Missa
da Sagrada Família – Palavra de Deus: Eclesiástico 3,3-7.14-17a.; Colossenses
3,12-21; Lucas 2,41-52
A febre não é uma doença; ela apenas
indica que existe uma enfermidade no corpo da pessoa. Por isso, não basta
apenas combater a febre; é preciso investigar e tratar a causa dela, a infecção
que começa a se desenvolver no corpo da pessoa.
Normalmente, é nas escolas que se
constata a febre: a criança não vai bem nos estudos, tem crises de choro, é
depressiva, come em excesso, em outros casos quase não se alimenta, agride os
colegas com palavras e com atitudes etc. O comportamento “estranho” da criança
na escola nos diz, muitas vezes, que a sua família está doente. Há uma ferida
dentro de casa que não está sendo tratada. Há um conflito no seio da família
que não está sendo enfrentado, ou está sendo enfrentado de forma errada.
O alto índice de criminalidade entre
os jovens, o envolvimento cada vez mais precoce e cada vez mais profundo com a
bebida e as drogas nas novas gerações nos faz constatar que algo não vai bem
com a família: o vínculo conjugal está fragilizado ou se rompeu; o diálogo
entre pais e filhos é sempre tenso, ou não existe; a ausência de um dos pais
não foi assimilada pelos filhos; as ofensas verbais, e às vezes físicas também,
se tornaram rotina etc.
A celebração de hoje nos propõe a
família de Nazaré como ponto de partida de reflexão sobre a nossa família. Os
evangelhos nos revelam que Maria, José e o menino Jesus passaram por momentos
muito difíceis. Um deles é retratado aqui: a perda e o reencontro do menino
Jesus. Este fato, por si só, já nos mostra que a perda faz parte da vida de
qualquer família, por mais que exista amor entre seus membros, por mais que a
família tenha uma religião e cultive a sua fé. Mas o evangelho de hoje nos diz
que, se não desistirmos de procurar aquele que perdemos, poderemos
reencontrá-lo e reintegrá-lo em nossa família.
A perda de Jesus não foi proposital: “... o
menino ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem” (Lc 2,43). Existem
perdas que são consequência da nossa intransigência, da nossa teimosia em não
querer mudar nossas atitudes. Por isso, quando sofremos uma perda, é sempre bom
nos perguntar: “Qual foi a minha parcela de responsabilidade nesta perda?”.
Isso nos ajuda a sair do papel de vítima e a ter uma atitude positiva diante do
problema.
Há perdas que são consequência do “não
notar”, “não perceber o outro”, que está se afastando de nós a cada dia. Muitos
filhos se perdem nas drogas ou na criminalidade sem que seus pais o notem, seja
porque os pais estão ocupados demais consigo mesmos, com o seu trabalho, seja
porque estão distraídos com as compensações afetivas que encontram como remendo
para tapar o buraco de uma vida sexual frustrante no casamento. Da mesma forma
como, hoje em dia, muitos filhos se perdem dos pais dentro de casa, na
internet, muitos pais nem se dão conta de estarem perdendo seus filhos porque
eles mesmos estão perdidos no labirinto da internet.
Ao se darem conta da perda, os pais de Jesus
“voltaram para Jerusalém à sua procura” (Lc 2,45). A perda não tem que ser
definitiva, mas pode se converter em reencontro, desde que não desistamos das
pessoas, desde que os pais deixem de se acusarem mutuamente pelo que aconteceu
e decidam trabalhar juntos para recuperar o filho que se perdeu ou que está se
perdendo. Cada membro da família precisa voltar, refazer o caminho, perceber
onde foi que a perda começou a se concretizar, e se propor a mudar: “Esposas,
sede solícitas para com vossos maridos... Maridos, amai vossas esposas e não
sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais... Pais,
não intimideis os vossos filhos...” (Cl 3,18-21).
“Três dias depois, o encontraram no templo” (Lc
2,46). O templo é sinônimo da presença de Deus. Poderíamos, então, dizer: ‘três
dias depois, o encontraram em Deus’. Só em Deus nossas perdas podem se
converter em
reencontro. Só em Deus aquilo que morreu em nós pode
ressuscitar. Ele é o Deus que, em seu Filho Jesus , veio procurar cada um de nós,
“veio procurar e salvar aquele que estava perdido” (Lc 19,10). Daí a
importância de os pais formarem em seus filhos a consciência da filiação
divina, e não apenas da filiação humana. Além do mais, como disse Içami Tiba:
“Pais que levam seus filhos à igreja dificilmente terão que visitá-los numa cadeia”.
Crê na força do amor que tudo pode mudar! Ama a tua
família. O amor vencerá! Como foi feliz a santa família de Nazaré, a tua também
será se tiveres fé! Jesus, Maria e José
minha família vossa é! Jesus, Maria e José minha família vossa é! Abençoai
a minha casa! Cuidai bem dela pra mim. Vou amar minha família até o fim! (Banda
Louvor e Glória, música Sagrada Família).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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