Missa
do 19º. dom. comum. Palavra de Deus: 1Reis 19,4-8; Efésios 4,30–5,2; João
6,41-51.
“Agora basta, Senhor!” (1Rs 19,4).
Chega! Chega de continuar a lutar pelo meu casamento! Chega de tentar
inutilmente recuperar o meu filho das drogas! Chega de me esforçar para ser uma
pessoa melhor! Chega de tentar Te buscar na minha oração! Chega de acreditar
que as coisas podem ser diferentes! Chega de me esforçar por melhorar meu
ambiente de trabalho, meu relacionamento com as pessoas! Chega de ajudar quem
precisa! Chega de trabalhar e sofrer por Tua Igreja! Basta, Senhor! Basta de
procurar ser fiel, ser honesto, nadar contra a correnteza, procurar andar na
justiça e na santidade. Basta, Senhor! Eu me entrego ao desânimo. Eu jogo a
toalha.
Quantas vezes esta sincera oração de
Elias tem sido a nossa? Cada vez mais temos visto homens e mulheres entregar-se
ao desânimo, abrir mão dos seus valores, dos seus ideais, e desistir: desistir
de sua família; desistir de buscar a Deus; desistir da vida; desistir de si
mesmos. Como Elias, são homens e mulheres tombando no chão e adormecendo. Quem
sabe quando acordarem, os problemas terão se resolvido por si mesmos! Quem sabe
quando acordarem, estarão na outra Vida, no Paraíso, na Eternidade!
Deus compreende o nosso cansaço e
conhece os nossos limites. Mas Ele não se coloca junto a nós para nos carregar
no colo, e sim para nos sacudir do nosso desânimo e nos dizer: “Levanta-te e
come!” (1Rs 19,5). Ele nos oferece Sua ajuda, providenciando os recursos de que
precisamos para que continuemos o nosso caminho: “Levanta-te e come! Ainda tens
um longo caminho a percorrer” (1Rs 19,7). Sua luta ainda não terminou. Seu
caminho ainda não foi concluído. Seus recursos não se esgotaram, como você
imagina. Eu não chamei você à vida para parar no meio do caminho, mas para
chegar até o fim, e o fim é o seu encontro comigo, o seu Deus, o seu Pai, o seu
Senhor, Aquele que lhe confiou uma missão e sabe que você tem como realizá-la.
“Elias levantou-se, comeu e bebeu, e
com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites – símbolo da
duração de uma vida – até chegar ao Horeb, o monte de Deus” (1Rs 19,8). Você
não vai concluir o seu caminho, vencer a sua luta e alcançar o seu ideal
apoiando-se unicamente na sua força humana. Só com a força do alimento que Deus
lhe dá é que isso é possível. Então, pergunte-se: da mesma forma como eu
preciso me alimentar todos os dias, também procuro me alimentar de Deus todos
os dias, por meio da oração, da meditação da Sua Palavra e da comunhão com a Eucaristia?
O
evangelho de hoje nos fala das pessoas que iniciam um caminho de fé na direção
de Jesus e depois param. Como Jesus interpreta isso? Ele diz: “Ninguém pode vir
a mim (crer em mim) se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no
último dia... Aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído vem a mim (crê
em mim)” (Jo 6,44-45). Por que não são todos os que creem? Por que não são
todos os que concluem o seu caminho de fé? Jesus diz que a fé não é um
resultado matemático do tipo 2+2=4: se você oferecer isso e mais aquilo à
pessoa, ela vai se abrir para a fé. Fé é mistério, é um dom que o Pai concede à
pessoa. Só o Pai conhece o coração humano. Só o Pai conhece o mistério que cada
pessoa é. Só o Pai pode atrair alguém para o seu Filho.
Talvez você conclua, então: ‘Se é
assim, vou continuar a cuidar da minha vida, e o dia em que o Pai quiser que eu
creia em seu Filho Jesus, Ele que desperte em mim essa força de atração chamada
fé’. Mas Jesus também disse: “Aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído
vem a mim (crê em mim)” (Jo 6,45). A questão é: você tem escutado o Pai lhe
falar por meio dos acontecimentos e nos pequenos momentos em que você se
permite ouvir a sua consciência? Você se
deixa instruir pelo Pai? Você alimenta em si valores que te atraem, que te
aproximam do Pai e de seu Filho Jesus, ou tem alimentado contra-valores que te
atraem para o oposto, afastando você do Pai e de seu Filho Jesus?
Nesse
dia dos pais e nessa abertura da Semana da Família oramos pelos pais que se
encontram caídos por terra, desanimados, pais que desistiram de lutar por si
mesmos e pelos seus ideais, pais que deixaram de sentir-se atraídos por Deus e
hoje são atraídos por situações que os afastam mais e mais da Vida que só pode
ser encontrada na comunhão com Deus. Oramos também pelos que não abandonaram
seu caminho de fé, mas que têm procurado percorrê-lo alimentando-se de Deus
todos os dias, para que, levando consigo suas famílias, possam chegar com elas
até o monte de Deus. Oramos por nossas famílias a fim de que tenham o espaço
diário necessário para escutar o Pai, deixar-se instruir por Ele e fortaleça
seu vínculo de fé com Jesus Cristo, no qual encontramos já agora a vida eterna
e em nosso último dia, a ressurreição.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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