, na esperança de que a chuva virá. Do mesmo modo, a você não cabe controlar quando a chuva vem, isto é, quando e de que forma Deus vai agir na sua vida, mas a você cabe trabalhar o terreno da sua vida, para que quando Deus derramar a graça d’Ele em sua vida, o seu esforço seja recompensado e você possa colher o fruto do seu esforço.  
            Hoje é o domingo da alegria, pela expectativa da chegada do Salvador. Em todo final de ano multiplicam-se as confraternizações e as festas. O que está por trás do excesso de comida e de bebida? Por que alguns têm tanta necessidade de beber? Que tipo de vazio estão tentando preencher? Uma alegria que só vem para fora depois que a pessoa bebe é uma triste alegria, uma alegria que tenta esconder dores não enfrentadas pela pessoa, feridas que ela não aceita tratar, vozes que ela se recusa a ouvir no seu coração...
            Sempre que permitirmos que o deserto do nosso coração deixe de ser intransitável e que o Senhor tenha acesso a ele; sempre que cultivarmos a terra da nossa vida por meio da oração, da perseverança, da fortaleza de ânimo, do serviço humilde e constante em favor do anúncio da alegria do Evangelho, suportando o mesmo sofrimento que os profetas suportaram, experimentaremos a alegria do encontro com Aquele que vem para nos salvar, e essa alegria ninguém poderá tirá-la de nós, como o próprio Jesus nos prometeu (cf. Jo 16,22).

                                                                      Pe. Paulo Cezar Mazzi  

Nenhum comentário:

Postar um comentário