Missa do 32º. dom. comum - Palavra de Deus: 1Reis 17,10-16; Hebreus 9,24-28; Marcos 12,38-44.
“Jesus estava sentado no templo, diante
do cofre das esmolas, e observava como a
multidão depositava as suas moedas no cofre” (Mc 12,41). Jesus está no meio de
nós, em nossos templos, em nossas igrejas, e observa como vivenciamos a nossa relação com Deus. Jesus hoje nos pergunta:
Você vem aqui para receber algo de Deus ou para doar algo seu a Ele? Você faz
suas orações com o objetivo de receber algo de Deus ou com o objetivo de tornar
o seu coração mais disponível para Ele? Como
você se coloca diante de Deus?
O altar é o lugar da grande oferenda. No
altar da cruz o Pai fez ao mundo a grande oferenda da salvação em seu Filho
Jesus. No altar da cruz, o Filho se ofereceu ao Pai em favor da salvação de
cada um de nós. No altar das nossas igrejas, o Espírito Santo atualiza para
nós, em cada Eucaristia, a oferenda do Pai e do Filho. Diante do altar, cada um
de nós é convidado a fazer de si mesmo uma oferenda ao Pai no mesmo Espírito
com que Jesus se ofereceu: o sacrifício
de si mesmo (cf. Hb 9,26).
A oferenda mais difícil de ser feita não
é a oferenda do nosso dinheiro, mas da nossa fé: confiar que quando nos
esquecemos de nós mesmos e nos dedicamos a servir a Deus, Ele proverá em todas
as nossas necessidades, segundo a sua Palavra: “Eu nunca te deixarei, jamais te
abandonarei” (Hb 13,5). Essa foi a experiência da viúva de Sarepta, desafiada
em sua fé pelo profeta Elias a pegar o resto
que tinha – um punhado de farinha e um pouco de azeite – preparar um pãozinho
para o profeta e só depois ela e o filho comerem, confiando na palavra do
Senhor: “a vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá”
(1Rs 17,14).
Qual é o seu resto? Existe ainda um resto de fé em você, um resto de amor, um
resto de esperança, um resto de tempo, um resto de boa vontade, um resto de
força, um resto de saúde, um resto de dinheiro? A fé desafia você a oferecer
esse resto a Deus, a utilizá-lo no serviço a Deus, confiando que nada haverá de
lhe faltar, confiando que tudo aquilo que você entrega a Deus é por Ele
transformado, mas tudo aquilo que você retém consigo fica como está, como um
resto que uma hora vai acabar.
Jesus faz uma comparação entre a oferta dos
ricos e a oferta da pobre viúva: “Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza,
ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (Mc 12,44). Pense na palavra
“sobra”. No seu dia a dia tem sobrado tempo para você rezar? Tem sobrado tempo
para você entrar em contato com a Palavra de Deus? Na sua semana tem sobrado
tempo para você ajudar o próximo, para fazer algum trabalho voluntário? No seu
mês, tem sobrado dinheiro para você fazer a oferta do seu dízimo a Deus? Se
você for esperar sobrar, a resposta para todas essas perguntas é: “não”.
Simplesmente não sobra!
A verdadeira oferta, aquela que agrada a
Deus, aquela que transforma o seu coração, não nasce das suas sobras, mas da
sua atitude em oferecer a Deus o seu melhor: a sua melhor hora de cada dia para
se colocar na presença de Deus, para fazer a sua oração, para ler a Bíblia; a
sua melhor hora na semana para ajudar alguém, para ser voluntário; o melhor do
seu salário mensal para oferecer a Deus o seu dízimo como expressão da sua
gratidão e da sua confiança de que Ele continuará a prover em todas as suas
necessidades.
Na presença de Jesus, a grande oferenda do Pai
em favor da salvação do mundo, compreendemos que somos chamados a ser
construtores das nossas comunidades e não consumidores das mesmas; somos
chamados a fazer da nossa oferta uma oferta de nós mesmos a Deus e aos irmãos.
Somos chamados também a rever a compreensão que temos do dízimo, entendendo que
a oferta mensal do nosso dízimo não depende de termos dinheiro, mas de termos
um coração convertido a Deus, um coração que agradecido pelos bens que todos os
dias recebe, um coração que experimenta todos os dias a resposta providencial
de Deus diante de cada necessidade, porque escolheu oferecer a Deus o seu
melhor, não as suas sobras.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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