quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

RÁPIDOS EM CRITICAR OS OUTROS, MAS NUNCA DISPOSTOS A FAZER AUTOCRÍTICA



Missa do 8º. Dom. comum. Palavra de Deus: Eclesiástico 27,5-8; 1Coríntios 15,54-58; Lucas 6,39-45.

            O livro do Eclesiástico faz quatro afirmações sobre o falar: “Os defeitos de um homem aparecem no seu falar” (Eclo 27,5); “O homem é provado em sua conversa” (Eclo 27,6); “A palavra mostra o coração do homem” (Eclo 27,7); “É no falar que o homem se revela” (Eclo 27,8).

            Nossas palavras sempre produzem algo. Elas podem levantar muros, causando distanciamento, separação entre as pessoas; ou podem construir pontes, favorecendo o diálogo, o perdão e a reconciliação. O nosso grande problema hoje não reside tanto nas palavras que saem da nossa boca, mas nas palavras que comunicamos nas redes sociais. Aquilo que postamos pode destruir a imagem de uma pessoa, como pode também salvar uma pessoa da autodestruição. Por isso, antes de publicarmos alguma coisa em nossas redes sociais, devemos nos perguntar: Isso que eu vou postar é verdade ou mentira? Minhas postagens favorecem a fraternidade ou o ódio entre as pessoas? Eu costumo contribuir com a disseminação de fake news e desinformação?

              Se o Eclesiástico afirma que “a palavra mostra o coração do homem” (Eclo 27,7), Jesus explica que a “boca fala do que o coração está cheio” (Lc 6,45). Quem tem o coração ingrato vai sempre reclamar e murmurar. Quem não resolveu seu sentimento de inferioridade vai sempre procurar diminuir os outros e afirmar a si mesmo, de forma autoritária. Quem não enfrenta seus conflitos internos vai sempre despejar sobre os outros palavras grosseiras e ofensivas. Quem não quer enfrentar a verdade vai sempre falar demais, para tentar convencer os outros a respeito da sua própria mentira. Quem busca sempre ganhar o afeto dos outros nunca vai dizer “não”, e vai acabar se sobrecarregando e adoecendo.    

            Antes de uma palavra sair da nossa boca, ela deveria passar pela nossa consciência: O que eu vou falar ou postar vai favorecer o bem ou o mal? Vai edificar ou destruir? Além disso, aquilo que eu falo é uma convicção do meu coração ou um simples repassar para os outros aquilo que eu recebi de algum guia cego? Jesus pergunta: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” (Lc 6,39). A Internet está cheia de guias cegos, de motivadores ou orientadores que oferecem receita para tudo: campo financeiro, afetivo, sexual, profissional e espiritual. Só caem no mesmo buraco em que esses guias cegos se encontram quem tem preguiça de pensar, de pesquisar, de ler e de estudar.

            Jesus também nos alerta a respeito dos caçadores de ciscos, que fazem vista grossa às traves de seus próprios olhos: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6,41.42). É sempre mais fácil para nós enxergar os erros das pessoas do que os nossos próprios erros. Somos rápidos em criticar os outros, mas quase nunca dispostos a fazer uma séria autocrítica. Ao lembrar que existe uma trave em nosso próprio olho, Jesus nos ensina que todo julgamento nosso sobre determinada pessoa é um julgamento míope: não enxergamos nela o que Deus vê. Além disso, precisamos estar conscientes de que os defeitos que mais detestamos nos outros são, normalmente, aqueles que não suportamos em nós mesmos.

            Para quem gosta de justificar os seus erros culpando o ambiente, o mundo, os tempos atuais, Jesus nos lembra que a questão é interna e não externa. Ainda que sejamos de alguma forma influenciados pela cultura do nosso tempo, somos nós quem decidimos qual atitude adotar diante das pessoas e dos acontecimentos. Há um espaço dentro de nós que está unicamente sob a nossa responsabilidade: o nosso coração. Se ele é bom, de nós sempre sairá o bem; se ele é mau, de nós sempre sairá o mal. Se ele está azedo ou envenenado, de nossa boca só sairá azedume e veneno; se ele está reconciliado e pacificado, de nossa boca só sairá o que favorece a reconciliação e a pacificação.    

