quarta-feira, 25 de maio de 2022

SUA EXISTÊNCIA TEM UMA FINALIDADE?

 Missa da Ascensão de Jesus ao céu. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Lucas 24,46-53.

 

            Toda vida um dia terá o seu fim na terra. Toda vida biológica termina na morte. Mas, depois que Cristo morreu, ressuscitou, subiu aos céus e se assentou à direita do Pai, nós pudemos compreender que, muito mais do que um fim, a nossa vida tem uma finalidade: o Pai. Ao celebrarmos a subida de Jesus ao céu, recordamos que também nós “somos cidadãos do céu: de lá aguardamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará o nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,20-21).

A subida de Jesus ao céu revela que a finalidade da nossa existência é chegar ao Pai, estar na glória junto com Cristo, contemplar a Deus face a face, estar em comunhão definitiva com Deus, experimentar a remoção definitiva da morte, ter as nossas lágrimas enxugadas, os nossos sofrimentos cancelados e receber a recompensa pelos nossos esforços em vivermos segundo o Evangelho. A subida de Jesus ao céu não é apenas a sua glorificação, mas a garantia de que também nós estamos destinados à glorificação (cf. Rm 8,17). Ela é a “esperança à qual fomos chamados” (Ef 1,18); é o reconhecimento do Pai pela vida de todo filho Seu feita doação em favor da salvação da humanidade.

Alguém poderia cair no erro de achar que Jesus, ao subir ao céu, distanciou-se de nós, afastando-se dos dramas que marcam a história humana. Mas não! Ele entrou no céu “por nós” (Hb 6,20), “a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24); Ele está junto do Pai como nosso advogado (cf. 1Jo 2,1), defendendo-nos da condenação causada pelos nossos pecados. Estando à direita do Pai, Jesus recebeu o poder sobre toda autoridade e força que se impõem a nós, seres humanos, na face da terra, sejam eles humanos ou espirituais. O Pai submeteu tudo ao poder redentor e libertador de seu Filho.

Jesus, a Cabeça da Igreja, está no céu, e nós, membros do seu Corpo, estamos na terra, mas não sozinhos, muito menos abandonados. Antes de subir ao céu, Jesus prometeu nos revestir da força do alto, que é o Espírito Santo: “Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49). O Espírito Santo nos foi dado para nos animar a partir de dentro, para nos sustentar, para testemunhar que não somos órfãos, mas filhos de Deus Pai, homens e mulheres redimidos na cruz de Cristo e destinados à glória do céu.

Além de nos ajudar em nossa caminhada de fé, o Espírito Santo nos foi dado em vista de uma tarefa, de uma missão, que é levar as pessoas a conhecerem Jesus: “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8). De cada três pessoas na face da terra, apenas uma foi alcançada pelo Evangelho de nosso Senhor. Além disso, muitos que um dia conheceram Jesus esfriaram na sua fé e deixaram de segui-Lo. Nossa tarefa é anunciar Jesus Cristo principalmente aonde o Evangelho ainda não chegou, ou aonde ele foi esquecido, ou deixou de encantar, de alimentar a esperança no coração humano.

Por falar em esperança, a celebração de hoje precisa nos questionar quanto às nossas atitudes: se somos de fato cidadãos do céu ou se nos tornamos homens e mulheres mundanos, pessoas que perderam a consciência de que sua vida tem uma finalidade. “Quem não faz nada para mudar este mundo, não crê em um mundo melhor. Quem não faz nada para eliminar a violência, não crê numa sociedade fraterna. Quem não luta contra a injustiça, não crê em um mundo mais justo. Quem não trabalha para libertar o ser humano do sofrimento, não crê em um mundo novo e feliz. Quem não faz nada para mudar e transformar nossa terra, não crê no céu” (Pe. José Antonio Pagola).

Não nos esqueçamos de que, no momento em que Jesus subiu ao céu, Ele nos deu a sua bênção, para podermos ser uma bênção para os outros, como Ele o foi: “Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu” (Lc 24,50-51). Não inutilizemos a bênção que recebemos! Não nos esqueçamos também de que, no momento da subida de Jesus ao céu, nós recebemos a promessa do seu retorno: “Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Como o próprio Jesus afirma no livro do Apocalipse: “Eis que eu venho em breve, e trago comigo o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho” (Ap 22,12). 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

2 comentários:

  1. muito obrigado Pe. Paulo, por suas excelentes e existenciais reflexões.

    ResponderExcluir
  2. Por nada, caro irmão! Deus o abençoe e fortaleça! Abraço.

    ResponderExcluir