domingo, 5 de agosto de 2012

“Senhor Deus, tu o sabes” (Ez 37,3)


            Uma das páginas mais profundas da Sagrada Escritura é aquela em que o Espírito de Deus conduz o profeta Ezequiel a um vale cheio de ossos secos e lhe pergunta: “Criatura humana, porventura tornarão a viver estes ossos?”. Então, Ezequiel respondeu: “Senhor Deus, tu o sabes” (Ez 37,3). Aqueles ossos secos representavam o povo de Israel, que vivia dizendo: “Os nossos ossos estão secos, a nossa esperança está desfeita. Para nós, tudo está acabado” (Ez 37,11).
            Neste mês de agosto, em que celebramos a Semana Nacional da Família, convém acolher a pergunta que Deus está fazendo ao nosso coração: “Você acredita que os ossos secos da sua família poderão tornar a viver?” Poderá o seu casamento voltar a viver? Poderá a fé voltar a viver no coração de seu filho ou de sua filha? Poderá o seu relacionamento com determinada pessoa voltar a viver? Poderá o amor voltar a viver dentro do seu coração? Poderá voltar a viver a alegria, o perdão, o diálogo, a esperança, a paz em sua casa, em sua vida?
            Perceba que Ezequiel devolve a pergunta para Deus em forma de uma declaração de fé: “Senhor Deus, tu o sabes” (Ez 37,3). Por nós mesmos, não podemos fazer voltar a viver algo que nós mesmos matamos ou deixamos que morresse. Mas não se trata daquilo que nós podemos, e sim daquilo que Deus pode. O que nós não vemos, Ele vê. O que nós não alcançamos, Ele alcança. Onde nós só conseguimos enxergar cinzas e destruição, Ele consegue ver brasas acesas debaixo das cinzas, vida debaixo dos escombros. As palavras “Senhor Deus, tu o sabes” são uma declaração de que o que é impossível a nós não o é a Deus.
           Aquilo que secou, aquilo que morreu em sua família só pode voltar a viver se for colocado nas mãos de Deus. Contudo, há algo que você é chamado(a) a fazer. Para que aqueles ossos secos voltassem a viver, Deus mandou Ezequiel fazer duas coisas: profetizar a Palavra àqueles ossos e, depois, invocar o Espírito de Deus sobre eles (cf. Ez 37,4-10). A mudança não aconteceu de forma rápida, mágica ou instantânea. Conforme os ossos secos iam ouvindo a Palavra de Deus, primeiro se aproximaram uns dos outros; depois começaram a ser cobertos de tendões; depois, de carne; depois, foram revestidos de pele. Finalmente, quando voltaram a ser corpos humanos, foram penetrados pelo Espírito de Deus e voltaram a viver.
         Da mesma forma como as coisas não secam ou morrem em nós de uma hora para outra, assim também elas não voltam a viver de uma hora para outra, sem que haja, da nossa parte, a firme decisão de reconduzir o nosso coração para Deus e de obedecermos àquilo que a sua Palavra nos ensina, deixando-nos conduzir pelo seu Espírito, até que a vida da nossa família seja reconstruída. Quem tem pressa, quem procura por soluções mágicas, quem deseja respostas fáceis, quem quer colocar tudo nas mãos de Deus e não colocar nada da sua parte para que as mudanças aconteçam, nunca vai ver seus ossos secos voltarem a viver.
             Pe. Paulo Cezar Mazzi

Nenhum comentário:

Postar um comentário