        Uma advertência final: “A língua, ninguém consegue domá-la; é mal irrequieto e está cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela maldizemos os homens feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca provém bênção e maldição. Ora, tal não deve acontecer, meus irmãos. Porventura uma fonte jorra água doce e água salgada?” (Tg 3,8-11).     

 

            Pe. Paulo Cezar Mazzi

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

REAGIR INSTINTIVAMENTE OU DECIDIR AGIR ESPIRITUALMENTE?

 Missa do 7º dom. comum. Palavra de Deus: 1Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23; 1Coríntios 15,45-49; Lucas 6,27-38

                

            Ninguém duvida de que o nosso mundo está mais violento. A questão é saber quem admite olhar para dentro de si mesmo e reconhecer a agressividade que o habita. As cenas de violência, que chegam a nós por meio das telas (TV, computador, celular), se tornaram o recheio do pão nosso de cada dia, e já é consenso que a violência concentrada nos filmes, seriados e novelas não só insensibiliza as pessoas para os dramas reais do cotidiano, como também estimula jovens e crianças a reagirem com agressividade. Para as crianças de hoje, a violência é o principal tipo de entretenimento (jogos de vídeo game!!!). Além disso, boa parte dos filmes que assistimos contém uma ação violenta para cada 5 minutos de filme. 

            Atualmente, a violência que antes só era encontrada nas ruas das cidades grandes, agora mora onde nunca deveria morar: dentro das famílias, das escolas, dos locais de trabalho e das igrejas. Deixamos de ver o outro como nosso irmão e passamos a vê-lo como um monstro a ser destruído. Influenciados pelas redes sociais, nós respiramos ódio como se fosse o ar do nosso dia a dia. Usamos nossas redes sociais para destruir a imagem de pessoas em troca de algumas curtidas. Resumindo, reclamamos de uma violência que nós mesmos ajudamos a criar e a manter viva.  

            O texto bíblico da primeira leitura nos coloca diante de Davi, um homem segundo o coração de Deus. Perseguido de morte pelo rei Saul, Davi e seus homens se encontram acidentalmente com Saul e seu exército dormindo! Esse encontro acidental é interpretado erroneamente por Abisai como providência de Deus, que diz a Davi: “Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lançada, e não será́ preciso repetir o golpe” (1Sm 26,8). Mas Davi não quis matar Saul; apenas pegou sua espada e sua bilha de água, as quais estavam próximas da sua cabeça, e se afastou, para deixar claro a Saul que, se quisesse, poderia tê-lo matado, mas não o fez.

            Davi age como um homem celeste, e não como um homem terrestre, usando a linguagem do apóstolo Paulo, na segunda leitura. Enquanto o homem terrestre se deixa arrastar pelos seus instintos, o homem celeste submete seus instintos à sua consciência, procurando agir a partir dos seus valores espirituais. O mais interessante é a insistência do texto no fato de que “ninguém viu” o que Davi fez: “Ninguém os viu, ninguém se deu conta de nada, ninguém despertou” (1Sm 26,12). Quando ninguém te vê, suas atitudes são as mesmas de quando você está sendo observado? Se a vida te desse a chance de destruir quem te faz mal ou te prejudica, o que você faria? Davi não matou Saul porque tinha uma convicção: “O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade” (1Sm 26,23). Você tem essa convicção?

            Embora Davi seja para nós um exemplo edificante, cada um de nós é chamado a se configurar não a Davi, mas a Jesus Cristo, o verdadeiro homem celeste. E Jesus nos lança um sério desafio: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6,27-28). “Amem”, “façam o bem”, abençoem”, “rezem”! Em outras palavras, que as atitudes de vocês não sejam guiadas pelos seus instintos, mas pelo meu Espírito que habita em vocês. Comportem-se como cristãos, como pessoas ungidas pelo Espírito do meu Pai, e não como pagãos!

