quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

PARA QUAIS ÁGUAS PROFUNDAS ESTOU SENDO CHAMADO(A)?

 Missa do 5º. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 6,1-2a.3-8; 1Coríntios 15,1-11; Lucas 5,1-11.

 

            “Nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos” (Lc 5,5). Todos nós fazemos, vez ou outra, a experiência do fracasso. Todos nós sabemos da angústia de ter nossas redes vazias. Se pescar é, para a maioria de nós lazer, distração, para Simão e André, Tiago e João, era uma questão de sobrevivência. Portanto, trabalhar a noite inteira e nada pescar é desesperador: Como sobreviver? Como sustentar a família? Como pagar as contas?

            O Evangelho de hoje nos ensina que a única forma que temos de não entrar em desespero é ouvir a Palavra de Jesus e nos orientar por ela. De fato, a centralidade do nosso texto está na importância da Palavra: “A multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus” (Lc 5,1). Jesus “sentou-se e, da barca, ensinava as multidões” (Lc 5,3). Simão respondeu a Jesus: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,7). E o que a Palavra de Jesus nos diz hoje? “Avance para águas mais profundas” (Lc 5,4). ‘Volte para o lugar do seu fracasso e mude sua maneira de lidar com ele’.

“Avance para águas mais profundas” (Lc 5,4). Nossa geração não tem tempo, nem paciência, para aprofundar nada. O excesso de informações e de tarefas (cobranças externas) nos impede de sermos profundos naquilo que fazemos, e, sem profundidade, o resultado é o fracasso. Só pode haver mudança quando tomamos a decisão de sermos profundos na relação com as pessoas e, sobretudo, em nossa vida de oração. Os peixes estão no mar, mas não na margem, não nas águas superficiais, e sim nas águas profundas! A verdade não é que “o mar não está pra peixe”; a verdade é que “é preciso pescar diferente”; é preciso nos orientar pela Palavra de Deus e obedecê-la mesmo quando nos parece absurdo fazer o que Deus está nos dizendo.

            Tanto no trabalho de evangelização quanto na vida relacional e profissional, nós nos tornamos pessoas mais preocupadas com os resultados do que com a obediência à Palavra do Senhor que nos diz: “Não tenha medo” (Lc 5,10). Ao invés de nos lançarmos na aventura de enfrentar o mar da vida, nós vamos em busca de algum “pesque-pague” que nos garanta pescar peixes graúdos em abundância. Ao invés de nos entregarmos ao desânimo, nossas redes vazias precisam nos questionar sobre a forma como fazemos as coisas e nos alertar para o perigo de nos omitirmos diante da missão que somos.

            “De hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lc 5,10). Se queremos entender essa expressão de Jesus – “pescador de homens” – precisamos levar em conta que o mar, na Bíblia, simboliza as forças do mal, perante as quais o ser humano se sente impotente. “Pescar homens” significa resgatar as pessoas de situações de adoecimento, de destruição e de morte. Não tem sentido nós, enquanto Igreja, enquanto barca de Jesus, ficarmos acomodados numa pastoral estilo “pesque-pague”, enquanto inúmeras pessoas estão se afogando no mar da destruição. O lugar da barca da Igreja é nas águas profundas e não na margem do distanciamento de quem está sendo atacado, ferido e destruído pelo mal.

            Hoje Deus pergunta à nossa assembleia reunida o mesmo que perguntou durante o culto do qual participava Isaías: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” (Is 6,8). Quem enviarei para resgatar das águas profundas da morte as pessoas que estão se afogando? Quem enviarei para junto das famílias desestruturadas, das crianças, adolescentes e jovens que estão se afogando no erro, na mentira, no vício, enquanto navegam na Internet? Quem enviarei para junto das pessoas que estão afundando na bebida, nas drogas, nas dívidas e numa vida sem sentido? Que tenhamos a coragem de nos deixar tocar por essa pergunta e responder como Isaías: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8).   

            Sugestão de oração pessoal diante da Palavra: “Canção de Pedro” (Banda Dom).

https://br.video.search.yahoo.com/search/video?fr=mcafee&p=can%C3%A7%C3%A3o+de+pedro+banda+dom&type=E210BR91199G0#id=1&vid=8080d9008eb54a0997ee575d56f317be&action=click

 

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

 

 

                Alguns acréscimos para a meditação do Evangelho (Colaboração do site dos Dehonianos):

 

1.      Nossa paróquia/comunidade, neste agitado séc. XXI, é um espaço privilegiado onde a voz de Jesus ecoa no mundo para consolar, para animar, para curar, para apontar caminhos, para dar vida? No meio do rugido das tempestades que o mundo enfrenta, fazemos tudo o que podemos para tornar perceptível, para os nossos irmãos e irmãs que esperam “nas margens”, a voz de Jesus?

2.      Como estamos desenvolvendo nossa ação pastoral? O nosso trabalho está dando resultado? Quando desenhamos os nossos projetos pastorais e elaboramos os nossos organogramas paroquiais, temos em conta as orientações que Jesus nos oferece, ou fazemos as coisas de acordo com os nossos critérios pessoais e as nossas visões estreitas? Acolhemos as propostas de Jesus, mesmo quando elas nos parecem ilógicas, irracionais, pouco modernas, à luz da nossa compreensão das coisas ou dos valores rasteiros dos fazedores de opinião que ditam a moda? Gastamos mais tempo nas nossas reuniões de programação e nas nossas discussões estéreis, ou a escutar o Evangelho que Jesus nos propõe? Confiamos plenamente em Jesus e na sua Palavra?

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