Missa do 4º. dom. do advento. Palavra de Deus: Miquéias
5,1-4a; Hebreus 10,5-10; Lucas 1,39-45.
Estamos às vésperas da celebração do Natal. Natal significa nascimento,
e todo nascimento é feito de espera.
Quantas coisas já foram abortadas em sua vida por você não saber esperar? O nascimento precisa da espera para se
concretizar, e a espera é feita de confiança, é feita de fé, não de fé em
nós mesmos, e sim de fé em Deus, na sua Palavra.
O evangelho que acabamos de ouvir nos mostra que antes de Jesus nascer de Maria, nasceu em Maria, conforme as palavras de Isabel: “Feliz aquela que
acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc
1,45). Antes que as bênçãos de Deus nasçam concretamente em sua vida, elas
precisam, primeiro, nascer dentro de você pela fé, uma fé que sabe esperar no
Senhor, até que a Palavra dele se cumpra em sua vida.
O
profeta Miquéias nos lembra que a espera é sempre sofrida, porque enquanto
esperamos somos tentados a nos sentir abandonados por Deus: “Deus deixará seu povo ao abandono até o tempo em que uma
mãe der à luz” (Mq 5,2). Quem de nós já não fez na vida a experiência de ter
sido abandonado por Deus? Ainda que essa experiência se repita muitas vezes, o
profeta nos diz que esse abandono é temporário. Na verdade, ele é o tempo da
gravidez, da gestação de algo que Deus quer gerar em nossa vida, mas que
precisa de tempo, o tempo da espera, o tempo da fé.
Se
temos dificuldade em crer nas promessas do Senhor, o evangelho nos coloca
diante de Isabel, imagem do Antigo Testamento, símbolo de um povo que
envelheceu e cujo ventre, cujas entranhas, cujo coração, se tornou estéril. Mas
justamente ali Deus fez nascer a vida, porque para Ele nada é impossível (cf.
Lc 1,37). Foi essa a experiência que Abraão também fez: “E foi sem vacilar na
fé que considerou seu corpo já morto (velhice)... e o seio de Sara também morto
(esterilidade). Ante a promessa de Deus, ele não se deixou abalar pela
desconfiança, mas se fortaleceu na fé... convencido de que podia cumprir o que
prometeu” (Rm 4,19-21).
Se Isabel, idosa e estéril, está grávida é
porque a fé não se apoia naquilo que nós podemos fazer, mas naquilo que Deus pode fazer em nós e por meio de
nós. Se às vezes nos sentimos pequenos, insignificantes, fracos, lembremos do
que o Senhor nos diz: “Basta-te a minha graça, pois é na (tua) fraqueza que a
(minha) força manifesta todo o seu poder” (2Cor 12,9). Em nossa pequenez e em
nossa fraqueza Deus encontra espaço para agir. Foi por isso que Ele escolheu a
pequena e insignificante Belém como lugar de nascimento daquele que não recua
diante do mal, que apascenta a humanidade com a força do Senhor e que vem nos
trazer a paz e a salvação (cf. Mq 5,1.3-4).
O
nascimento precisa da espera para se concretizar, e a espera é feita de fé: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será
cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45). Feliz é aquele que crê na
Palavra do Senhor e espera na Sua promessa. Feliz é aquele que considera sua
fraqueza à luz da fé e compreende que ela pode se tornar a porta de entrada
para a graça transformadora de Deus em sua vida. Se, a exemplo de Maria,
crermos naquilo que o Senhor nos diz e esperarmos pelo cumprimento das Suas
promessas, permitiremos que uma nova vida comece a se formar e a nascer em nós.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a viver o nosso tempo de
espera nas Suas promessas não como tempo de abandono, mas como tempo de
gestação daquilo que Ele quer gerar em nós pela fé. Ao nos deparar com a nossa
pequenez e a nossa fraqueza, não nos deixemos abalar pela desconfiança, mas nos
fortaleçamos na fé, convencidos de que Deus pode realizar em nós aquilo que
prometeu. Desse modo, experimentemos a mesma alegria que Isabel e Maria
experimentaram, reconhecendo em nossa vida a ação misericordiosa de Deus, que
transforma a vida daqueles que nele creem e nele esperam.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Nenhum comentário:
Postar um comentário