No fundo, as palavras de Jesus no Evangelho de hoje, são um questionamento para cada um de nós: você se comporta como um filho de Caim ou como um filho de Deus? Ao refletir sobre o fato de Caim ter matado seu próprio irmão, o apóstolo João afirma: “Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (1Jo 3,15). Cultivar ódio nos faz filhos de Caim e não filhos de Deus. Jesus nos revela o que significa ser filho de Deus: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,35-36).

Não nos esqueçamos: odiar é uma reação meramente instintiva, própria do homem terrestre; amar é uma decisão espiritual, própria do homem celeste. Além disso, estejamos atentos ao estresse e à sobrecarga do dia a dia: eles favorecem o aumento da irritabilidade e nos fazem ter reações desproporcionais.

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi  

Sugestão de vídeo: A estupidez humana.

https://www.youtube.com/watch?v=C-LsAk1yzyo




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

EM QUEM OU NO QUE EU COLOCO A MINHA ESPERANÇA?

 Missa do 6º dom. comum. Palavra de Deus: Jeremias 17,5-8; 1Coríntios 15,12.16-20; Lucas 6,17.20-26.

 

            Quantos tipos de pessoa existem no mundo? Segundo a mentalidade bíblica, apenas dois: a pessoa que faz do ser humano o seu apoio e a pessoa que escolhe Deus como apoio. Embora sejam totalmente contrários um ao outro, os dois tipos nos revelam uma verdade: nenhum ser humano é autossuficiente. Toda pessoa precisa apoiar-se em algo ou em alguém maior e mais forte do que ela, para sobreviver. A questão, portanto, não é se nós precisamos ou não de um apoio na vida, mas quem ou o que escolhemos como apoio. Segundo o profeta Jeremias e o salmista, o apoio que escolhemos influencia o nosso presente; segundo Jesus, ele influencia também o nosso futuro.

            Para o profeta Jeremias, ou o ser humano se apoia num outro ser humano ou se apoia em Deus, e a diferença é perceptível: aquele que “faz consistir a sua força na carne humana” é um infeliz, e essa infelicidade está retratada numa imagem: um cardo seco no deserto, que prefere vegetar na secura e na solidão do deserto em que se encontra. Já a pessoa “cuja esperança é o Senhor, é como uma árvore plantada junto às águas” (Jr 17,7-8). Mesmo que as circunstâncias à sua volta não sejam favoráveis (calor, aridez, seca), “sua folhagem mantém-se verde” e ela “nunca deixa de dar frutos” (Jr 17,8).

            Fazer do Senhor nossa esperança é a única forma de não murcharmos, de não secarmos por dentro, principalmente quando as circunstâncias externas não são favoráveis. Fazer do Senhor nossa esperança significa direcionar nossas raízes para Ele, “fonte de água viva” (Jr 2,13). Essa verdade é confirmada pelo Salmo 1: a pessoa que se confia ao Senhor, isto é, que faz d’Ele o seu apoio, “é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas irão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar” (Sl 1,3). Raiz tem a ver com profundidade e também com “escondimento”. É o contrário da superficialidade e da exposição nas redes sociais, em busca de reconhecimento. 

            O que nos chama a atenção no Salmo 1 são as consequências para a vida da pessoa que não tem suas raízes em Deus: ela se torna como a “palha seca espalhada e dispersada pelo vento” (Sl 1,4). É a imagem da desorientação, de quem hoje está seguindo um formador de opinião, amanhã outro e depois de amanhã um outro ainda, e assim por diante. É um cego sendo guiado por outro cego, uma pessoa arrastada pelas circunstâncias, que, por não se responsabilizar por sua própria vida, vive culpando o mundo por sua infelicidade.

