Missa do 1º. dom. do advento.
Palavra de Deus: Jeremias 33,14-16; 1 Tessalonicenses 3,12 – 4,2; Lucas
21,25-28.34-36.
Você espera? Espera por algo?
Espera por alguém em sua vida? Você tem esperança?
Na época dos campos de
concentração, muitas pessoas enlouqueceram e tantas outras se suicidaram por
não suportarem os terríveis sofrimentos a que foram expostas. Mas algumas delas
conseguiram sobreviver a todo aquele sofrimento, sem enlouquecer e sem se
desesperar, por um único motivo: elas tinham alguém esperando por elas fora do
campo de concentração, e a esperança de reencontrar essa pessoa as ajudava a
ter uma outra postura diante daquele sofrimento.
Advento
significa esperar aquele que vem. Ao mesmo tempo em que recordamos a primeira
vinda de Cristo (celebração do Natal), reafirmamos a nossa fé na sua segunda
vinda (Parusia), conforme a sua promessa: “Sim, venho muito em breve!” (Ap
22,20). Aos cristãos, que já estavam se cansando de esperar, o autor da carta
aos Hebreus escreveu: “Porque ainda um pouco, muito pouco tempo, e aquele que
vem, chegará e ele não tardará” (Hb 10,37). A questão é saber se ainda estamos
esperando por Cristo, e de que forma estamos esperando.
“Tu vens! Tu vens! Eu já escuto os teus
sinais!”, diz a música Anunciação, de
Alceu Valença. Da mesma forma que a hora do parto é precedida por dores, a
chegada de Cristo será precedida pela dor de toda a criação, pela angústia das
nações e pelo medo dos homens. “Então eles verão o Filho do homem vindo numa
nuvem com grande poder e glória” (Lc 21,27). Mas, por que o medo diante da
vinda de Jesus? Porque, para muitos, Jesus se tornou como que um estranho. No
começo, tinham intimidade com ele; mas depois se afastaram, se cansaram de
esperar pelas suas promessas, abandonaram a prática da fé, e agora a vinda de
Cristo soa para eles como uma ameaça.
Jesus nos convida a esperá-lo não com medo,
mas com amor; não angustiados, mas com o coração cheio de alegria: “Quando
essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a
vossa libertação está próxima” (Lc 21,28). Assim como algumas pessoas não se
entregavam à loucura ou ao desespero, porque sabiam que havia alguém esperando
por elas fora do campo de concentração, assim nós enfrentamos as turbulências
do tempo presente em pé e com a cabeça erguida, porque sabemos em quem
colocamos a nossa fé (cf. 2Tm 1,12); sabemos por quem esperamos (cf. Fl
3,20-21).
Muitos, por
terem deixado de crer e de esperar, colocaram o sentido da sua vida no
consumismo, na comida (gula), na bebida (embriaguez), e se atormentam com
inúmeras preocupações. São pessoas que constroem para si mesmas uma armadilha,
na qual se aprisionam e dentro da qual sofrem, sem esperança de serem libertas.
Por isso, Jesus nos convida a ficarmos atentos, a guardarmos a nossa fé e a
revitalizarmos a nossa esperança por meio da oração.
“Ficai atentos e orai a todo
momento” (Lc 21,36). Cada momento da nossa vida é oportunidade ou de nos
aproximarmos do Senhor, ou de nos distanciarmos dele. A oração nos ajuda a
perceber se estamos próximos ou distantes do Senhor. Quando nos colocamos em
oração, nos colocamos na presença de Deus, e quem vive a cada dia na presença
de Deus não tem porque temer a Sua chegada. Pelo contrário, a deseja com
alegria, porque poderá vê-Lo face a face (cf. 1Cor 13,12).
Jesus termina o evangelho de hoje dizendo: “...
orai a todo momento... para ficardes de pé diante do Filho do homem” (Lc
21,36). Quem diariamente dobra seus joelhos na oração não se dobra, ou seja,
não é derrubado pelas turbulências que enfrenta no mundo. Essa pessoa poderá
ficar em pé diante do Senhor Jesus, em pé como alguém que não se deixou
enlouquecer ou perder o sentido da vida diante do sofrimento, mas o superou
porque sempre soube em quem depositou a sua fé e por quem esperou. Pe. Paulo Cezar Mazzi
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