quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SOB O SENHORIO DE DEUS


Missa de Cristo Rei – Palavra de Deus: Daniel 7,13-14; Apocalipse 1,5-8; João 18,33b-37.

Nos povos antigos, a figura do rei simbolizava proteção, defesa, garantia de vida e de paz. O rei era visto também como alguém que está acima de todos e que detém o poder sobre todos. Aos poucos, a imagem do rei foi associada a Deus. Ele é rei soberano, o Todo-poderoso, Aquele que nos protege, nos defende dos inimigos. Junto a Ele encontramos vida, encontramos paz.
O povo de Israel viveu muito tempo sem ter um rei, governado apenas pelo Senhor e por sua Palavra. Mas um dia Israel quis ter seu próprio rei humano, à semelhança de outros povos. E Deus, então, concluiu: “Israel não quer mais que eu reine sobre ele” (citação livre de 1Sm 8,7). A primeira questão, portanto, que se coloca para cada um de nós é esta: eu quero que Deus reine sobre mim? Eu vivo sob o senhorio de Deus?
A Palavra de Deus nos traz hoje duas afirmações a respeito do reinado, do senhorio de Deus: “Seu poder é um poder eterno... e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,14). “Vós firmastes vosso trono desde a origem, desde sempre, ó Senhor, vós existis” (Sl 93,2). Contudo, na prática, o que temos visto é o reinado dos bandidos e dos traficantes, que subjuga a todos por meio da violência, o reinado da injustiça e da corrupção, ou ainda o reinado de meia dúzia de especuladores financeiros, que manipulam os governantes dos países como se fossem fantoches. Em resumo, o que temos visto à nossa volta não é reinado de Deus, mas o reinado do mal.
            Não por acaso, o evangelho deste domingo de Cristo Rei nos apresenta o diálogo entre Jesus e Pilatos. As palavras de Pilatos a Jesus – “o teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim” (Jo 18,35 – grifo meu) – retratam a nossa realidade: o bem foi entregue às mãos do mal. Portanto, o mal é mais forte do que o bem. O reinado de Deus foi vencido pelo reinado do maligno. Quem, de fato, reina em nosso mundo é a injustiça, a mentira, a violência, a morte.
Diante da pretensão de Pilatos em ver Jesus como alguém que está subjugado à autoridade de um rei humano, Jesus esclarece: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Os reinos deste mundo se impõem pela força, pela violência, pelo dinheiro, pela mentira, pelo medo, pela ameaça etc. Mas Deus se impõe unicamente pela verdade. Por isso, Jesus declara diante de Pilatos: “Eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,36-38).
O único poder que nos liberta de todos os falsos poderes deste mundo é o poder da verdade. Se na vida de muitas pessoas hoje reina o vício, o comportamento autodestrutivo, a opressão, a culpa, a tristeza, a raiva etc., é porque essas pessoas ainda não tomaram consciência da verdade a respeito de si mesmas. Jesus é a verdade que nos liberta de todas as nossas mentiras, que quebra as correntes que ainda nos mantêm prisioneiros de coisas ou de pessoas que permitimos que reinassem sobre nós, na esperança de que nos fizessem felizes. 
            A festa de Cristo Rei nos recorda que existem dois reinos: o reino do bem e o reino do mal, o reino da verdade e o reino da mentira, o reino da graça e o reino do pecado. Qual deles reina em sua vida? Quem você quer hoje que reine sobre você? Sob o senhorio de quem você tem se colocado no seu dia a dia? O apóstolo João convida você a se colocar debaixo do senhorio de Jesus, “o soberano dos reis da terra”, Aquele “que nos ama” e “que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino” (Ap 1,5), isto é, nos devolveu ao senhorio de Deus. Renda-se, portanto, Àquele “que é, que era e que vem, o todo-poderoso” (Ap 1,7-8).  
           Reina o Senhor! Toda a terra verá. Ele voltará com glória, força e poder. Povos e nações, todos afluirão ao ouvirem o som dos anjos anunciando, e então diante do Rei dos reis tremerão. Glória e majestade ao Rei, Cristo Jesus, Cordeiro Santo, Raiz de Davi que amou o mundo e abriu as portas do céu a todo aquele que Ele redimir. Renda-se! Ainda há tempo de retornar. Renda-se! Vida nova receberá . Renda-se! Abandone-se sem reservas! Renda-se! O Senhor disse e cumprirá. Renda-se! Toda lágrima enxugará. Renda-se! Àquele que era, que é e que há de vir! (da música Renda-se, Ministério Adoração e Vida).
 Pe. Paulo Cezar Mazzi

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