            Enquanto o profeta Jeremias e o salmista falam do presente, Jesus aponta para o futuro. Esperança tem a ver com futuro, e o nosso futuro é preparado a partir das escolhas que fazemos no presente. Se a pessoa que faz consistir sua esperança num outro ser humano e aquela que faz do Senhor sua esperança são totalmente contrapostas, Jesus revela essa contraposição a partir das seguintes expressões: “Felizes os pobres” / “Ai de vós, ricos”. “Felizes os que passam fome” / “Ai de vós que agora tendes fartura”; “Felizes os que choram” / “Ai de vós que agora rides”; “Felizes os que são odiados por minha causa” / “Ai de vós que sois elogiados”.  

            Ao fazer essa inversão da ideia de felicidade que nós temos, Jesus quer nos tornar conscientes da inversão de valores em que vivemos. Além disso, precisamos ter claro que o Evangelho não é um livro de autoajuda e Jesus não é um motivador que nos ensina como obter sucesso na vida. Todo pregador que asperge água benta sobre as injustiças sociais e se mantém distante das pessoas que sofrem por causa das desigualdades sociais é um falso profeta; é um pregador mundano, que distorce a Palavra de Deus para legitimar uma felicidade mundana e egoísta, que não só se mantém indiferente à dor de quem sofre, mas que é mantida justamente à custa dos que sofrem.  

            Trazendo para o nosso hoje o ensinamento de Jesus, fica claro que “Deus quer que tenhamos o necessário para viver dignamente; mas não quer que guardemos para nosso uso exclusivo os bens que pertencem a todos. Deus quer ver-nos caminhar sem privações e sem carências; mas não quer que adoremos o dinheiro e que sejamos escravos de coisas que são meramente acessórias. Deus quer que tenhamos conforto e bem-estar; mas não quer que ignoremos a miséria e a indigência em que vive uma parcela da humanidade” (Liturgia Dehonianos).  

            Assim como Jesus, o apóstolo Paulo também nos faz um alerta a respeito da nossa compreensão do que seja a esperança: “Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão” (1Cor 15,19). Fazer de Deus nossa esperança tendo como objetivo estar entre os “vencedores” deste mundo é assinar um atestado de ignorância em relação à Sagrada Escritura como um todo e, principalmente, em relação ao Evangelho. Tanto o Pai quanto o Filho escolheram estar entre os “perdedores” deste mundo, entre aqueles que o mercado exclui para garantir a sua fome insaciável de lucro, ainda que à custa da desumanização dos mais fracos.

Cada um de nós precisa decidir onde colocar suas raízes, ou seja, onde apoiar-se, no que depositar a sua esperança.

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi   

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

PARA QUAIS ÁGUAS PROFUNDAS ESTOU SENDO CHAMADO(A)?

 Missa do 5º. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 6,1-2a.3-8; 1Coríntios 15,1-11; Lucas 5,1-11.

 

            “Nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos” (Lc 5,5). Todos nós fazemos, vez ou outra, a experiência do fracasso. Todos nós sabemos da angústia de ter nossas redes vazias. Se pescar é, para a maioria de nós lazer, distração, para Simão e André, Tiago e João, era uma questão de sobrevivência. Portanto, trabalhar a noite inteira e nada pescar é desesperador: Como sobreviver? Como sustentar a família? Como pagar as contas?

            O Evangelho de hoje nos ensina que a única forma que temos de não entrar em desespero é ouvir a Palavra de Jesus e nos orientar por ela. De fato, a centralidade do nosso texto está na importância da Palavra: “A multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus” (Lc 5,1). Jesus “sentou-se e, da barca, ensinava as multidões” (Lc 5,3). Simão respondeu a Jesus: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,7). E o que a Palavra de Jesus nos diz hoje? “Avance para águas mais profundas” (Lc 5,4). ‘Volte para o lugar do seu fracasso e mude sua maneira de lidar com ele’.

“Avance para águas mais profundas” (Lc 5,4). Nossa geração não tem tempo, nem paciência, para aprofundar nada. O excesso de informações e de tarefas (cobranças externas) nos impede de sermos profundos naquilo que fazemos, e, sem profundidade, o resultado é o fracasso. Só pode haver mudança quando tomamos a decisão de sermos profundos na relação com as pessoas e, sobretudo, em nossa vida de oração. Os peixes estão no mar, mas não na margem, não nas águas superficiais, e sim nas águas profundas! A verdade não é que “o mar não está pra peixe”; a verdade é que “é preciso pescar diferente”; é preciso nos orientar pela Palavra de Deus e obedecê-la mesmo quando nos parece absurdo fazer o que Deus está nos dizendo.

            Tanto no trabalho de evangelização quanto na vida relacional e profissional, nós nos tornamos pessoas mais preocupadas com os resultados do que com a obediência à Palavra do Senhor que nos diz: “Não tenha medo” (Lc 5,10). Ao invés de nos lançarmos na aventura de enfrentar o mar da vida, nós vamos em busca de algum “pesque-pague” que nos garanta pescar peixes graúdos em abundância. Ao invés de nos entregarmos ao desânimo, nossas redes vazias precisam nos questionar sobre a forma como fazemos as coisas e nos alertar para o perigo de nos omitirmos diante da missão que somos.

            “De hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lc 5,10). Se queremos entender essa expressão de Jesus – “pescador de homens” – precisamos levar em conta que o mar, na Bíblia, simboliza as forças do mal, perante as quais o ser humano se sente impotente. “Pescar homens” significa resgatar as pessoas de situações de adoecimento, de destruição e de morte. Não tem sentido nós, enquanto Igreja, enquanto barca de Jesus, ficarmos acomodados numa pastoral estilo “pesque-pague”, enquanto inúmeras pessoas estão se afogando no mar da destruição. O lugar da barca da Igreja é nas águas profundas e não na margem do distanciamento de quem está sendo atacado, ferido e destruído pelo mal.

            Hoje Deus pergunta à nossa assembleia reunida o mesmo que perguntou durante o culto do qual participava Isaías: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” (Is 6,8). Quem enviarei para resgatar das águas profundas da morte as pessoas que estão se afogando? Quem enviarei para junto das famílias desestruturadas, das crianças, adolescentes e jovens que estão se afogando no erro, na mentira, no vício, enquanto navegam na Internet? Quem enviarei para junto das pessoas que estão afundando na bebida, nas drogas, nas dívidas e numa vida sem sentido? Que tenhamos a coragem de nos deixar tocar por essa pergunta e responder como Isaías: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8).   

            Sugestão de oração pessoal diante da Palavra: “Canção de Pedro” (Banda Dom).

https://br.video.search.yahoo.com/search/video?fr=mcafee&p=can%C3%A7%C3%A3o+de+pedro+banda+dom&type=E210BR91199G0#id=1&vid=8080d9008eb54a0997ee575d56f317be&action=click

 

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

 

 

                Alguns acréscimos para a meditação do Evangelho (Colaboração do site dos Dehonianos):

 

1.      Nossa paróquia/comunidade, neste agitado séc. XXI, é um espaço privilegiado onde a voz de Jesus ecoa no mundo para consolar, para animar, para curar, para apontar caminhos, para dar vida? No meio do rugido das tempestades que o mundo enfrenta, fazemos tudo o que podemos para tornar perceptível, para os nossos irmãos e irmãs que esperam “nas margens”, a voz de Jesus?

2.      Como estamos desenvolvendo nossa ação pastoral? O nosso trabalho está dando resultado? Quando desenhamos os nossos projetos pastorais e elaboramos os nossos organogramas paroquiais, temos em conta as orientações que Jesus nos oferece, ou fazemos as coisas de acordo com os nossos critérios pessoais e as nossas visões estreitas? Acolhemos as propostas de Jesus, mesmo quando elas nos parecem ilógicas, irracionais, pouco modernas, à luz da nossa compreensão das coisas ou dos valores rasteiros dos fazedores de opinião que ditam a moda? Gastamos mais tempo nas nossas reuniões de programação e nas nossas discussões estéreis, ou a escutar o Evangelho que Jesus nos propõe? Confiamos plenamente em Jesus e na sua Palavra?